sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
O Ouro de Nápoles (L'oro di Napoli) 1954
O monte Vesúvio paira sobre quatro histórias passadas em Nápoles, onde De Sica passou os seus primeiros anos: um palhaço explorado por um gangster, uma vendedora de pizzas inconstante (Sofia) que perde o anel do marido; o jogador Count Prospero B. derrotado por uma criança, o casamento inesperado e invulgar de Teresa, uma prostituta.
Originalmente, O Ouro de Nápoles consistia em 5 episódios filmados, um dos quais lidava com o funeral de uma criança mas foi excluído antes do lançamento do filme (uma outra história nunca foi filmada). Exibido na Europa em 1954, o filme não chegou aos EUA até 1957. Aqueles que preferem os filmes neorealistas de De Sica vão se sentir traídos do seu rigor artístico e filosofia de ativismo social. Aqui o ambiente é a comédia, embora num tom mais grave. Martin Scorcese, no seu documentário espirituoso e esclarecedor sobre o cinema italiano, Mi Viaggi in Italia, diz que, na obra de De Sica rir e chorar são como dois lados de uma moeda que pode ser invertida a qualquer momento, uma qualidade que ele se esforça nos seu próprios filmes. De Sica cresceu em Nápoles, Florença e Roma, e andava sintonizado com os diferentes comportamentos dos habitantes de cada cidade. Este filme reflete o seu amor pela perspectiva napolitana expansiva e bem-humorada sobre a vida. A atmosfera pungente da cidade, anuncia um regresso à sua carreira inicial como um ator cómico. O Ouro de Nápoles capitaliza o senso inato e teatral de De Sica. Notam-se em todas estas histórias, as vistas da cidade a partir das inúmeras varandas, o drama de andar pelas ruas e ouvir os vendedores de rua, e a importância de ter um público para todos os dramas da vida diária.
De Sica originalmente era um actor muito popular, o "Cary Grant italiano" para ser mais preciso. Era uma grande estrela dos que eram chamados os "white telephone films", onde o cinema italiano tentou recriar o glamour do cinema de Hollywood. De Sica tinha começado na contabilidade, e sonhava ser um caixa de banco, mas o pai insistiu que ele abandonasse a profissão para o mundo do espetáculo. De Sica fez mais de 160 filmes como actor, começando na era do cinema mudo, e apresentando-se em palco por mais de 20 anos. Também entrou numa série de filmes em língua Inglesa, em parte para financiar os seus projetos de realização, bem como apoiar tanto uma esposa como uma amante e as suas respectivas famílias. De Sica também andou com falta de dinheiro por causa do seu vício compulsivo do jogo, e os seus filmes eram muitas vezes resultado duma necessidade urgente de dinheiro.
O Ouro de Nápoles tem como base os contos de Giuseppe Marotta, filmado em exteriores e interpretado por um elenco estelar. O autor juntou De Sica ao seu frequente colaborador Cesare Zavattini na criação do argumento. Do elenco fazem parte Silvana Mangano, Sophia Loren e o actor cómico Totò.
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