segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Uma Rapariga no Verão (Uma Rapariga no Verão) 1986
Isabel é uma adolescente, como tantas outras adolescentes portuguesas, mas talvez não… é única, como singulares podem ser todas as vidas a ganhar a forma própria. No final deste período da vida em que a ponte para o estado adulto parece tão perto como essencial, esta "Rapariga no Verão" deixa-se arrastar pelos sonhos, lançando-se à procura da independência, quer em termos familiares, quer profissionais. Mais do que tudo, esta jovem quer ser feliz e experimentar o amor. E não é fácil perceber "porque é que os outros a fazem esperar?"
Durante os cinco anos em que Vitor Gonçalves fabricou este filme, ele mudou muito. De título, chamava-se Conrádio no início), de argumento, de duração (pensado e financiado como uma média-metragem havia de se tornar longa à custa da persistência do seu autor).
Pelos defeitos do filme (como por exemplo irregularidade da fotografia) responderá essa gestação atribulada, a falta de meios financeiros, a rodagem entrecortada, as filmagens com película de diversa origem, ás vezes cedidas de sobras de outras fitas...Era um milagre que "Uma Rapariga no Verão" fosse tecnicamente irrepreensível e, sabe-se, milagres desses não existem em cinema. Já é muito bom que, para quem saiba olhar, esteja aqui uma estimulante estreia cinematográfica tanto mais importante quanto pautada pela ausência de certezas, pelo gosto da elipse, pela atenção ao espaço sonoro, pelo rigor aliado à demanda de uma liberdade desconcertante e, acima de tudo, pela permanente interrogação do cinema e dos seus materiais.
E há, claro, a descoberta de Isabel Galhardo que bem poderia ter sido o emblema de uma nova geração do cinema português. Infelizmente foi o seu único filme. Era bom que o futuro do cinema português fosse tão livre e tão urgente como este filme. Pedro Costa era assistente de realização.
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1 comentário:
Há anos que procurava este filme, que vi na saudosa RTP2 nos anos 80.
Muito obrigado, Chico
closer
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