quinta-feira, 7 de junho de 2018

Nova Vaga do Cinema Inglês

A Nova Vaga do Cinema Inglês durou poucos anos, mais ou menos desde 1959 até 1963, e a sua produção passou de pouco mais do que a dúzia de filmes, mas, embora em pequeno número, foram obras influentes, e poderosamente evocativas, o suficiente para levar os principais críticos a falarem numa espécie de "renascimento do cinema britânico".
O movimento apareceu no final de uma década que tinha sido bastante desanimadora em termos de qualidade dos filmes, repleta de comédias leves, filmes de terror góticos, ou intermináveis filmes da segunda guerra mundial, e assim esta Vaga foi recebida pelo público como uma lufada de ar fresco.
A Inglaterra de hoje é definida pela classe, mas durante a década de 50 as divisões entre a população eram muito rígidas. Os filmes da Nova Vaga, e as fontes que os inspiraram, deram a voz à classe operária, que pela primeira vez estava a ganhar poder económico. Anteriormente as personagens da classe trabalhadora no cinema inglês eram usadas basicamente para efeitos cómicos, ou o chamado "carne para canhão". Mas aqui vemos as suas vidas no centro da acção, uma acção onde eram detalhadas o dia a dia das suas vidas.
Os realizadores principais desta vaga foram Tony Richardson, Karel Reisz, John Schlesinger e Lindsay Anderson. A maioria deles vinha do teatro, principalmente do Royal Court Theatre, onde Richardson tinha encenado peças de John Osborne, as notáveis "Look Back in Anger" e "The Entertainer" que receberam grande aclamação. Na verdade, a maioria das produções pertencentes a esta vaga eram produzidas pela Woodfall films, uma produtora que tinha na sua liderança precisamente Richardson e Osborne, que tinham como objectivo passar estas peças para o cinema, o que realmente fizeram, com actores como Richard Burton ou Laurence Olivier como protagonistas.
Interessante como apenas "Room at the Top" (1958) e "Look Back in Anger" (1959) olhavam directamente para o conflito entre a classe trabalhadora e a classe média. Os filmes posteriores focavam-se nos conflitos dentro da classe trabalhadora, contrastando os "rudes" (os muito pobres, não qualificados, criminosos e hedonistas) representados por personagens como o Arthur Seaton de "Saturday Night and Sunday Morning", ou o Colin Smith de "The Loneliness of the Long Distance Runner", com os "respeitáveis" (respeitados, habilidosos e moralistas), como os heróis dos filmes de John Schlesinger, o Vic Brown de "A Kind of Loving" (1962) ou o Billy Fisher de "Billy Liar" (1963).
Todos estes filmes, e não só, poderão ver por aqui, no M2TM, nas próximas três semanas. Espero que aproveitem, e bom ciclo.


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