Mostrar mensagens com a etiqueta Alan Arkin. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Alan Arkin. Mostrar todas as mensagens

domingo, 13 de novembro de 2016

Capítulo 4 - Drama

Bird - Fim do Sonho (Bird) 1988
"Bird" evoca a figura genial e trágica do saxofonista Charlie Parker (1920-1955), um exemplo superior dessa sua atitude criativa. A história de Charlie Parker é indissociável do seu protagonismo na criação do chamado som “bebop”. Não admira, por isso, que algumas das personagens marcantes do filme de Eastwood se chamem Red Rodney ou Dizzy Gillispie. Em todo o caso, "Bird" não é um mero inventário de figuras emblemáticas do jazz — é, acima de tudo, uma viagem pelos fantasmas mais íntimos de Charlie Parker.
No papel de Charlie Parker, Forest Whitaker tem aquela que, a meu ver, continua a ser a melhor composição de toda a sua carreira. E importa não esquecer a sua mulher, Chan Parker, interpretada por uma actriz admirável, infelizmente pouco conhecida — é ela Diane Venora. Entretanto, pode dizer-se que Clint Eastwood continua a ser um cineasta de "todos" os géneros: a sua agilidade temática e expressiva tem-lhe permitido ziguezaguear entre os mais diversos registos, reforçando uma imagem de marca muito pessoal — tal como Charlie Parker no jazz, Eastwood é um dos grandes individualistas do cinema americano.
* Texto de João Lopes.

Gente de Dublin (The Dead) 1987
6 de janeiro de 1904 e Dublin celebra o Dia dos Reis num ambiente de neve. Na casa das irmãs Morgan, Julia (Cathleen Delany) e Kate (Helena Carroll), é oferecida uma ceia a amigos e parentes, incluindo a realização de um encontro musical e poético. Já perto do final da celebração, quando boa parte dos convidados já tinham saído, o barítono Bartell D'Arcy (Frank Patterson) começa a cantar uma música triste, que faz com que Gretta Conroy (Anjelica Huston) se lembre de uma antiga paixão que já faleceu. Surpreso com a mudança de comportamento de sua esposa, Gabriel (Donal McCann) interessa-se pela história.
Passado na Irlanda, durante a viragem do século 19 para o século 20, o filme mostra um jantar em casa de uma família com os seus convidados, onde reminiscências e momentos de melancolia trazem indagações e algumas revelações existenciais.
Baseado num conto do mesmo nome do livro "Dubliners", de James Joyce, foi o derradeiro filme realizado por John Huston, e contava com Anjelica  Huston, a sua filha, no papel de protagonista. O argumento era da autoria de outro filme de Huston, Tony Huston, e esta seria considerada a adaptação mais fiel a contos de Joyce, com apenas algumas alterações para ajudar a sua passagem para o cinema.

Os Amantes de Maria (Maria's Lovers) 1984
1946. O veterano de guerra americano Ivan Bibic (John Savage), que foi um prisioneiro de guerra, sofreu uma crise nervosa que só lhe permitia morrer ou sonhar. Assim, ao regressar para a sua pequena cidade natal, Brownsville, na Pensilvânia, ele só pensa em encontrar o seu sonho: uma refugiada jugoslava, Maria Bosic (Nastassja Kinski), uma amiga de infância que se tornou numa bela mulher. Ele sempre sonhou ter com Maria o casamento perfeito, embora ela seja desejada por outros homens. Ivan diz que sonhou tanto com Maria que ela vive nos seus sonhos, não no seu corpo, e é verdade, pois os sonhos dele não são iguais à realidade. Maria e Ivan casam-se, mas ele descobre que não consegue fazer amor com ela.
Andrei Konchalovsky era um realizador russo bastante bem cotado no cinema do seu país, que entre outras coisas, era amigo e colaborador do lendário Andrei Tarkovsky, estreava-se aqui em território americano. Um filme notável porque marcava a estreia de Konchalovsky em língua inglesa, sendo também um dos primeiros filmes de realizadores russos falados em inglês.
Nastassja Kinski, filha de Klaus Kinski, com apenas 23 anos era já uma das maiores sex symbols dos anos 80 graças a filmes como "Tess", "One From the Heart", "Cat People", "Paris Texas", "The Hotel New Hampshire", entre outros, sendo esta uma das suas maiores explosões de sensualidade.
Para além de John Savage o filme conta ainda com o veterano Robert Mitchum, num dos papéis principais.

Havana (Havana) 1990
Final da década de 1950. Vivem-se tempos turbulentos, e a política de Cuba vive uma violenta fase de transição. A poderosa milícia de Fidel Castro bate de frente com o Exército do país, liderado por Fulgencio Baptista, e toma o poder na capital, Havana. É neste cenário conturbado que Jack (Robert Redford), um jogador norte-americano, chega à bela e destruída cidade para organizar um histórico torneio de póquer. Contundo, durante a viagem, ele conhece a bela Roberta (Lena Olin), uma cubana que rouba o seu coração. Pouco depois de se envolverem, a mulher reencontra o marido, o revolucionário Arturo, e os dois acabam presos e torturados. Jack irá tentar ajudá-los...
Um filme que queria ser o "Casablanca" das Caraíbas. Era o regresso de Sydney Pollack ao cinema depois do seu multi-premiado "Africa Minha", e marcava a sétima colaboração do realizador com Robert Redford. 
Apesar de uma recepção considerável na altura, foi um fracasso comercial, tendo em conta que era uma super-produção americana. 
Raul Julia recusou-se a ser creditado no filme depois de não lhe ter sido dado honras de ter o nome ao lado de Redford e Olin no cartaz do filme. O elenco contava com dois actores nascidos em Cuba, Tomas Milian e Tony Plana, para além dos experientes Alan Arkin e Richard Farnsworth. 

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Salvo por Amor (Little Murders) 1971

Alfred (Elliott Gould) é um fotógrafo neurótico, cujo trabalho é fotografar porcaria de cão. Enquanto caminha pela cidade, com a cabeça continuamente apontada para baixo, focando a sua perspectiva sobre a calçada. Esta é, para ele, a única reação possível a um mundo podre, pelo menos até conhecer Patsy (Marcia Rodd) que o resgata de um assalto na cena de abertura, e depois fica enraivecida quando ele simplesmente se afasta, desinteressado, deixando-a à mercê de ela própria ser assaltada. Naturalmente, é o nascimento de um romance, principalmente porque Patsy não é capaz de tolerar alguém tão cínico como Alfred.
Jules Feiffer, cartoonista, dramaturgo, autor e ilustrador, além de argumentista deste filme, é tão refinado e brilhante em cada um dos seus talentos que é perversamente fácil subestimá-lo. Feiffer também foi o argumentista de "Carnal Knowledge", de Mike Nichols, realizado neste mesmo ano. Em "Little Murders" há a destacar a sua colaboração com Alan Arkin, actor já de renome que se estreava no campo das longas-metragens.
O filme é semi-autobiográfico, e não é para todos os gostos. Tal como Roger Ebert disse na sua crítica original "é muito o tipo de filme de Nova Iorque, paranoico, masoquista e nervoso", deixando-nos a perguntar que tipo de problema pode estar ao virar da esquina. As interpretações de todos os actores envolvidos são a razão principal porque se deve ver este filme: Elliot Gould, Marcia Rodd, Vincent Gardenia, Elizabeth Wilson, John Randolph, Lou Jacobi, Donald Sutherland, e o próprio Alan Arkin.

Link
Imdb

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Os Olhos da Noite (Wait until Dark) 1967


"Wait Until Dark", a enigmática peça de Frederick Knott sobre uma mulher cega aterrorizada por três gangsters, foi levada ao cinema em 1967, e foi acompanhada por um acontecimento ainda mais estranho. Quando as luzes se apagam no final do filme, também se apagavam as luzes nas salas de cinema, para criar o clima pretendido de claustrofobia. Tensa adaptação cinematográfica de Terence Young, que tão impiedosamente aperta com o sentimento do medo, que o espectador facilmente não perceberia um tremor de terra durante a exibição do filme. Audrey Hepburn foi agraciada com a sua quinta nomeação ao Oscar pela sua interpretação de Suzy Hendrix, uma dona de casa de NYC recentemente cega. Não demora muito para Suzy ficar em apuros quando um grupo de condenados atravessa no seu caminho, colocam em causa um elaborado plano para localizar uma boneca recheada com pequenos sacos de heroína. Eles são apenas pequenos ladrões, mas o chefe Harry Roat (Alan Arkin) é um monstro sinistro. 
um pouco de mistério em "Wait Until Dark" ligado à boneca que toda a gente está tão determinada em encontrar. Fica claro desde início que toda a gente quer a boneca. O mistério tem a ver com o que Susy fará se descobrir. O filme funciona muito bem como um filme de suspense e tem vários momentos de cortar a respiração. O ritmo lento, ajuda a construir o suspense e a tensão até ao confronto final. A maioria parte de Wait Until Dark é focada em Susy e no que ela está a passar. Perdeu a visão num acidente que aconteceu antes do filme começar e ainda está a adaptar-se a ser cega. Parece bem ajustada no geral, embora ainda tenha alguns problemas. É bastante auto-suficiente, o que acaba por ajudá-la quando ela se mete numa situação muito perigosa.  
Richard Crenna e Jack Weston completam o trio formado com Alan Arkin que interpreta um vilão psicótico assustador usando vários disfarces que são muito fáceis de ver, mas não devemos esquecer que Audrey Hepburn é cega e tem que seguir o que ela ouve, em vez das pistas visuais.

Link 
Imdb 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A Grande Burla (Big Trouble) 1986


John Cassavetes sempre lutou longa e duramente contra a preferência pelos filmes mainstream. E assim, é preocupante queseu último filme, Big Trouble, seja uma obra que segue esse tipo de fórmula. 
À primeira vista, Big Trouble parece ser uma ode irregular ao filme de Billy Wilder, Double Indemnity (1944). Como no filme de Wilder, temos uma femme fatale, Blanche Rickey (Beverly D'Angelo), que convence um vendedor de seguros, Leonard Hoffman (Alan Arkin), a assassinar o seu marido, Steve (Peter Falk), a fim de recolher um seguro no valor de 5 milhões dólares . Mas um investigador de fraudes, O'Mara (Charles Durning), frustra  os seus planos, enquanto Hoffman descobre que Steve nunca morreu realmente. E é nesta viragem da trama, que Big Trouble inicia o tema que atravessa toda a obra do realizador, isto é, o seu interesse pelas decepções ruinosas e as relações fracassados.
Como é típico na sua obra, Cassavetes fornece-nos personagens complexas, de quem nunca gostamos inteiramente, e recusa-se a explicar plenamente as suas motivações. Big Trouble, no entanto, só se preocupa em investigar o engano básico. A realidade íntima que se encontra  por baixo desta intrigante história, permanece invisível. 
Muito do humor do filme vem das suas paródias aos estereotipos.  Mas, apesar de tais momentos de humor e perspicácia, o filme é fraco, mesmo quando faz referência a filmes anteriores de Cassavetes. Na pior das hipóteses, o filme parece menos ser o trabalho de um realizador experiente emais o de um estudante de cinema pretensioso. Triste final de carreira para Cassavetes, mas o filme cá está para os curiosos. 
Link 
Imdb