quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Marketa Lazarová (Marketa Lazarová) 1967

 

A reputação de František Vláčil, o falecido realizador Checo tão bem referenciado na sua própria terra, mas praticamente ignorado no exterior, passou por uma mudança radical recentemente. Um empurrão colectivo de críticos, cinéfilos e distribuidores, gradualmente, foram garantindo um lugar para Vláčil entre os grandes. O BFI contribuiu para o processo de recuperação póstuma e reconhecimento com uma retrospectiva do trabalho de Vláčil, o crítico Peter Hames tem trabalhado incansavelmente e de forma brilhante na causa - com o apoio da comunidade online e assegurando um pacote de lançamentos em DVD.
"Marketa Lazarová" (1967), obra-prima de Vláčil, tem sido frequentemente considerado como "o maior filme checo de todos os tempos." Uma centena de críticos checos rotularam-no como tal numa sondagem para marcar o centenário do cinema Checo em 1998 e, para o bem e para o mal, a lenda ganhou raízes. Um monumental épico em wide-screen passado no século 13, foi certamente o mais ambicioso projecto em terras da Checoslováquia. Com um orçamento várias vezes superior do que teria, então, sido normal para filmes produzidos no Barrandov Studio, o filme utilizava mais de 58.000 metros de película. Farto de filmes que representavam o passado, apresentando "pessoas contemporâneas vestidas em fatos da época", Vláčil insistiu que os seus atores vivessem os seus papéis. "Marketa Lazarová" foi filmado ao longo de 200 dias, em condições de terreno duras, exigindo um compromisso da parte da sua equipa e do elenco de 40 actores e 600 figurantes, muitos dos quais viveram no local durante longos períodos de tempo, durante as filmagens - no gelo, na neve, e vestidos com trapos.
O filme, adaptado de um romance vanguardista de Vladislav Vančura, de 1931, conta duas histórias de amores singulares e trágicos, e está dividido em duas partes (Parte 1: Straba o Lobisomem e a Parte 11:. O Santo Cordeiro). Cada parte é subdividida em vários capítulos.A história gira em torno da família Kozlík: o velho patriarca, Kozlík, a sua mulher, Katrina, e os oito filhos e nove filhas - em especial Mikoláš (aparente herdeiro de Kozlík), Adama-Jednorucka e a sua irmã, Alexandra. 
Mikoláš e o irmão Adama roubam viajantes para o seu pai tirano, Kozlík. Durante um de seus "trabalhos" acabam com um jovem alemão como refém, cujo pai foge para levar a notícia do rapto e do roubo ao rei. Kozlík prepara-se para sofrer a ira do rei, e envia Mikoláš para pressionar o vizinho Lazar para se juntar a ele na guerra. A persuasão falha, e Mikoláš para se vingar rapta a filha de Lazar, Marketa, quando ela estava para entrar num convento. O rei, entretanto, prepara um exército e o religioso Lazar será chamado para lutar contra Kozlík.
Estas são algumas simples dicas de um enredo coerente mas complexo e fragmentado. O interesse de Vláčil, contudo, não estava no enredo, mas na psicologia, no tempo e no lugar. Quando aparece o título do filme nos créditos de abertura - com a palavra Marketa escrita num script gótico, e a palavra Lazarová numa fonte contemporânea - imediatamente anuncia que o filme vai combinar o antigo e o moderno. Vláčil invoca uma fábula medieval no que pode hoje em dia ser chamado de "forma de ponta." Hostil a dramas históricos convencionais, com as suas fórmulas narrativas e tendência para higienizar o passado, Vláčil procurou, paradoxalmente, evocar o século 13 com uma autenticidade nascida da obsessão, ao implantar todas as inovações formais que conseguiu reunir. Vláčil estudou as condições de vida e as tradições das tribos "primitivas" (leia-se antropologia, história e mitologia) vorazmente, e meticulosamente preparou os seus actores na psicologia dos seus personagens. As roupas, ferramentas e armas usadas replicaram a Idade Média até aos mínimos detalhes. Os diversos locais foram sondados pela sua semelhança com as paisagens e habitações daqueles dias.
Muito influenciado pelas pinturas pré-modernas ou proto-modernas de Pieter Bruegal, Vláčil escolheu cuidadosamente os actores, a maioria dos quais eram amadores, e foram escolhidos pelos atributos físicos de acordo com a época feudal. Antes de aparecer no filme, František Velecký (Mikoláš) era um engenheiro de construção, Vlastimil Harapes (Kristian) foi um dançarino e Pavla Polaskova (Alexandra) uma designer. Marketa Lazarová foi interpretada por Magda Vášáryová, filha de professores (Vášáryová tornar-se-ía mais tarde, sucessivamente, embaixadora da Checoslováquia para a Áustria, embaixadora da Eslováquia para a Polónia, e secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros). Mesmo os movimentos dos animais envolvidos - quatro falcões e uma águia, uma ovelha, uma cabra, uma serpente, veados, cavalos incontáveis ​​e lobos - foram muitas vezes orquestrados sobre um controle de direcção apertado. 

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