terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O Túmulo Vazio (The Body Snatcher) 1945


"The Body Snatcher" continuava a vaga de filmes de terror inteligentes do produtor Val Lewton para a RKO, uma série de filmes de série B com alguns sustos e emoções fortes, mas que sempre superavam o seu objectivo modesto. Os filmes de Lewton eram extraordinários, não apenas por causa atmosfera lúgubre como pelo aclamado uso inventivo de sombras para sugerir o horror em vez de mostrar-lo diretamente. Para Lewton, estas produções de terror de baixo orçamento tornaram-se numa maneira de explorar a atracção sexual e estranheza (Cat People), questões de classe (The Leopard Man) e a psicologia da infância (The Curse of the Cat People). The Body Snatcher é, superficialmente, um conto de um silêncio assustador de assassinos em série que incorpora tanto de uma história da vida real do início do século XVIII, dos assassinos Burke e Hare, como de uma curta história de Robert Lewis Stevenson baseada nesses eventos. Burke e Hare eram uma dupla de assassinos que mataram 18 pessoas e depois venderam os cadáveres das suas vítimas para o Medical Edinburgh College, onde os médicos essencialmente eliminavam as provas através da dissecação. O filme capta os temas subjacentes deste incidente macabro, investigando as questões da moralidade levantadas pela história: os compromissos envolvidos na investigação científica, o valor comparativo de vidas humanas e a ética da profissão médica em geral.
Dr. MacFarlane (Henry Daniell) é um pesquisador respeitado, o chefe de uma escola para médicos em formação e um especialista em anatomia. No entanto, a sua prática está contaminada pela associação com o sinistro John Gray (Boris Karloff), um homem monstruoso que cava sepulturas e fornece o hospital, mais propriamente o médico, com um suprimento constante de cadáveres para dissecção e estudo. O médico vê Gray como uma terrível necessidade, uma maneira de contornar as leis que ele acredita que restringem a pesquisa científica e limitam o progresso da medicina. Se Gray poder fornecer a escola com mais cadáveres, segundo MacFarlane, poderá treinar melhores médicos que podem, mais tarde, salvar mais vidas. No entanto, as justificações à parte, Gray também parece ter uma enorma influência sobre o médico, pois eles aparentemente já se conhecem desde hà muitos anos e estavam de alguma forma envolvidos juntos nos crimes de Burke e Hare. MacFarlane arrasta o seu jovem assistente Fettes (Russell Wade) para a história, para este receber os cadáveres de Gray, assinando e pensando que eles eram obtidos através de meios legais. 
Lewton, em conjunto com o realizador Robert Wise, criam uma atmosfera tipicamente obscura e sombria. As ruas de Edimburgo, parece constituir-se principalmente de becos escuros através dos quais os personagens sinistros como Gray, podem circular, com a sombra estendia por todas as paredes. O design do som é igualmente impressionante. Uma pedinte que parece estar constantemente em volta da acção, preenche a noite com canções melancólicas. O constante trote do cavalo de Gray, com os cascos ecoando no vazio da noite, enquanto puxam a carruagem, sinalizando a chegada da desagradável carga, durante a noite.
 O desempenho de Karloff como Gray é poderoso e surpreendentemente complexo. Karloff tem uma presença intimidante, especialmente quando revela a sua técnica com uma só mão para sufocar as vítimas. Este personagem sinistro torna-se claro que é mais complexo do que um simples vilão de filme de terror, porque na realidade ele é um homem solitário e pobre, com muito pouco para viver para além da sensação de poder que recebe de associar-se com um médico famoso como MacFarlane. Há uma nota de tristeza na interpretação de Karloff, um leve núcleo emocional sob a superfície do mal. Esta complexidade marca Karloff como um dos grandes nomes do cinema de terror. Este filme foi a sua última colaboração com o seu companheiro, e também ícone dos anos 30 e 40, Bela Lugosi, que tem aqui um papel menor, como o servo de Karloff, Joseph. O confronto entre estas duas lendas da tela é terrivelmente desequilibrado. Aqui, Karloff domina claramente Lugosi, mas é muito divertido ouvir o actor húngaro dizer, através de seu sotaque característico, "I'm from Liverpool".

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