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domingo, 5 de fevereiro de 2017

The Thoughts That Once We Had (The Thoughts That Once We Had) 2015

Descrito num texto de abertura como "história pessoal do cinema, parcialmente inspirada por Gilles Deleuze", ”The Thoughts That Once We Had" é uma rica exploração de conceitos-chave centrais para a influente teorização histórica dos dois volumes do filósofo francês. Um filme de found-footage composto inteiramente de clips de filmes não identificados, muitas vezes reconhecíveis, e de legendagens concisas escritas por Andersen, "The Thoughts That Once We Had" saltam associativamente, como Deleuze, através de um vasto território, que vai desde Griffith a Godard, usando dinamicamente imagens cinematográficas não para serem explicadas, mas para incorporar as ideias Deleuzianas em toda a sua rica ambiguidade e nuances. Andersen surpreendentemente evita a sua voiceover, que já era assinatura.
Alguns dos momentos mais poderosos em "The Thoughts That Once We Had" são declarações pessoais que aparecem legendadas e que rompem com temas claramente Deleuzianos, o mais impressionante para dar ressonância emocional a imagens de guerra e destruição, Coreia do Norte e Hiroshima, com Andersen a certa altura, a interrogar e expandir o universo de "Hiroshima Mon Amour". São momentos que pedem ao espectador que reconsidere as tragédias históricas da era do cinema com "imagens em movimento", em todos os sentidos do termo. Como Deleuze, a cinefilia infecciosa de Andersen é um amor pelo cinema - uma vida no cinema - e está fundamentada numa compreensão ética e filosófica do filme que descreve uma trajectória clara em todos os seus principais filmes.

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The Tony Longo Trilogy (The Tony Longo Trilogy) 2014

Quem é Tony Longo? Um ator que apesar de limitado a pequenas aparições em filmes é um axioma do cinema de ação de Hollywood: o gigante mudo que é guarda costas do mau da fita mas que tem um coração demasiado bondoso. Composto por três partes, "Hey Asshole!", "Adam Kesher" e "You Fucking Dickhead!", a trilogia de Tony Longo mostra-nos todas as cenas mais carismáticas do ator: "The Takeover" (Troy Cook, 1995), "Living in Peril" (Jack Ersgard, 1997) e "Mulholland Dr." (David Lynch, 2001). Tony Longo não é um ator famoso ou facilmente reconhecível e Thom Andersen ironiza com esse facto dando um rosto ao nome que nos é desconhecido. (Sérgio Gomes) 

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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Los Angeles Plays Itself (Los Angeles Plays Itself) 2003

Uma pérola do cinema do inicio do século XXI, a obra prima de Thom Andersen, "Los Angeles Plays Itself" é um épico do cinema de ensaio e um filme propositadamente sinuoso, que destila uma uma história polémica pelo seu extenso levantamento crítico do uso e abuso da mítica Cidade dos Anjos por uma impressionante gama de filmes blockbusters de Hollywood, filmes de género de baixo orçamento, filmes independentes, experimentais, e até mesmo pornográficos. 
A rigorosa montagem de Anderson, cena após cena, para a real e imaginária Los Angeles é ajudada por regressos frequentas às "cena do crime" de exteriores, graças ás filmagens contemporâneas de  Deborah Stratman. O ritmo do filme vem dos comentários hábeis e mordazes de Andersen (falados pelo cineasta Encke King), que permanece~m sempre imperiosos na sua cuidadosa revelação das maiores forças históricas, culturais e ideológicas que tornam a cidade cinematográfica tão vivida.
No entanto, mais do que uma correcção ao senso do lugar e da história do cinema, "Los Angeles Plays Itself" poderosamente usa contra-exemplos raros como "The Exiles" (1961), de Kent MacKenzie ou "Bless Their Little Hearts" (1984), de Billy Woodbury, argumentando que as indignidades e falsos mitos tão frequentemente impostos a Los Angeles pelo cinema, são expressões directas da verdadeira injustiça sofrida por tantos dos seus deslocados, desprotegidos, ou habitantes silenciosos. Com "Los Angeles Plays Itself" Anderson definiu uma concepcção distinta da análise cinematográfica, e alcançou um status de culto duradouro, confirmado pela grande emoção e aclamação que teve depois do seu re-lançamento, em 2014, mais de 10 anos depois da sua estreia em Toronto.
Filme sem legendas.

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Red Hollywood (Red Hollywood) 1996

Thom Andersen junta-se ao teórico de cinema, cineasta experimental e colega da Ohio State University Noël Burch, para elaborar uma história revisionista meticulosamente poderosa sobre artistas comunistas a trabalharem em Hollywood durante o auge da era do Estúdio. O filme "Red Hollywood" foi inspirado por um artigo escrito por Andersen uma década antes, para desafiar preconceitos calcificados sobre aqueles artistas que foram injustamente acusados e colocados na lista negra de Hollywood por causa da sua simpatia com a esquerda, e que ainda sofreu a indiferença geral de estudiosos e historiadores pelos seus trabalhos pioneiros.
Apesar de apresentar extensas e fascinantes entrevistas com os membros do lendário Hollywood Ten, incluindo grandes reviravoltas por um ainda muito desafiante Abraham Polonsky, "Red Hollywood" consegue fincar os seus pontos e as suas opiniões pessoais, separando cuidadosamente cenas temáticas organizadas a partir de mais de cinquenta pedaços, com uma ressonância (narrada pelo colega de Andersen da CalArts e realizador Billy Woodbury), discutindo e dissecando os seus significados latentes, deixando claro que esses artistas dedicados viam o cinema como uma ferramenta vital nas batalhas ideológicas e reais que se deram durante os anos da Grande Depressão através do "Red Scare". As dimensões políticas do cinema de Hollywood raramente foram examinadas com tanta precisão e paixão.
Filme sem legendas. 

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Thom Andersen, O video-ensaísta

Thom Andersen é um cineasta americano conhecido pelos seus penetrantes e refrescantes ensaios fílmicos. Historiador paciente e cinéfilo fervoroso, Andersen construiu um caminho único na história do cinema, principalmente com dois documentários impressionantemente pesquisados e reveladores, "Red Hollywood" (co-dirigido por Noël Burch) e "Los Angeles Plays Itself", que juntos representam o modo subtil, mas profundamente envolvente que definem toda a sua obra maior. Tanto "Red Hollywood" como "Los Angeles Plays Itself" são filmes de compilações, densos mosaicos de cenas retiradas de filmes de Hollywood, transformados com a ajuda de narrativas em voiceover, escritas mas não faladas por Andersen, detalhando as histórias suprimidas do cinema americano, decifráveis dentro das imagens em movimento. Os dois filmes tornam clara a profunda compreensão de Andersen sobre o cinema popular, como uma forma de memória cultural perigosamente amnésica - um filtro ideológico que distorce deliberadamente o mundo que pretende representar - e uma lente excepcionalmente perspicaz  através da qual criticamente envolve a história escrita e não escrita.
Um importante complemento ao trabalho de Andersen como cineasta é a sua carreira como escritor, critico ocasional, curador, e, acima de tudo, instrutor no CalArts, onde ele tem sido uma âncora desta lendária escola de cinema há quase trinta anos.  Os assuntos, e o impulso pedagógico de alguns dos seus filmes foram parcialmente inspirados por palestras dadas por si no CalArts. Em "The Thoughts That Once We Had", o seu filme mais pessoal, dá-nos uma reflexão sobre as ideias do filósofo francês Gilles Deleuze, um trabalho lírico e profundamente cinematográfico, apesar da sua falta de narrativa falada.
Este fim de semana será dedicado a este video-ensaísta, de quem iremos ver quatro trabalhos.