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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Anatomia de um Crime (Anatomy of a Murder) 1959

 Baseado num best seller de 1958 escrito por Robert Traver, vagamente baseado num caso real, um assassinato ocorrido em Michigan em 1952. A história, passada principalmente num tribunal, gira à volta da morte do proprietário de um bar por um tenente do exército, Manion, que afirma ter agido com uma apaixonante raiva depois do proprietário do bar ter violado a sua esposa. A defesa de Manion cabe a Paul Bigler que, desde que foi eleito procurador local, passou mais tempo a pescar do que a exercer a sua actividade. Biegler concorda defender o tenente, mas o caso começa a ficar mais complicado por causa do comportamento sedutor de Laura Manion, e à medida que a história se desenvolve começam a ser questionadas as motivações do crime. 
Em 1959, a cidade de Chicago invocou uma portaria de 1907 para recusar a licença à Columbia Pictures para exibir "Anatomy of a Murder". Os censores da cidade, chefiados pelo superintendente da policia, opôs-se ao filme devido ao uso de termos como "violação", "esperma", "penetração", "contracepção" no depoimento do julgamento. Os membros do conselho também se opuseram ao relato de Laura Manion sobre a violação e argumentaram que o utilização de tal terminologia tornavam o filme obsceno de acordo com a portaria da cidade. Representando a Columbia Pictures, o realizador e produtor Otto Preminger, abriu um processo contra a cidade, para obter licença para a exibição do filme.
Ao preferir a decisão, o tribunal determinou que a comissão de censores tinha ultrapassado os limites constitucionais, e reverteu a decisão dos censores. O juiz aplicou a medida estabelecida em relação a livros e peças que exigia que a obra fosse julgada como um todo em termos do seu efeito sobre um leitor ou espectador. Mais um caso complicado, em que a justiça venceu em tribunal.

sábado, 26 de setembro de 2020

Um Clube só para Cavalheiros (The Cheyenne Social Club) 1970

Do nada, um cowboy recebe uma carta inesperada de um advogado desconhecido na distante cidade de Cheyenne, a dizer que acaba de herdar o Cheyenne Social Club, depois da morte do seu antigo proprietário, seu irmão. Ansioso por trocar as paisagens empoeiradas do Texas por uma vida fácil de empresário, John parte numa longa viagem com o seu melhor amigo, Harley. Acontece que o estabelecimento que ele acaba de herdar, não tem a melhor das reputações..
A carreira de Gene Kelly como realizador foi seriamente subestimada no período pós MGM, embora ele tenha sido responsável pela brilhante versão cinematográfica de "Hello Dolly". Toda a sua sagacidade ganha rédeas soltas neste western cómico sobre uma dupla de cowboys que herda um bordel. Mesmo tendo em conta que o assunto é um bordel, Kelly consegue contornar os duplos sentidos e apresetar uma comédia com bom gosto e que não ofende ninguém. Seria o seu último trabalho como realizador. 
Dois actores de peso como protagonistas, James Stewart e Henry Fonda, uma dupla que se manteve amiga durante mais de 50 anos na vida real, e que se reunia aqui pela ultima vez. Claramene um western esquecido, que lembramos aqui neste ciclo.


terça-feira, 21 de outubro de 2014

O Homem Que Matou Liberty Valence (The Man Who Shot Liberty Valance) 1962



Quando o Senador  Ransom Stoddard regressa para casa em Shinbone, para o funeral de Tom Doniphon, conta a um editor do jornal local a história por detrás da sua vida. Ele tinha chegado à cidade muitos anos antes, um advogado por profissão. A diligência tinha sido roubada pelo rufia local, Liberty Valance, que tinha deixado Stoddard sem nada, a não ser uns livros de direito. Consegue um trabalho na cozinha de um restaurante, onde conhece a sua futura mulher, Hallie. Em flachback vamos ficar a saber como é que a vida destas quatro pessoas se cruzou.
A mudança da guarda, a perseverança de um homem, e a necessidade de um herói são temas recorrentes neste grande clássico de John Ford, The Man Who Shot Liberty Valance. Mais elegante do que a maioria dos westerns de Ford, resultou na única vez que contracenaram dois dos mais míticos actores da história do cinema, John Wayne, o cowboy maior do que a vida, e James Stewart, o bom rapaz que toda a gente gostava em Hollywood. O resultado seria um dos maiores westerns jamais feitos.
De certa forma, Wayne nunca esteve tão bem como aqui, nem mesmo em "The Searchers", e Stewart, que costuma estar sempre bem, mantém-se firme num papel oposto ao de Wayne, e mantém um contraste interessante com a dureza do outro actor. O personagem de Stewart é o mais efeminado dos dois, e usa mesmo avental a maior parte do filme, incluindo no duelo com o vilão. A fotografia de William H. Clothier dá ao filme uma atmosfera quase noirish, e Ford, como é habitual faz um grande uso do seu naipe de actores secundários, em especial Woody Stroode, e Lee Marvin como vilão. 
É evidente que Ford ficou cada vez mais desiludido com a sociedade, que é visível principalmente a partir da Segunda Guerra Mundial, e quanto mais profundo se tornou o seu desespero, mais visível isso ficou nos seus westerns. Mesmo nos filmes menores do final da sua carreira, como Cheyenne Autumn, a sua fé deu lugar ao pessimismo, tal como se vê nos filmes da cavalaria onde ele mostra os seus soldados a derrubarem os índios desarmados.
Foi o último filme que Ford fez com Wayne como protagonista. Os dois morreriam na década seguinte, Ford em 1973 e Wayne em 1979.
Filme escolhido pelo Nuno Fonseca.

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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Casamento Escandaloso (The Philadelphia Story) 1940



Tracy Lord (Katharine Hepburn) é uma socialite rica que se divorciou recentemente do playboy C.K. Dexter Haven (Cary Grant). Na véspera do seu novo casamento Haven aparece com um repórter chamado  Macaulay “Mike” Connor (James Stewart), com a intenção de tirar fotos para publicar nos tablóides. Como Tracy tem dúvidas sobre o seu casamento eminente começa a apaixonar-se por Mike, e ao mesmo tempo se deve dar uma nova hipótese a Dexter.
"The Philadelphia Story" é normalmente considerado como um veículo para Katherine Hepburn, o que faz todo o sentido, já que foi ela que organizou a produção do filme. Naquela altura Hepburn era considerada "veneno" nas bilheteiras, e foi este filme que revitalizou a sua carreira. Superficialmente é uma screwball comedy brilhante, mais uma vez sobre o mundo dos ricos, mas na realidade é muito mais do que isso.
O interesse do realizador George Cukor nas classes é complexo, e não é de todo redigido nos termos simplistas habituais. A família de Lord é sem dúvida da classe alta, e aceitam este privilégio com a maior naturalidade, enquanto Connor é quase um mendigo, um escritor muito talentoso a trabalhar abaixo das suas possibilidades apenas para pagar as contas. Connor está compreensivelmente ressentido dos ricos à sua volta, e da casa de Lord, mas o ressentimento diminui à medida que vai conhecendo Lord, embora as discussões entre os dois ainda tenham o toque de guerra de classes.
Ganhou dois Óscares da Academia. Um para James Stewart no papel principal, o único na sua carreira, e outro para o argumento de Donald Ogden Stewart, também o único Óscar de uma brilhante carreira, a trabalhar sobretudo com Cukor.

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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A Loja da Esquina (The Shop Around the Corner) 1940



A acção tem lugar numa loja húngara durante o Natal. Os tempos estão difíceis, e os empregados sentem-se intimidados pelo seu patrão Mr. Matuschek (Frank Morgan). Quando dois empregados da loja, Alfred Kralik (Jimmy Stewart) e Klara Novak (Margaret Sullavan) se tornam "pen-pals" secretamente, sem conhecimento um do outro, têm de lidar com vários obstáculos para encontrar o verdadeiro amor. Um deles, é que se odeiam na loja.
O sub-plot envolvendo a descoberta da infidelidade da esposa de Morgan desempenha um papel importante no enredo em geral, mas no coração do filme está a relação amor/ódio desenvolvida entre Stewart e Sullavan. Sabemos desde início que eles são amantes secretos, mesmo sem saberem, e Stewart descobre a meio do filme, de modo que o ponto crucial da tensão narrativa gira em torno de como, e quando, ele vai decidir revelar o que descobriu.
O que há de mais especial neste filme é o sentimento de tristeza que o atravessa. Há um enorme sentimento de solidão nas personagens de Kralik e Karla, que pensam ter encontrado o amor na forma de alguém que nunca conheceram cara a cara (a internet de hoje em dia), alguém com quem apenas correspondem por cartas. Há mais do que uma ponta de desespero em ambas as personagens, elas investem tanto neste romance irreal que parece que é a última oportunidade que têm de ser felizes. No fim, descobrem que o objecto do seu amor estava mais próximo do que pensava.
Aparte de ser construído em torno de um conceito inteligente e engraçado, também é uma grande montra para o famoso "toque de Lubitsch", misturando inteligência e algumas observações sobre as pessoas nas suas vidas pessoais e profissionais, com comédia docemente romântica. Tudo é mantido por uma excelente perfomance cómica de James Stewart, um actor capaz de dominar uma comédia Lubitschiniana, como viria a fazer mais tarde aos psico-dramas de Hitchcock.
Foi alvo de dois remakes; In the Good Old Summertime (1949), com Judy Garland e Van Johnson, e, mais tarde You've Got Mail (1993), com Tom Hanks e Meg Ryan.

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sábado, 21 de junho de 2014

O Homem Que Veio de Longe (The Man From Laramie) 1955



O misterioso Will Lockhart (James Stewart) entrega mantimentos à lojista Barbara Waggoman, no Coronado, uma cidade isolada no território Apache. Em pouco tempo ele envolve-se numa disputa com Dave Waggoman, filho do rancheiro autocrata Alec, e primo de Barbara. Mas ele permanece na cidade, a sua presença é um catalisador para a mudança da vida nas pessoas, procurando alguém que não sabe quem é, e que anda a vender armas aos Apaches.
Lockhart tem a vingança na sua mente, e a primeira parte do objectivo é descobrir quem vendeu as armas aos Apaches. O seu irmão mais novo fazia parte de um grupo que foi embuscado pelos Apaches, e morto. Lockhart também é um militar respeitável, mas de forma inteligente cria uma dupla identidade a fim de cobrir as suas origens. Este tema de duplas identidades já se repetia na série de filmes que temos vindo a acompanhar, entre Mann e Stewart. Stewart encarna o paradoxo de ser etica e moralmente correcto e ao mesmo tempo um assassino treinado, com uma enorme desenvoltura. Lockhart é imparável porque tem a sua vingança justificada, e nunca perde de vista o seu objectivo apesar de um enorme número de obstáculos que vão aparecendo pelo caminho. O primeiro é a bela Barbara Waggoman (Cathy O'Donnell),  o segundo é Dave Waggoman (Alex Nicol), o sádico filho do barão do gado Alec Waggoman (Donald Crisp).
De um ponto de vista estrutural, este, e os outros filmes entre Mann e Stewart eram westerns clássicos. Não tinham nada de excepcional em termos das suas narrativas a não ser a rica caracterização das personagens, os estados psicológicos, as motivações, e os argumentos que eram raramente vistos em westerns. Eram filmes obscuros com um interesse permanente no que se passava nos corações dos homens e das mulheres. "The Man from Laramie" foi a última colaboração entre os dois, em termos destes westerns psicológicos, e continua como um dos grandes westerns dos anos 50, e merece ser relembrado.

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quinta-feira, 19 de junho de 2014

Terra Distante (The Far Country) 1954



Em 1896 Jeff Webster (James Stewart) vê o inicio da corrida ao ouro de Klondike, como uma boa oportunidade para fazer uma fortuna em carne...e ai de alguém que se meta no seu caminho. Ele dirige um rebanho de gado de Wyoming para Seattle, por navio para Skagway, e (depois de um atraso causado pelo boss da cidade Gannon) através das montanhas para Dawson. Aí, ele e o parceiro Ben Tatum (Walter Brennan) entram eles próprios na corrida ao ouro. Duas mulheres encantadores apaixonam-se por Jeff, mas eles acredita na velha máxima, cada homem por si próprio...
Tal como Bend of the River ou Winchester 73 a narrativa segue por vários caminhos inesperados até ao duelo final, mas é o que menos interessa num filme onde brilham diversas personagens e o tema da civilização a ultrapassar a fronteira. Mesmo numa pequena e isolada comunidade mineira os seus moradores sonham fazer dela uma "verdadeira cidade", com uma escola, uma igreja, e um xerife. Os locais não gostam de Ronda porque ela atrai o tipo errado de pessoas. Ironicamente pretendem que Jeff venha a fazer parte da comunidade, mas este rejeita. Talvez porque ele resista à ideia de a civilização conquistar o Oeste. Tal como Ben aponta, Jeff anda sempre de lado para lado, prometendo um dia assentar, mas nunca o faz. Só quando sofre uma perda muito pessoal decide tomar medidas contra Gannon, e fazer parte da comunidade. John McIntire destaca-se de entre um excelente elenco, trazendo bastante charme para o vilão de serviço, naquele que é provavelmente o seu melhor papel em anos (incluindo o de xerife em Psycho).
O realizador Anthony Mann está no topo da sua forma, mais uma vez, com uma bela fotografia de William H. Daniels, contrastando as montanhas cobertas de neve, com as ruas enlameadas das cidades feias. Mas são os pequenos detalhes, como o sino na sela de Jeff que tornam "The Far Country" memorável. Temos de esperar até aos minutos finais para Mann revelar a importância deste pequeno sino (representará a comunidade?).
Seria a última colaboração entre Mann e o argumentista Borden Chase, que já tinha escrito o argumento para Winchester 73.

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quarta-feira, 18 de junho de 2014

Esporas de Aço (The Naked Spur) 1953



Um rancheiro (James Stewart) regressa a casa depois da Guerra Civil, para descobrir que a sua noiva vendeu a quinta e fugiu com o dinheiro. Desolado ele tenta ganhar a recompensa para um assassino astuto e manipulador (Robert Ryan), para assim poder recuperar a sua quinta, e vai ver-se no meio de uma trama com um prospector (Millard Mitchell), um ex-soldado (Ralph Meeker), e a namorada confusa do seu alvo (Janet Leigh).
Os westerns de Anthony Mann são duros moralmente e estilisticamente emocionantes, e "The Naked Spur" é um dos seus melhores, menos directo do que o tradicional "bom vs mau" de "Bend of the River" e "The Far Country", e um pouco menos pretensioso do que os seus filmes shakesperianos, como "The Man From Laramie". É um filme todo passado na vida selvagem, longe das cidades, onde os personagens são despidos pelos acontecimentos violentos, para revelarem a sua verdadeira natureza.
Além do argumento perfeito, Mann conta com um sentido visual magistral, elevando a câmera até ás rochas, e mostrando a violência na nossa cara. A câmera em Technicolor de William Mellor absorve o belo, mas perigoso cenário, dando ao filme uma paisagem psicótica. Os protagonistas deste filme de Anthony Mann, mais uma vez deixam que o seu desejo por vingança consuma as suas qualidades inerentes de honra e decência. A jornada torna-se um processo quase religioso de revelação, que finalmente permite a um deles amargamente alcançar o estado de graça.
Conseguiu uma nomeação para o Óscar de Melhor Argumento, para Sam Rolfe, e Harold Jack Bloom.

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terça-feira, 17 de junho de 2014

Jornada de Heróis (Bend of the River) 1952



Dois homens com um passado questionável, Glyn McLyntock (James Stewart) e o amigo Emerson Cole (Arthur Kennedy), conduzem um grupo de colonos do território do Missouri para o Oregon. Fazem um acordo às portas de Portland já que com o Inverno a chegar. É necessário que McLyntock e Cole resgatem e entreguem comida e suprimentos detidos por oficiais corruptos.
Em Bend of the River é-nos imediatamente mostrado que James Stewart é um homem com um passado a esconder, alguém que já foi quase enforcado, e sobreviveu. Numa cena chocante, Stewart está quase a esfaquear um homem, quando é impedido por um grito de Julia Adams. Mais tarde, depois dos seus homens tomarem conta dos vagões de suprimentos e estarem prestes a deixá-lo para trás, ouvimos a seguinte quote: "You'll be seein' me. Every time you bed down for the night, you'll look back in the darkness and wonder if I'm there. And some night I will be. You'll be seein' me." O público estava habituado a vê-lo na personagem de "It's a Wonderful Life", e que Hitchcock iria levar ao extremo alguns anos depois, especialmente em "Vertigo", mas este Stewart era uma figura completamente diferente.
Com "Bend of the River" Mann transportava a violência intensa dos seus noirs dos anos 40 (como "Raw Deal" e "Border Incident"), para um novo género, que proporcionava um estilo mais limpo. A simplicidade e a clareza destes cinco westerns tornariam Stewart primordial, com personagens complexas, chocantes e fascinantes. E como era habitual nos filmes de Mann, há muitas sequências sem palavras, de narrativa puramente visual.
"Bend of the River" era baseado no livro "Bend of the Snake", de Bill Gulick, primeiramente publicada em 1952. Gulick escreveu uma série de livros, dois deles originaram westerns. Este seria o primeiro, o outro “The Hallelujah Trail” originou um filme do mesmo nome, realizado em 1965 por John Sturges. Um bom elenco secundário, que além de Arthur Kenendy contava com Julie Adams, Rock Hudson, Jay C. Flippen e Harry Morgan.

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Winchester 73 (Winchester '73) 1950



Num concurso de tiro ao alvo, Lin McAdam (James Stewart) ganha uma espingarda premiada, que é imediatamente roubada pelo segundo classificado Dutch Henry Brown (Stephen McNally). Este filme segue a história dessa espingarda, uma Winchester de 1873, e segue a busca de McAdam para a obter de volta, com ela a percorrer o filme mundando de mão em mão até um duelo final, num percepício das montanhas rochosas.
Este foi o primeiro na série de cinco westerns de sucesso consecutivos, da dupla Anthony Mann e James Stewart, que apareceu na altura certa para o actor. Stewart estava preocupado com o desenvolvimento da sua carreira, depois de uma série de flops consecutivos no pós guerra. Eram westerns muito menores do que os da dupla Ford/Wayne, filmes excitantes, cheios de acção, muito pessoais, e largamente focados nas personagens.
"Winchester '73" é muitas vezes considerado o melhor filme desta dupla, rodado a preto e branco e quase sem falhas. Foi um filme que mudou muito a personalidade Stewart enquanto actor, pois fê-lo passar de personagens mais amistosas e românticas, para personagens mais maduras e astutas. Anthony Mann também viu a sua carreira a mudar completamente o rumo, e para melhor. Mais habituado a filmes negros de série B, passava a fazer filmes com um balanceamento completamente diferente. A transição de Mann do noir para o western foi muito bem conseguida, conseguindo levar algumas características do Noir para o território do western que não eram muito habituais, dando um toque perverso ao mais americano dos géneros.
O filme contava com um belo elenco de secundários: Shelley Winters, Dan Duryea, Stephen McNally, Will Geer (como Wyatt Earp), e uns novatos Rock Hudson e Tony Curtis, mas é a personagem vingativa de Stewart que leva o filme.

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domingo, 15 de junho de 2014

Os Westerns Psicológicos de Anthony Mann e James Stewart



Enquanto lendária figura do cinema mundial, James Stewart é provavelmente mais conhecido pelos três filmes que fez com Frank Capra, ou pelos quatro que fez com Alfred Hitchcock. Mas além disso ele teve uma colaboração igualmente frutífera com um realizador então pouco conhecido: Anthony Mann. Mann e Stewart trabalharam juntos em oito filmes, mas foi o quinteto de westerns que eles fizeram na primeira metade da década de 50, que ajudou a redefinir a imagem de Stewart perante as audiências, e a de Mann perante os críticos, primeiro na Europa, e depois nos Estados Unidos. Tendo sido êxitos de bilheteira, estes westerns ficaram conhecidos por várias razões: a bela fotografia graças a exelentes exteriores, grandes sequências de acção, uma vontade de explorar temas adultos e complexidades psicológicas, já que neste quinteto de filmes Stewart encara sempre personagens neuróticas, obcecadas pela vingança. A fúria do herói, na comunidade e na família.
Esta aliança entre Mann e Stewart, tal como a parceria entre Ford e Wayne, é uma das colaborações mais importantes entre realizador e estrela, não apenas no western, mas em toda a história do cinema.
Esta semana vamos ver os cinco westerns desta dupla:

Segunda: Winchester '73 (1950)

Terça: Bend of the River (1952)

Quarta: The Naked Spur (1953)

Quinta: The Far Country (1954)

Sexta: The Man From Laramie (1955)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Grande Combate (Cheyenne Autumn) 1964



Na sua carreira John Ford dirigiu alguns dos mais emblemáticos westerns da história do cinema, e estabeleceu um standard muito alto, e muito poucos chegaram perto de sequer igualar a sua classe. Isto, de certa forma, faz com que assistir a "Cheyenne Autumn" seja uma experiência um pouco triste, não só porque era para ser o último western de Ford, mas também porque não atingiu os padrões habituais do realizador. Tem alguns dos toques habituais de Ford, e não era apenas a paisagem do Monument Valley, mas este é um filme sangrento que tenta fazer a poderosa história dos Cheyenne regressarem ao seu lar ancestral mais poderoso, mas acaba por não o fazer da melhor forma.
Tendo mantido a sua parte de um acordo e mudarem-se para uma reserva, os Cheyenne cansam-se de esperar pelo governo dos EUA para defender o seu lado, fornecendo-lhes as suas necessidades na sua nova casa. Traidos, os Cheyenne embarcam numa jornada de 1.500 milhas através do país para regressarem ao seu lar ancestral, mas tendo agora quebrado a promessa, deixando a reserva, têm agora o Exército dos EUA no seu encalço. O capitão da cavalaria dos EUA, Thomas Archer (Richard Widmark) é obrigado a garantir o regresso dos Cheyenne para a reserva, mas do modo como ele conduz a acção, começa a entender e a simpatizar com eles, bem como ver o quão mal o governo dos EUA os tratava. É isso que o leva a agir contra as suas ordens e tentar ajudá-los.  
Um dos pontos fortes de "Cheyenne Autumn" é que somos levados a simpatizar com os Cheyenne, e ao contrário dos westerns que Ford fez antes, os indios não são retratados como selvagens. Também simpatizamos com Archer porque ele parece entender porque os Cheyenne sentem a necessidade de voltar para casa. talvez acção, bem como um toque de romance mas quando a história avança, em vez de se debruçar apenas dos clichês dos Westerns, é sobre o porquê dos Cheyenne sentirem a necessidade de arriscar as vidas a fim de voltar para casa. 
Mas o problema é que "Cheyenne Autumn" é um filme longo demais, com uns 154 minutos que se arrastam. Percebemos que John Ford realmente queria destacar a incrível viagem que fizeram os indios, bem como a coragem que os levaram a fazê-lo, destacando a ignorância do Exército dos EUA e do governo. Também não ajuda que haja uma série de cenas passadas em Dodge City, onde encontramos Wyatt Earp e Doc Holliday, que pouco têm a ver com a história real.
Também é necessário falar do enorme elenco, com quase toda a família fordiana, e não só: Richard Widmark, Carroll Baker, Sal Mineo, Karl Malden, Dolores del Rio, Ricardo Montalban, Arthur Kennedy, Patrick Wayne, John Carradine, George O'Brien, James Stewart (como Wyatt Earp) e Edward G. Robinson.
Ainda assim, é um filme imperdível. 

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domingo, 9 de junho de 2013

A Corda (Rope) 1948




Filmado em 1948, "The Rope" é o primeiro filme do lendário Alfred Hitchcock para a Warner Bros Pictures. Para a tecnologia primitiva disponível na altura, a produção parece e soa a impressionante, e talvez o mais importante, possui um argumento muito sólido. Baseado numa história real, o filme mostra Brandon e Philip a cometerem o crime perfeito, matando um amigo apenas para uma emoção intelectual. O filme em si não é baseado no crime, uma vez que a euforia inicial do acto desta dupla, é seguida de medo, de Philip, de ser apanhado, e da convicção de Brandon de que não o será.
Embora o filme seja bastante lento, por vezes, Hitchcock consegue manter um nível sustentado de suspense ao longo do filme, com o personagem Rupert Cadell ficar cada vez mais desconfiado das actividades dos amigos à medida que o filme avança. Hitchcock também faz o seu filme mais experimental ao dirigir "A Corda", como o filme tem apenas dez sequências de corte, ou seja, sequências que duram cerca de dez minutos ininterruptos. Além disso, é sugerido que o filme faz referências à homossexualidade, por causa da relação entre Brandon e Philip, e por causa disso foi proibido durante a década de 1940.  
De certa forma, Rope é filmado como uma peça de teatro, e para compreender o filme, deve-se fazer a pergunta: porquê? Porque um mestre, um formalista, como Hitchcock, se compromete a limitar-se tanto, e de modo tão rígido? O filme é um formato infinitamente mais flexível, elástico que a peça teatral. Nos filmes, por exemplo, podemos viajar para qualquer lugar, escolher qualquer ponto de vista, e realizar outras tarefas importantes. Podemos retardar momentos ou acelerá-los. No teatro, estamos sempre acorrentados ao palco, para um número limitado de cenários e à vista de todos. 
Reconhecendo o talento do realizador aqui, não acreditamos que Hitchcock fizesse Rope desta forma tão peculiar simplesmente para honrar o formato original da peça de Hamilton, mas sim porque ele detetou que com todos os elementos do palco (espaço limitado, visões limitadas, assim por diante), poderiam aumentar a atmosfera de suspense deste particular conto moral. 
Por um lado, a abordagem de Hitchcock oferece a vantagem de representar a história (principalmente sem cortes) em algo aproximando ao "tempo real". Não há anúncios publicitários. Nenhuma cena quebra para passar a outro local (como na série "24", por exemplo). Em vez disso, seguimos Brandon e Phillip desde o instante do crime, até à descoberta do corpo, 81 minutos mais tarde. Não há um momento, ou melhor, um segundo, para relaxar .... o cadáver de David poderia ser descoberto a qualquer momento. Como membros da audiência, partilhamos esta tensão com estes dois homens.

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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Tempestade Mortal (The Mortal Storm) 1940



O cenário é a Alemanha, de 1933, e o estimado Professor Roth (Frank Morgan) comemora o seu 60 º aniversário. Está cercado pelos seus entes queridos: a esposa (Irene Rich), os filhos Freya (Margaret Sullavan) e Rudi (Gene Reynolds), os enteados Otto (Robert Stack) e Erich (William T. Orr). Também estão presentes dois amigos de longa data da família: um dos seus alunos, Fritz Marberg (Robert Young), e o jovem veterinário Martin Breitner (James Stewart). Ambos disputam o coração de Freya, mas é aparentemente Fritz que vence, quando anunciam o noivado. No meio da festa, no entanto, a triste notícia vem do rádio, que Hitler foi nomeado chanceler. O clima à mesa muda imediatamente, e a ascensão do partido nazi vai ter efeitos devastadores sobre esta família, e amizades serão pisadas.
Um dos primeiros filmes americanos a tomar uma forte posição anti-nazi (foi lançado alguns meses antes do filme de Chaplin, O Grande Ditador), é uma declaração eficaz e poderosa, e, apesar de um pouco Hollywoodesca, possui um bom nível de imobilização, conseguindo criar um elevado sentimentalismo, sem fazer o espectador sentir-se intimidado em dar uma resposta emocional. A sequência de abertura estabelece um clima quente e alegre, com um desempenho bem cativante de Morgan. É o tipo de coisas que normalmente viria de um filme de Frank Capra. E isso faz com que os eventos sejam ainda mais trágicos, como a divisão entre os seguidores cegos de Hitler e os que são perseguidos por pensarem livremente, com a sensação de perda a aprofundar-se.
Frank Borzage era a escolha lógica, e única, para dirigir este filme. Tinha feito dois filmes anteriores sobre a ascensão do nazismo, Little Man, What Now? (1933) e Three Comrades (1938), ao passo que nenhum outro realizador chegou sequer perto do tema. Mas, além da sua familiaridade com o assunto, Borzage, um realizador com um "toque" único, pessoal e romântico como era o de Ernst Lubitsch, mas com tons mais profundos, faz com que a queda desta família de uma tragédia pessoal tenha um significado universal. A fractura entre os Roths e os Von Rohns e Fritz não é tão límpida como é frequentemente encontrado em outros filmes do género. 
Os últimos dois ou três minutos de A Tempestade Mortal são infundidos com saudade e esperança. Mas nenhuma emoção é gratuita ou fácil de conquistar, e todas são duramente conquistadas.

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