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domingo, 24 de janeiro de 2021

Um dia no Paraíso (Another Day in Paradise) 1998

Nos anos 70, um jovem casal de adolescentes e toxicómanos, Bobbie e Rosie, vive de pequenos roubos. Quando Bobbie é ferido na sequência de um golpe, Rosie propõe-lhe refúgio junto do seu tio Mel, um traficante de droga que vive com Sid. Mel e Sid fascinam Bobbie e Rosie, com a sua vida de luxo, de drogas e de facilidades, e deixam-se arrastar para um importante roubo de narcóticos que corre mal. 
 Larry Clark, cujo filme "Kids" criou grande polémica com o seu impressionante retrato dos jovens adolescentes de Nova Iorque arrastados para a vertigem da droga e da SIDA, volta a assinar um filme perturbador e incisivo que gira, mais uma vez, em torno de adolescentes e droga. "Um Dia no Paraíso", que parte da adaptação de um romance de Eddie Little, é um cruel, irónico e impressionante "road movie" sobre o alucinante convívio de um jovem casal de adolescentes, marginais e toxicómanos, com um casal de traficantes de droga, que criam entre si uma espécie de laço familiar regido por leis absolutamente perversas ao longo de uma trajectória de crime e violência. Clark constrói uma espécie de melodrama familiar num mundo de marginalidade, amoralidade e decadência de valores morais, no qual os adolescentes são as melhores e mais trágicas vítimas. Um filme duro, cruel e perturbador, com James Woods, Melanie Griffith e os jovens Vincent Kartheiser e Natasha Gregson Wagner nos principais papéis.
* texto de RTP

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Um Lance no Escuro (Night Moves) 1975

Antes de chegar a "Night Moves" Arthur Penn realizou os seus dois filmes mais inclassificáveis. E achar isto é não esquecer "The Miracle Worker" e os outros casos dessa época que realmente só parecem ter paralelo com um Ingmar Bergman desta vida. "Alice's Restaurant" parece agora um imenso adeus ou uma derrota não tomada como tal; "Little Big Man" um olhar para os secundários da grande História que tem mais de desilusão do que de revisionismo. Pelo meio voltou à televisão e a outras formas, com certeza com o mesmo empenho. Não sei dizer mais nada sobre este período. Mas desilusão, lentidão, olhar para dentro e pressentimento, olhar sempre à procura de alguma coisa que não vem é a história desse grandíssimo (e pequeníssimo, ao lado de) filme de 1975 que não se toma por tal. Gene Hackman é Harry Moseby, detective privado que plana por uma Los Angeles tão triste como os seus olhos e tão abatida como a pele do rosto. A mão do tempo já avançou muito e a Moseby já não é permitido ter o estilo ou a dureza de um Sam Spade ou de um Philip Marlowe. Sabe que a sua natureza inserida na paisagem contemplada é a sua tragédia, a sua ferida, o seu buraco, e vai acabar tão sem rumo no final como quando o encontramos. Meteu-se no negócio errado, mas, se atentarmos bem nas suas acções, reflexões, respostas e disponibilidades, divagações dilaceradas, perceberemos que qualquer modo de vida seria prejudicial a tal melindre. Não é dizer que ele sabe o quanto é bom, antes que está em contracorrente e deu por isso. A imagem ou o mecanismo do futebol é perfeita: - "Quem está a ganhar?" - "Ninguém. Um dos lados só está a perder mais devagar do que o outro." Uma consciência de que vogando limpo ou simplesmente acessível no centro de um cancro (corrupção ou falta de amor) a demanda está perdida à partida. E mesmo que se possa chegar à vitória superior de poder andar de cabeça levantada e olhar olhos nos olhos, o lamento pelo que poderia ter sido não passa e mata de maneira mais dolorosa do que o fulminante tiro a frio. 
Nesse universo onde tudo se pode comprar como tudo se pode comer, Moseby é obrigado a dizer a uma adolescente estilhaçada, essa Melanie Griffith que possivelmente traça o seu último caso, que ter dezasseis anos ou quarenta é igual ao litro. Não se fica melhor. Sobre a procura da obrigatória identidade para sempre. E diz-lhe isto sem gemer ou gritar, mas com uma gravidade fina e calada que tece a construção e progressão deste filme de consciência ferida. Ferido mas nunca fascinado por qualquer iconografia do looser, niilismo ou celebração, numa frontalidade que tem a ver com compreensão e amparo familiar. Pode-se ter visto e experimentado mais, ter partido a cabeça a alma e o coração, mas as certezas, ali ou aqui no século XXI dos eventos que substituíram a verdade e o comprometimento, é sempre mais chão escorregadio. Os movimentos nocturnos do título devem ter a ver com esses raros que só podem respirar bem pela calada, quando o grande embuste e a grande piada fica suspensa, pela noite dos cantos dos bichos e das músicas das crianças; junto dos que se afogam em bares ou nas sarjetas da falta de ambição que pode ser a mais justa ambição; essas casualidades que já não esperam grandes coisas, não acreditam em milagres ou no romanesco aconchegante, e então pode acontecer um vislumbre ou um encaixe como esse que Moseby teve junto a essa aparição feiticeira surgida das águas; momento, vamos sabê-lo posteriormente, também encenado, mas é preciso já estar completamente vazio para não se perceber da excepção ou da maravilhosa ilha que tão serenamente emergiu e explodiu aí, no momento mais belo e apaziguado. 
"Night Moves" é assim e por tudo aonde não se pode aceder, o mais sossegado e o mais exposto momento de Penn. Uma acalmia urdida num mal-estar e numa doença que é muito mais evoluída do que a dos eléctricos e furiosos filmes passados. O sexo, a nudez, o oferecimento ou a procura, tudo isso aparece sem o fulgor do desejo. Tudo tem valor de mera troca, de vingança, de mal mesquinho. Embaciamento e entropia onde se avança a custo, sempre de pé atrás, cada um por si. Como no desporto americano, corre quem estiver com a bola. Já não há trabalho de equipa, entreajuda, solidariedade. Sem se dar por isso, estamos perante um dos mais vertiginosos climas, temperamentos, ventos dos anos setenta. Essa Nova Hollywood que proporcionou visões tão cansadas, terminais, funéreas como esta. Para se perceber agora que as tiradas sobre os filmes de Eric Rohmer não eram maldosas, não se podiam era aplicar no contexto. Pois como Rohmer, Penn também sabia que é sempre questão de envolvência e não de acessório; questão ontológica primordial, nunca efeitos que se evaporam sem o apelo da matéria. Se Moseby acaba a navegar, ainda a navegar, com tanto cadáver em torno, é porque ainda restará algo. Nem que seja só navegar. Mas navegar ainda. Pertence a um tipo não muito gregário que inclui o George C. Scott de "The New Centurions ", os espantalhos de "Scarecrow", porventura o corredor louco de "Vanishing Point". Tipo que ignora o sábio conselho "se não os podes vencer, junta-te a eles". E paga por isso. "You bastard! Bastard! Bastard!" é o que esse detective vocifera para si mesmo e para quem já não o pode escutar. Depois a câmara sobe, sobe, e ele continua a navegar. Algo se esfuma. E não temos nova situação. Assim, seco. 
* Texto de José Oliveira

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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Capítulo 7 - Suspense

Calma de Morte (Dead Calm) 1989
"Dead Calm" reduz as nossas emoções e arrepios para as suas formas mais raras. Sem um grande argumento elaborado, nem twists ou reviravoltas. Isto é pura tensão, quando encontramos em apuros um homem e uma mulher casados na luta pelas suas vidas contra um inimigo instável, que eles convidaram para bordo do seu veleiro no oceano.
O filme vale sobretudo para os fãs de Nicole Kidman que pretendem conhecer o trabalho da actriz pré-Hollywood, filmado na Australia, terra da sua descendência, tal como do realizador Philip Noyce, também ele prestes a mudar-se para Hollywood. Kidman mostra aqui algumas das suas melhores capacidades de interpretação jogando com o terror, medo e força de vontade, tudo ao mesmo tempo e de forma muito realista. Depois é coadjuvada por dois actores no topo da forma, Sam Neill e Billy Zane, que dá ao seu personagem um apelo assustador, que parece ao mesmo tempo assustador e sedutor, aterrorizante e simpático.
A história já se disse que não era das melhores, mas "Calma de Morte" funciona muito bem o tempo todo. Tornou-se num filme australiano de culto.

O Inquilino Misterioso (Pacific Heights) 1990
Drake e Paty (Matthew Modine e Melanie Griffith) realizam o seu grande sonho, comprar uma casa vitoriana. Mas para pagar as despesas eles tem que alugar uma parte da casa. Carter Hayes (Michael Keaton) parece ser o inquilino ideal: rico, charmoso e bem sucedido. Assim que começa a morar na casa, coisas estranhas começam a acontecer. A solução é despejá-lo, mas quando tomam esta atitude tem início a uma crescente guerra psicológica contra o indefeso casal. Drake e Paty não podem perder esta guerra, porque isso pode custar a sua relação, a casa e talvez as suas vidas. E para piorar a situação, a lei está do lado de Hayes.
Um filme sobre os horrores das regras e regulamentos. Um exemplo do sistema jurídico moderno, um sistema destinado a proteger os inocentes, mas frequentemente abusado por aqueles que são maus. "Pacific Heights" conta a história do pior inquilino do mundo, um homem que engana todos no seu caminho para conseguir uma nova casa, e de seguida usa cada lacuna legal ao seu alcance para tornar a vida dos seus proprietários num inferno.
Seria o primeiro filme de Michael Keaton depois de "Batman", de Tim Burton. Depois deste filme largava os papéis de cómico a que estávamos habituados,  e começa a fazer cinema mais sério. Como vilão tem uma das suas interpretações mais agradáveis, sobre as ordens do experiente John Schlesinger.

Frenético (Frantic) 1988
Harrison Ford é o Dr. Richard Walker, um médico famoso que, com a sua esposa Sondra visitam Paris pela segunda vez. Da primeira vez, viveram uma lua-de-mel inesquecível, mas agora vão viver momentos de suspense e terror. Tudo começa quando Sondra desaparece misteriosamente do hotel e Walker se vê sozinho numa terra estranha e sem pistas. Até que surge a linda Michelle que resolve ajudá-lo e o leva à aterradora realidade do submundo numa busca incansável pela sua esposa.
Provavelmente não é o melhor filme para o turismo em Paris, mas é muito eficaz como um thriller hitchcockiano, e um triunfante regresso ao género de Roman Polanski, que vinha do enorme fracasso de "Piratas", o seu filme anterior, normalmente considerado um dos maiores fracassos da década. Ainda assim, mesmo com um actor da moda como Harrison Ford, acabaria por ter resultados de bilheteira algo desapontantes.
Harrison Ford tem um desempenho notável como o doutor, e mantém o filme no bom sentido, mesmo quando este está mal orientado. O filme é perfeito nos primeiros 45 minutos, com um mistério verdadeiramente emocionante, mas as coisas começam a diminuir quando Richard se aproxima da verdade. Podem ler mais sobre o filme aqui.

Na Vigília da Noite (Someone to Watch Over Me) 1987
O detetive Mike Keegan (Tom Berenger) é promovido e tem sua vida virada do avesso. Recebe a missão de proteger a socialite Claire Gregory (Mimi Rogers), uma testemunha de um assassinato importante. Mike luta para manter o profissionalismo, em relação à sua família, mas a cada noite fica mais seduzido pelo mundo glamuroso de Claire. Trabalhando para manter a bela mulher a salvo tenta descobrir os próximos passos do assassino. 
Era o terceiro filme de Ridley Scott na década de 80, e de longe o menos conhecido. Um thriller erótico que triunfa mais como policial do que filme de suspense, em parte pela sua incapacidade de causar sustos. Com cenários deslumbrantes, mostra a extraordinária arte visual de Ridley Scott, um realizador que habitualmente caprichava neste campo, basta nos lembrarmos de "Blade Runner".
A carreira de Ridley Scott está recheada de fracassos, mas este acaba por não ser dos maiores, visto que o seu orçamento também era mais reduzido.Há uma tentativa de aproveitar Tom Berenger como protagonista, depois do actor ter sido nomeado para um Óscar em "Platoon", mas os filmes seguintes não correram muito bem. Este seria o pimeiro depois da nomeação.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Capítulo 3 - Comédia

Os Fantasmas Divertem-se (Beetlejuice) 1988
Um simpático casal, normal, Adam (Alec Baldwin) e Barbara Maitland (Geena Davis) desfrutam da sua enorme casa de campo quando morrem num acidente de carro e voltam como fantasmas. Um casal horrível, da grande cidade, Charles (Jeffrey Jones) e Delia Deetz (Catherine O'Hara), mudam-se para lá com a deprimida filha alolescente, Lydia (Winona Ryder) e procedem a uma violenta redecoração (com a ajuda do pretensioso Otho, interpretado por Glenn Shadix). Incapazes de assustar os novos inquilinos, Adam e Barbara desesperados chamam Beetlejuice, e arrependem-se imediatamente da sua decisão. Ele é uma criatura hiperativa, desagradável, vomitando piadas mais rápidas do que o filme pode aguentar, e é brilhantemente hilariante.
O segundo filme de Tim Burton é ainda mais impressionante visualmente do que a estreia em 1985, Pee-wee's Big Adventure, mesmo que a aparência geral aqui seja mais vulgar e avassaladora, que confia mais nos efeitos especiais e maquilhagem do que na criação de um "universo ". Mas também é um dos seus filmes mais engraçados, com Michael Keaton a ter uma performance brilhante. Ele interpreta o personagem-título, um "bio-exorcista", que aparentemente ajuda a eliminar "criaturas vivas traquinas", e mesmo só aparecendo durante poucos minutos na tela, domina o filme.

Selvagem e Perigosa (Something Wild) 1986
O executivo Charles Driggs (Jeff Daniels) conhece a sexy e maluca Lulu (Melanie Griffith) e aceita uma boleia até ao seu escritório. Mas ela leva-o numa viagem inesperada, compra-lhe roupas estranhas e apresenta-o como marido a parentes e amigos. Quando aparece Ray (Ray Liotta), o violento ex-marido de Lulu que a quer de volta, a confusão aumenta e eles têm de participar num assalto.
Realizado por Jonathan Demme, é uma reinvenção das Screwball Comedies dos anos 30, Demme um realizador que sempre recusou a definir a sua carreira, seja por assunto, estilo ou tema. Em cada filme apresentava uma nova faceta da sua personalidade e da sua arte cinematográfica. Estava já no seu oitavo filme, e a sua carreira só explodiria realmente sete anos depois com "O Silêncio dos Inocentes".
Something Wild" vale, e muito, sobretudo pelos actores. Em primeiro lugar pela química entre os dois protagonistas, Jeff Daniels e Melanie Griffith, super sexy e prestes a tornar-se num sex-symbol dos anos 80, em parte pela sua interpretação neste filme. Depois pela grande interpretação de Ray Liotta, o malvado ex-marido ciumento. O papel valeu-lhe uma nomeação para os Globos de Ouro, e proporcionar-lhe uma óptima carreira como secundário em Hollywood, com um destaque para o seu Henry Hill de "Goodfellas".

Uma Mulher de Sucesso (Working Girl) 1988
Tess McGill é uma mulher de origem humilde, que não é formada e nem sabe vestir-se corretamente, mas cheia de idéias, que vai trabalhar num escritório que lida com o mercado de acções, como secretária de uma conceituada executiva. Quando a sua chefe parte a perna ocupa o seu lugar e faz-se passar por uma executiva. Ao propôr uma inteligente jogada financeira, Tess recebe o apoio de Jack Trainer, um grande empresário. Os dois acabam por se apaixonar, mas há um problema, ele é o namorado da sua chefe.
Melanie Griffith de novo, dois anos depois de "Something Wild", e já com uma reputação diferente. Tudo neste filme joga a seu favor, desde a realização de Mike Nichols, um realizador bastante conceituado, aos seus actores coadjuvantes, nada mais do que Sigourney Weaver e Harrison Ford, ambos no auge da sua carreira. E depois um grande restante elenco: Alec Baldwin, Joan Cusack, Philip Bosco, Oliver Platt, Kevin Spacey, Olympia Dukakis...Um conjunto de factores que valeriam a Griffith a sua única única nomeação para os Óscares. Weaver e Cusack também foram nomeadas, mas o filme só ganharia o Óscar de melhor música (Carly Simon - "Let the River Run").
Seria um dos maiores sucessos comerciais de 1988, e também um dos melhores filmes desse ano.

Ultra Secreto (Top Secret) 1984
Ficamos a história de Nick Rivers (Val Kilmer), um cantor em franca ascensão nos Estados Unidos, que é convidado para cantar num festival na Alemanha, ao lado de muitos outros artistas do mundo. Só que, na verdade, este festival é nada mais do que um plano maléfico para o bombardeamento a submarinos inimigos, pelos malvados estrategistas alemães. Durante a viagem, ele acaba por se envolver com Hillary (Lucy Gutteridge), uma linda jovem da resistência, que o deixará ainda mais envolvido em toda esta confusão política.
Depois de "Aeroplano" (1980), esta era mais uma louca screwball comedy das mentes loucas de Jim Abrahams, David e Jerry Zucker, um trio que era conhecido como ZAZ, e que nos anos oitenta produziu ainda outro grande sucesso com "Aonde é que Pára a Policia", que originou ainda uma série. Tal como nos outros filmes deste trio, o objectivo é sempre parodiar alguma coisa, e aqui o alvo eram os filmes da Segunda Guerra Mundial, Musicais, e os filmes sobre os ídolos pop dos anos 50 (Elvis, sobretudo). O trio atirava-nos com tantas piadas que praticamente só conseguíamos rir de uma em cada cinco, porque enquanto estava a acontecer uma nova, ainda estávamos a rir da anterior. 
Seria também o filme de estreia de Val Kilmer, permanecendo como uma das suas melhores interpretações até hoje. Os ZAZ fizeram-no rodear de um elenco de estrelas que contava com nomes como, Peter Cushing, Jeremy Kemp, Michael Gough, Omar Sharif, entre outros.