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terça-feira, 13 de junho de 2017

Alex Cox - Extras

Alex Cox era um grande fã de spaghetti western. Na altura que completou o seu curso na UCLA, escreveu uma tese sobre este sub-género cinematográfico. O resultado desta tese originou o excelente livro "10,000 Ways To Die", que hoje publicamos aqui.

Alex Cox foi também apresentador de uma série da BBC2 chamada Moviedrome, onde cada filme era apresentado antes de ser mostrado na TV, com as escolhas a caírem, sobretudo, em filmes de culto. Cox foi o apresentador desta série, desde 1988 até 1994. Nesta pesquisa podem ver algumas das apresentações de Cox.

É tudo quanto ao ciclo "Alex Cox - O Último Maverick". Espero que tenham gostado.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Bill the Galactic Hero (Bill the Galactic Hero) 2014

Billy é um entregador de pizzas num planeta distante que tropeça numa unidade de recrutamento para as tropas espaciais, e é enganado a se inscrever com o uso de drogas. A bordo de uma nave estelar vai envolver-se numa guerra contra seres com a aparência de lagartos. 
"Billy the Galactic Hero" é baseado num livro satírico de ficção científica escrito em 1965 por Harry Harrison, que foi escrito como contrapeso para um outro livro neo-fascista de 1960 chamado "Starship Troopers" de Robert A Heinlein, também ele passado para o cinema em 1997, pelas mãos do holandês Paul Verhoeven, filme esse que também satirizou bastante a sua fonte e as suas tendências militaristas. É uma comédia de ficção científica passada nos confins da nossa galáxia, com os humanos a travarem uma guerra contra uma espécie alienígena reptiliana conhecida como Chingers. Cox revelou que estava a trabalhar com o autor do livro na organização do filme, quando este morreu.
Cox já vinha a planear fazer uma versão deste livro desde há muitos anos, meados dos anos oitenta, quando ainda era uma grande esperança de Hollywood graças ao sucesso de "Repo Man", embora não tivesse conseguido obter financiamento na altura. A partir de 2012 aceitou um trabalho a dar aulas na Universidade do Colorado, em Boulder, e foi este o meio improvável que conseguiu para fazer "Bill the Galactic Hero". Através de crowdfunding on Kickstarter conseguiu um orçamento de 114 mil dólares, e junto com os estudantes da universidade onde leccionava começaram a produzir o filme, com alguns deles a receberem honras de co-realização. Desta forma "Bill The Galactic Hero" foi considerado o maior filme de estudantes jamais feito, graças ao orçamento conseguido. 
É difícil falar desta adaptação de "Bill The Galactic Hero" sem nos sentirmos na obrigação de preparar os espectadores para o que aí vem. É essencialmente uma longa metragem sem grande escala ou ambição, um projecto sem fins lucrativos construido para ser colocado online gratuitamente. E qual seria o aluno de cinema que não gostaria de fazer um filme com Alex Cox?
Filme sem legendas.

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domingo, 11 de junho de 2017

Repo Chick (Repo Chick) 2009

Num futuro indeterminado Pixxi (Jaclyn Jonet, de "Searchers 2.0") é uma jovem rica e mimada, que é deserdada pela família e se vê obrigada a trabalhar como "repo woman", para sobreviver, a recuperar carros dos que não pagam as prestações, tal como Emilio Estevez fazia em "Repo Man". Para onde quer que vá é seguida por um grupo de amigos chatos, e por uma câmara que regista o seu dia para um programa de TV. 
"Repo Chick", realizado por Alex Cox, está a meio caminho entre um remake/sequela de "Repo Man", o seu filme de culto de 1984, não sendo nem uma coisa nem outra. Existe alguma semelhança entre os dois filmes, como o humor subversivo, mas a principal diferença está na forma como são tratados os temas destas duas obras: "Repo Man" era um filme sobre a alienação, e "Repo Chick" é um filme que está enraizado no anticapitalismo. A primeira parte de "Repo Chick" gira mais em torno das suas personagens coloridas, é a mais interessante, enquanto que a segunda parte é mais mecânica, e aí Cox espalha-se um pouco.
Alex Cox é um realizador que nunca joga pelas regras, e por isso já há alguns anos que estava preso a micro-orçamentos surreais, que por serem mais limitados, obrigavam-no a ser mais inventivo nos seus trabalhos, mas, tal como em "Searchers 2.0", a recepção da crítica também não foi muito boa. O elenco é sempre um atractivo nos filmes de Cox, e se os actores principais são alguns dos colaboradores habituais do realizador, conta também com algumas estrelas convidadas: Chloe Webb, Rosanna Arquette, Karen Black, entre outros.
Teve honras de estreia no Festival de Veneza, obviamente fora de competição.
Legendas em inglês.

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sábado, 10 de junho de 2017

Searchers 2.0 (Searchers 2.0) 2007

Dois actores, Mel Torres (Del Zamora) e Fred Fletcher (Ed Pansullo), descobrem que quando eram crianças participaram juntos num velho western, onde foram fisicamente atormentados pelo argumentista Fritz Frobisher. Descobrem que Frobisher irá fazer uma rara aparição em público, num evento no Monument Valley, o local preferido de John Ford. Decidem partir para lá no camião da filha de Mel, que também os acompanha, para ajustarem contas com o argumentista. A viagem é a parte mais cinéfila do filme, pois ambos sabem muito sobre westerns, e será o assunto da conversa ao longo da viagem.
Tal como as últimas obras de Alex Cox, "Searchers 2.0" é um filme minimalista. Produzido com um orçamento de $180,000 e rodado em apenas duas semanas em video digital, que funciona maravilhosamente em alguns momentos, principalmente na capturas das mesas do sudoeste americano. Por outras vezes, dentro dos edificios e dentro do carro, a imagem parece granulada e lamacenta. A viagem na estrada é gasta, sobretudo, com brigas e discussões, mas quando os nossos heróis chegam ao Monument Valley e há um objectivo claro entre mãos o filme transforma-se em algo magnífico. Até ali o filme era interessante como um objecto de guerrilha, mas não muito divertido de se ver.
O final é verdadeiramente inspirador, terminando tri-duelo a homenagear "O Bom, o Mau, e o Vilão", de Sérgio Leone, com cada um dos participantes a desafiar o outro a dizer nomes de duplos do filme de Leone ainda vivos. 
A produção desde filme, muito discreta, é de Roger Corman.
Filme sem legendas.

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Revengers Tragedy (Revengers Tragedy) 2002

Esta é a história de um homem cuja amada foi assassinada no dia de casamento, e o seu desejo de vingança. Numa Liverpool pós-apocaliptica do futuro, Vindici (Christopher Eccleston) regressa de um exílio auto-imposto, para derrubar os responsáveis pelo assassinato da sua esposa. Enquanto que a sua família se encontra a viver tempos difíceis, o assassino, conhecido como The Duke (Derek Jacobi), tornou-se num homem poderoso.
Verdadeiramente subversivo e rebelde, Alex Cox fez um filme semelhante a "Romeo & Juliet" de Baz Luhrmann e "Titus" de Julie Taymor, mas não adaptou uma peça de Shakespeare. Em vez disso escolheu uma peça do século 17 de Thomas Middleton, que, segundo o realizador, era o trabalho mais vil jamais feito em língua inglesa, e o produto de uma mente doente. Adaptar Shakespeare seria vulgar demais para Cox, e seria muito previsível, então, vamos lá adaptar uma obra de Thomas Middleton.
Cox actualiza a acção num futuro próximo, onde todos se vestem como punks, e onde tatuagens, piecings, caras pintadas eram a norma. A fotografia está cheia de cores deslumbrantes, e a excelente banda sonora da banda Chumbawumba dão ao filme um pouco de ar para se respirar. Por vezes o filme é dificil de se seguir, mas não nos podemos esquecer de que é um filme de Alex Cox.  Era a segunda colaboração entre Cox e o actor Christopher Eccleston.
Legendas em Inglês. 

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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Kurosawa: The Last Emperor (Kurosawa: The Last Emperor) 1999

Feito para ser exibido na televisão por Alex Cox, o documentário "Kurosawa: The Last Emperor" é uma crónica histórica bastante completa sobre a vida e a obra de Akira Kurosawa. Cox dá ao lendário realizador japonês um perfil bastante extensivo utilizando os detalhes e histórias de entrevistas com familiares, actores que com ele trabalharam, membros de equipas de produção, amigos e outros realizadores. Tudo isto incorporado com uma riqueza de imagens de muitos filmes de Kurosawa, e o resultado é um retrato informativo de não ficção, que fornece apenas uma perspectiva do legado de uma das figuras mais lendárias do cinema. 
Apesar de ter menos de uma hora, é um documentário que cobre muitos territórios. Começa com a infância do realizador, e através das entrevistas pinta um retrato muito pessoal da vida e do trabalho do homem até à sua morte. Psicanalisa a vida do realizador, sugerindo que certos eventos seminais (como o suicídio do seu irmão) moldaram em grande parte o seu trabalho, tematicamente. As informações fornecidas podem não ser muito interessantes para o espectador casual, mas para os fãs de Kurosawa ou os estudantes de cinema a sério, vai fazer querer ver todos os filmes do realizador novamente.
Documentário com legendas em inglês apenas nos diálogos em japonês.

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terça-feira, 6 de junho de 2017

Three Businessmen (Three Businessmen) 1998

Dois comerciantes de arte, um americano (Miguel Sandoval) e um britânico (Alex Cox), encontram-se no restaurante do hotel onde estão hospedados, em Liverpool. Os dois decidem procurar uma refeição nocturna, o que se torna problemático quando o inglês revela que é vegetariano. Enquanto seguem a busca por uma refeição minimamente aceitável para os dois, o ponto principal do filme é a discussão entre os dois para encontrarem um restaurante ideal.
Alex Cox no território da solidão e da alienação da paisagem urbana moderna. Bennie e Frank são os tipos de homens bem sucedidos nascidos para se adequarem ao mundo moderno, mas, na realidade, são figuras tristes, pouco realizadas, não estabelecendo muitas ligações entre si, e sem ligação aparente mais profunda do que têm com os jornais, telemóveis, ou computadores...
"Three Businessmen" é uma comédia absurda de Alex Cox, onde grande parte do orçamento foi gasto a comprar bilhetes de avião para a equipa de produção. Cox, como é evidente, tem um carinho especial pelas suas personagens perdidas, assim como pela cidades que ele escolheu para o filme. O argumento é escrito por Tod Davies, colaboradora ocasional de Cox, que nesse mesmo ano trabalharam em conjunto no argumento de "Fear and Loathing in Las Vegas", de Terry Gilliam.  
A influência de Cox neste filme é de Luis Buñuel, com o seu "O Discreto Charme da Burguesia", que também era sobre um grupo de pessoas que tentavam jantar, mas são constantemente desviados por eventos surrealistas. 
Legendas em inglês.

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domingo, 4 de junho de 2017

The Winner (The Winner) 1996

"The Winner" conta-nos a história de um homem comum, chamado Philip (Vincent D’Onofrio) que de repente tem uma mudança de sorte. Antes de tentar suicidar-se, num Domingo, vai até um casino de segunda categoria para derreter o que resta do seu dinheiro, só que desta vez ganha de cada vez que joga, e continua a ganhar (desde que seja aos Domingos). Esta onda vencedora atrai varias pessoas desonestas que pretendem tirar proveito da sorte de Philip, incluindo um trio de vigaristas com pouca habilidade para roubar, um irmão sociopata procurado pela lei,  e uma cantora de bares chamada Louise (Rebecca De Mornay), que também já apanhou o coração de Philip. Ela trabalha para o dono do Casino, a quem deve dinheiro.
Em 1995 Alex Cox estava em Cannes, a ajudar a promover "La Reina de la Noche" (1994), de Arturo Ripstein, filme no qual tinha participado como actor. Tinha aceite o papel para conseguir dinheiro para completar a versão cinematográfica de "Death and the Compass", e em Cannes foi abordado por produtores que queriam fazer uma versão cinematográfica de "A Darker Purpose", uma obra escrita por Wendy Riss. Cox leu o argumento e assinou, na esperança que o dinheiro chegasse para completar "Death and the Compass".
As coisas não correram bem entre Cox e os produtores, com o realizador a querer tirar o nome dos créditos do filme, embora o seu nome tivesse permanecido. A versão final que Cox tinha terminado foi rejeitada pelos produtores, que acabaram por lançar uma versão muito diferente. Ele tinha preparado uma banda sonora que dava ênfase ao lado mais irónico do filme, mas a banda sonora que foi incluída era muito diferente da pretendida pelo realizador. 
 Mesmo assim o filme vale a pena, por várias razões: a fotografia, com alguns takes longos que já eram habituais na filmografia do realizador, e o magnífico elenco: Vincent D’Onofrio, Rebecca De Mornay, Delroy Lindo, Michael Madsen, Billy Bob Thornton, Frank Whaley, entre outros.
Filme sem legendas. 

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sábado, 3 de junho de 2017

Death and the Compass (Death and the Compass) 1992

O detective Erik Lonnrot (brilhantemente interpretado por Peter Boyle), investiga uma série de bizarros assassinatos numa cidade futurista, sombria e caótica, administrada por um governo totalitário. Enquanto vai chegando perto da verdade, Lonnrot descobre uma complexa conspiração oculta, que o coloca em perigo de vida.
"Death and the Compass" oferecia a Alex Cox a oportunidade de adaptar uma obra literária pela primeira vez. Baseado numa história curta (originalmente intitulada de “La Muerte y la brújula”) de Jorge Luis Borges, publicada pela primeira vez em 1942, mas apenas traduzida para inglês em 1954. Era a peça central de uma trilogia de detectives que Borges escreveu, e foi publicada precisamente 100 anos depois de “The Mystery of Marie Roget”, também a história do meio de uma trilogia de Auguste Dupin, escrito por Edgar Allen Poe. A história de Poe influenciou a obra de Borges, mas a sensação de enclausuramento sentida na obra vem de Franz Kafka. 
Cox teve oportunidade de fazer este filme através da BBC, que lhe perguntou se estava interessado em fazer uma versão de “La Muerte y la brújula”, como uma colaboração para uma série de adaptações televisivas da obra de Borges, série essa que teve 6 episódios, cada um realizado por um realizador diferente. Um desses episódios era realizado por Carlos Saura, "El Sur". Esta série tinha como objectivo assinalar o 500 aniversário da invasão espanhola ao novo mundo. O filme que temos aqui hoje disponível ficou completo em duas fases: a primeira fase foi filmada em 1992 e acabou numa versão de 55 minutos, que foi exibida na televisão espanhola e na BBC. Um ano mais tarde foi filmado material adicional, para montar uma versão cinematográfica, mas a falta de recursos para a prós-produção e uma confusão sobre os direitos cinematográficos deixaram esta nova versão em espera.
A questão dos direitos acabou por ser um labirinto, como o próprio filme. Os direitos da propriedade da história estavam num produtor em Espanha, e problemas com os direitos no México e no Japão precisavam de ser resolvidos, antes do film
e saír cá para fora. Quando tudo ficou concluído o filme foi finalmente exibido, no Outono de 1996. 
Legendas em espanhol.

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quinta-feira, 1 de junho de 2017

Highway Patrolman (El Patrullero) 1991

Este "El Patrullero" não é nenhum Robocop, nem nenhum Mad Max. Na realidade, o filme leva todo o drama de acção policial como uma forma. No México, Pedro Rojas (Sosa) é o patrulheiro da estrada, que vai das suas noções idealistas de aplicação da lei, a uma desilusão amarga com a corrupção que encontra. Dirigido em espanhol pelo renegado realizador inglês Alex Cox, o filme é um estudo de personagem de um homem cuja honestidade inerente o leva a não ser bom. Primeiro conhecemos Pedro (o actor Roberto Sosa aparece em quase todas as cenas) nas suas aulas de patrulhamento fascista. Pedro termina o curso, mas está decepcionado porque o pai não apareceu na cerimónia de graduação, queria que ele fosse médico, e ele acaba por ficar colocado na zona do desolado deserto de Durango. Pouco a pouco ele é vítima do tradicional sistema de subornos, tentando descobrir como não fazer parte de um sistema, ele próprio corrupto. 
1991. A tentar recuperar do fracasso crítico e comercial de "Walker", Alex Cox lançou um pequeno filme de baixo orçamento. Cox vinha a resistir a fazer um policial porque não confiava nessa profissão, mas ficou interessado depois de conversar com um homem que tinha sido policia no México. O que o interessava era o tema da decência a ser corrompida, ou, como diz Cox, "uma história idealista onde o desejo de ser polícia é uma desilusão". 
Como em muitos filmes de Cox, "El Patrullero" está cheio de cameos interessantes, neste caso por actores mexicanos (o caso de Pedro Armendáriz Jr. é o mais conhecido). Com planos longos, e quase sem cortes, Cox segue o patrullero do título, enquanto ele se confronta com a corrupção dos narcotraficantes mexicanos e dos pequenos burocratas. Enquanto a sua sorte vai de mal a pior, o patrullero parece enquadrar-se com a noção de Cox sobre a impossibilidade de qualquer comportamento correcto possa levar a alcançar objectivos dignos. Mas, mesmo neste contexto, Cox faz um apelo humanista para a decência, mesmo quando as circunstâncias o desencorajam.
A circunstância mais saliente nesta história é a relação do México com os Estados Unidos. Os mexicanos exibem uma decência especial, mesmo que sejam abusados pelos vizinhos do norte. Tranquilamente, "El Patrullero" consegue fazer a crítica social que falhara em "Walker". Cox indaga que a violência nascia da ganância capitalista e um império americano delirante, bem como os seus efeitos corrosivos sobre o indivíduo. 
Legendas em inglês.

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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Os Imortais (Walker) 1987

William Walker e os seus mercenários entram na Nicarágua em meados do Século XIX para instalar um novo governo através de um golpe de estado. Tudo está a ser financiado por um multimilionário americano que tem os seus próprios interesses no país.
Recusando a esconder-se confortavelmente no passado, Alex Cox faz da sua sátira política uma crítica feroz sobre a intromissão dos Estados Unidos na América Central. Feito durante o apoio de Ronald Reagan aos Contras, este biopic histórico é uma acusção tão reveladora do direito dos Deuses dos Estados Unidos de espalhar democracias falsas que são, na verdade, ditaduras de exploração que apenas beneficiam as empresas americanas. Os ricos e famosos são implacavelmente ridicularizados como idiotas vulgares e cruéis cujo privilégio lhes permite fazer qualquer coisa. Dito isto, Walker é ao mesmo tempo, um herói e um representante desprezível de tudo o que é perigoso, niilista e sombrio sobre todos os poderosos. 
Este filme acabaria por torná-lo persona non grata em Hollywood, e, talvez, defina mais claramente a diferença entre dois pontos diferentes: um que é Cox e a política revolucionária através de Hollywood; no outro é Cox e a sua relação com a máquina de Hollywood. Provavelmente a máquina de Hollywood pode tolerar a política, mas apenas se não ameaçar o sistema. "Walker" ultrapassou claramente esse limite. Se a estética do filme é bem sucedida ou não é um assunto de discussão, mas o fracasso do filme como espectáculo político é fundamental para entender a diferença entre uma atitude punk como uma perspectiva crítica, e o mesmo como uma estratégica de marketing. 
Com brilhantes interpretações de Ed Harris e Peter Boyle, "Walker" também tem o seu mérito como um western, próximo da homenagem ao spaghetti que tinha sido o seu filme anterior, "Straight to Hell". Aqui, o modelo é Sam Peckinpah, o que faz sentido, porque o argumentista Rudy Wurlitzer também escreveu o argumento para "Pat Garret & Billy the Kid", um dos melhores filmes de Peckinpah. A banda sonora de Joe Strummer, amigo pessoal de Cox e fundador da banda The Clash, inspirou-se no trabalho de Bob Dylan no filme acima mencionado, mas também combina vários estilos. 

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segunda-feira, 29 de maio de 2017

A Caminho do Inferno (Straight to Hell) 1986

Um bando de assaltantes de bancos, com uma mala cheia de dinheiro, foge para o deserto para se esconder. Depois de enterrarem o produto do assalto, chegam a uma cidade completamente surreal, onde os habitantes são cowboys viciados em café. No inicio os habitantes da cidade são hostis para os visitantes, mas acabam por aceitá-los depois deles matarem algumas pessoas. A cidade é governada por uma família numerosa, os McMahon, que não ficarão muito satisfeitos com a chegada dos visitantes.
Escrito em três dias e filmado em três semanas, "Straight to Hell" é mais parecido com uma experiência de visualização do que qualquer outra coisa. Parece ter sido um veículo para filmar com uma série de ícones culturais, como Joe Strummer (fundador dos The Clash), Elvis Costello, Jim Jarmusch, Courtney Love, e não esquecer os músicos dos The Pogues. Filmado em Espanha, o filme tenta ser um spaghetti western de avant garde (Alex Cox era um grande fã de spaghetti westerns), com dois gangs rivais a enfrentaram-se um ao outro. "Straight to Hell" poderia ter sido uma excelente oportunidade para homenagear este género. O timing estava certo, e Cox estava anos à frente de Robert Rodriguez, Quentin Tarantino e outros realizadores que se tornaram ironicamente retros na década seguinte. Infelizmente, a parte satírica está demasiado forçada, e apesar de uma belíssima fotografia e alguns momentos inteligentes de homenagem, "Straight to Hell" acabou, como diz o seu próprio nome, por ir ter directamente ao inferno. 
Tal como na maioria dos seus filmes, "Straight to Hell" contém muito mais política do que aparenta. No entanto é diferente dos seus melhores filmes: com cenários numa Espanha empoeirada, que antes pertenceram a um filme de série B de Charles Bronson, Cox criou uma alegoria incoerente, vítima de demasiada espontaneidade na produção, e muito pouca consideração como sustentar uma crítica ideológica.
Apesar de alguns elementos cómicos, "Straight to Hell" era um prelúdio para "Walker", um filme mais sério que Cox realizou pouco depois. Segundo o próprio realizador, o filme teve origem numa tournée que ele organizava com os The Pogues, Joe Strummer, e alguns outros músicos, que viajariam até à Nicarágua para mostrar a sua solidariedade com os Sandinistas. Não conseguiram arranjar dinheiro para os concertos, então, como alternativa resolveram fazer este filme em Espanha, à última da hora, para aproveitar o pouco dinheiro que tinham, e as estrelas do mundo da música. Segundo Cox, é por isso que o filme está cheio de estrelas musicais O título, "Straight to Hell", vem de uma canção dos The Clash, e era suposto ser uma visão punk do spaghetti Western. 

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domingo, 28 de maio de 2017

Sid & Nancy (Sid and Nancy) 1986

“Sid e Nancy” conta a história verídica de um relacionamento muito estranho, pateticamente infeliz e terrivelmente desastroso de dois indivíduos terrivelmente auto-destrutivos. Vagamente baseado no caso de amor volátil do baixista dos The Sex Pistols, Sid Vicious e a sua groupie americana, Nancy Spungen, o filme começa como qualquer outro romance de conto de fadas – o rapaz conhece a rapariga, as diferenças mantêm-nos separados, mas depressa eles se unem para viver felizes para sempre. Só que esta história começa com uma nota sombria e ficando progressivamente pior. A felicidade para sempre é pura fantasia, algo que em última análise só existe nas suas mentes. Mas, apesar de tudo isto, o amor e o compromisso com o outro é chocantemente genuíno e mais honesto do que o visto na maioria dos filmes de Hollywood.
Alex Cox alcançou o seu sucesso comercial com o seu segundo filme, "Sid & Nancy", e fê-lo sem qualquer compromisso político ou artístico.  Longe de ser um realizador comercial, Cox manteve o seu surrealismo punk na assinatura, enquanto trabalhava no mainstream mais em termos de estrutura narrativa e caracterização. "Sid & Nancy" é a história de um viciado que é saudado como um avatar de autenticidade (no filme representa a rebelião, enquanto as estrelas mais velhas representam decadência e compromisso).
O argumento, escrito pelo próprio Alex Cox e Abbe Wool, está cheio de imprecisões e feito principalmente a partir de conjecturas, mas isto faz parte da intenção de Cox, onde o foco deliberado é apenas sobre os personagens do título, e não sobre a história dos Sex Pistols, o vocalista Johnny Rotten ou o seu empresário Malcolm McLaren. Cox faz um óptimo trabalho ao manter Sid e Nancy como ponto focal em toda a história, enquanto que a música apenas parece surgir em torno deles, como a entrevista de Bill Grundy na TV e a performance da banda no rio Tamisa.
Gary Oldman e Chloe Webb, ambos em inicio de carreira, interpretam os dois protagonistas, e a cantora Courtney Love tem uma pequena participação. 

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sábado, 27 de maio de 2017

O Clandestino (Repo Man) 1984

Um punk rocker frustrado abandona o seu trabalho num supermercado depois de agredir um colega de trabalho e, mais tarde, é abandonado pela namorada numa festa. Vagueando pelas ruas é recrutado por um "repo man" (agente de cobranças) para recuperar um carro. Depois de saber que os seus pais doaram o seu fundo da universidade, decide juntar-se a uma agência de repo men  (Helping Hand Acceptance Corporation), como aprendiz. Durante o treino é introduzido ao mundo mercenário e paranoico dos motoristas, fica amigo de um teórico de conspirações de extraterrestres, é confrontado por outros agentes rivais, e descobre que alguns dos seus amigos de infância passaram para o mundo do crime.
"Repo Man" é talvez mais conhecido pela extravagancia da banda sonora, que inclui uma série de nomes do punk e hardcore dos anos oitenta, liderada por nomes como Iggy Pop e The Circle Jerks, que fazem um pequeno cameo como uma banda acústica num bar. No entanto, por muito que este seja considerado um "filme punk", a mensagem mais importante que fica, é a crítica ao capitalismo da era-Reagan.Ostensivamente, o repo man, com todas as conotações negativas que o seu trabalho pode trazer, está a fazer o trabalho que deve ser feito. Se alguém não pagar algo, tem de sofrer as consequências do seu acto, mesmo que não seja o culpado, ou não tenha forma de o fazer. Mas, como diz uma personagem, o Repo Man só come o que os tubarões do capitalismo não querem. 
"Repo Man"acaba por não ser um filme sobre cobranças, nem sobre carros. É sobre a luta da liberdade contra o consumismo e a religião, que é apenas outra forma de consumismo segundo o realizador e argumentista Alex Cox. Era a primeira longa metragem de fundo do realizador, que se estreava na realização aos 30 anos. Passado no deserto que era então o centro de Los Angeles, na era do Punk, este filme é, de certa forma uma visão de um outsider sobre a cultura americana, já que o realizador era um inglês que tinha aterrado naquele país uns anos antes.
O sucesso foi tal que, a partir deste momento, Cox começou a ser considerado uma das grandes esperanças do cinema americano independente. Destaque ainda para o elenco, que incluía Emilio Estevez, acabado de saír de "The Outsiders" de Francis Ford Coppola, e Harry Dean Stanton.

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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Alex Cox - O Último Maverick

Nasceu em Liverpool e estudou em Oxford, antes de se mudar para Los Angeles no final dos anos setenta, para frequentar a escola de cinema na UCLA. A carreira de Alex Cox desenrola-se em paralelo com a do cinema independente americano dos últimos 30 anos. Durante este tempo Cox fez a transição de wonderkid dos estúdios financiados, para um realizador indie transnacional, trabalhando no que ele chama de "microcinemema", filmes feitos com muito pouco dinheiro, filmados digitalmente, e distribuídos por distribuidoras pequenas e aventureiras. Esta trajectória coloca-o em rota com muitos dos realizadores que o inspiraram, como Samuel Fuller ou Monte Hellman.
De certa forma, o cinema de Cox representava o último suspiro do que sobrava do "studio system" dos anos 70. "Repo Man" foi produzido pela Universal, assim como "Walker". Este último era filmado na Nicarágua, e criticava a política externa dos Estados Unidos em relação ao governo Sandinista liderado por esse país, marcando assim a última vez que Cox trabalhava para Hollywood. Desde então, Cox foi construindo uma carreira minimalista, procurando ele mesmo os cenários para os seus filmes, e financiamento em países como México, Grã-Bretanha, Holanda e Japão. Uma das suas maiores descobertas foi o Oeste, do México e dos Estados Unidos, local onde passaria mais tempo, vindo posteriormente a dar aulas na Faculdade do Colorado, Boulder, e cenário de numerosos filmes, de "Straight to Hell", a "Searchers 2.0".
O seu trabalho posterior a "Walker", do ultra realista "El Patrullero" aos prazeres surreais de "Revengers Tragedy", todos contêm o mesmo entusiasmo pela anarquia descontrolada que os filmes anteriores, só que o fazem de forma mais moderada e calculada. Ao contrário de "Walker", estes elementos não parecem querer voltar-se contra si próprio, enquanto que Cox em "Walker" parecia deleitar-se com a sua auto-destruição.
O amor de Cox pelo cinema é evidente em numerosos artigos e livros, assim como a sua passagem pelo programa da BBC "Moviedrome",  centrado-se principalmente nos cineastas que revigoraram o seu trabalho com a vitalidade e o impulso do cinema de género, tais como Ford, Kurosawa, Leone, Peckinpah e Roeg. Inspiração e homenagem a estes autores ocorrem frequentemente nos filmes de Cox, mas ele está longe de ser um Tarantino "à letra", evita o pastiche cínico por causa de uma crença apaixonada no cinema como crítica - do consumismo, da guerra como política externa, da fúsão e da política dos mídia - e como uma forma de arte.
Durante este ciclo vamos fazer uma análise profunda à sua carreira. Para além dos filmes, este será um ciclo quase integral (contém algumas grandes raridades, que por isso terão de ser publicadas sem legendas, mas faladas em inglês), também terá livros, ensaios, e pedaços de introduções de filmes, dos seus tempos do Moviedrome. Também podem passar pelo seu site, onde tem muitos artigos sobre os seus filmes.
Os filmes começam amanhã. Bom ciclo.