quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

The Cremator (Spalovac Mrtvol) 1969

 

Os filmes da Nova Vaga Checa são simultaneamente acessíveis, experimentais e incisivos - desde o devastador "Closely Watched Trains", à confrontação política e sexual de "Daisies".
"The Cremator" é um filme profundamente perturbador que examina, como e porquê, as pessoas aderam ao totalitarismo e ao genocídio, tema que, infelizmente, é tão oportuno hoje como era em 1968. Conta-nos a história de Roman, um homem de família que dirige um crematório no final dos anos 30. Apesar da sua herança austríaca, Roman imagina-se um homem Checo de cultura refinada, cativado pela música clássica  guardando como um tesouro uma cópia de um livro sobre budismo tibetano. No fundo, Roman é um empresário e um bajulador, preocupado com a sua posição na sociedade e como é visto pelos seus vizinhos. Obcecado pela limpeza, vai ao médico de cada vez que faz uma visita a um bordel, mas, quando se encontra com ele diz que tem sido fiel à sua esposa. Como os nazis começam a chegar ao poder, o cremador reavalia a sua relação situação com tudo o que alegou para se manter próximo aos detentores do poder - embora a sua esposa seja meio judia, e os filhos 1/4 de judeus. Logo, o inconcebível torna-se realidade, como o cremador a cometer actos abomináveis ​​e racionalizados através de uma leitura errada dos princípios budistas.
O realizador Juraj Herz emprega o vocabulário visual dos filmes de terror e do Expressionismo Alemão - a fraca iluminação, as figuras espectrais, as exposições duplas, etc (A semelhança entre os actores Rudolf Hrusínský e Peter Lorre dificilmente poderiam ser uma coincidência.) Não obstante estas influências óbvias, aa imagens de Herz têm um olhar muito próprio, alternando entre closeups distorcidos e deslumbrantes, meticulosamente compostos por grandes ângulos de câmera.
No entanto, a montagem intencionalmente rápida e dissonante, é mais parecida com a de Sergei Eisenstein do que com a de Mario Bava. Herz utiliza técnicas de montagem ao longo do filme, mais obviamente quando insere cenas de arte clássica como comentário sobre a narrativa. Para continuar a deslumbrar a audiência, Herz também insere regularmente, closeups extremos de várias partes do corpo das personagens. Em paralelo, a fotografia assustadora e a montagem incomum mantêm o espetador profundamente perturbado ao longo do filme.
Herz também é adepto de preencher cada cena contando os pequenos detalhes. Por exemplo, o personagem principal exibe toda a sua natureza controladora através do hábito de agarrar as pessoas pela parte traseira dos seus pescoços. Da mesma forma, o artifício de um "casino" nazi que o cremador visita é exemplificado pelas loiras não naturais branqueadas que o povoam. 
Estes estão longe de ser os únicos truques estilísticos de Herz. Para começar, o filme apresenta uma sequência de animação que antecipa o início dos trabalhos de Terry Gilliam. Além disso, a peça central do filme é uma viagem pela família do cremador para um carnaval de horrores, que fornece a Herz a oportunidade de se envolver em todos os tipos de visuais. 
Foi premiado com três prémios no festival de Sitgés: Melhor Filme, Actor e Fotografia.

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