quarta-feira, 8 de agosto de 2018

A Vergonha (Skammen) 1968

Jan (Max von Sydow) e Eva Rosenberg (Liv Ullmann) são um casal apaixonado, habituado a discutir, que mora numa pequena ilha isolada, sem nome, na costa de um país também sem nome, envolvido numa guerra cívil, para o qual o casal apolítico prefere ficar distante. Ambos são violinistas clássicos que se mudaram para esta ilha há quatro anos atrás, quando a sua orquestra foi desfeita. Quando o inimigo ataca a ilha, ficam ambos ligados a esta guerra, de uma maneira ou de outra.
Ingmar Bergman, um realizador apolítico, dirige uma parábola sombria, passada num ambiente bucólico de uma quinta pacífica. Fala sobre o que a miséria da guerra causa a todos os envolvidos, já que não há forma de o evitar quando começa. O objectivo é forçar-nos a encarar a realidade de que qualquer um dos lados de uma guerra é capaz de infringir grande crueldade, e que a guerra só serve para nos desumanizar, à medida que exerce forças externas das quais muitas vezes não temos controle. Neste drama de guerra alegórico, nenhuma das posições dos lados é declarada e Bergman quer deixar claro que não importa quem está certo ou errado, porque pretende fazer uma declaração geral condenando todas as guerras como erradas.
"A Vergonha" foi nomeado como melhor filme do ano para a National Society of Film Critics, mas passados cinquenta anos é quase considerado um filme menor na carreira de Bergman (se é que há filmes menores). Talvez tivesse mais impacto se tivesse sido feito sobre uma guerra específica. Por exemplo, a guerra que estava a ser mais badalada nesta altura era a Guerra do Vietname. Acontece que dois anos antes, em "Persona", Bergman tinha utilizado imagens famosas de um monge vietnamita a queimar-se vivo, e por causa disso tinha sido considerado anti-guerra do Vietname, e recebido más críticas nos Estados Unidos.
Filme escolhido pela Dora Domingos. 

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