No passado dia 5 de Maio o Céu ganhou mais uma estrelinha, e nós perdemos um dos poucos cineastas italianos resistentes, desde a década de sessenta.
Ermanno Olmi frequentou uma escola de Ciências, e tirou vários cursos de interpretação na Academia de Artes Dramáticas de Milão. Aprendeu sobre cinema quando trabalhava na Edisonvolta, uma grande companhia eléctrica de Milão. Ali dirigiu mais de 40 curtas-metragens e documentários informativos sobre a empresa, entre 1952 e 1961. A sua primeira longa-metragem chamava-se "Il Tempo si è Fermato", uma análise sobre a relação entre dois guardas que são obrigados a passar o tempo juntos. O sucesso deste filme levou-o à formação da 22 December S.p.A., uma produtora co-fundada por Olmi que distribuiu o seu primeiro filme comercial, "Il Posto", uma história melancólica sobre o isolamento de um jovem, logo seguido por "I Fidanzati" (1962), sobre as dificuldades de um jovem casal milanês durante um trabalho temporário na Sicília.
Depois voltou-se para temas como o catolicismo e a estrutura das classes, que dominaram o seu trabalho até à década de 90. É estranho que tão poucos realizadores italianos sejam considerados religiosos, pelo menos no sentido em que os seus filmes tenham incluídos sinais da sua fé. Entre as poucas excepções estão Rossellini, de um modo mais complexo Pier Paolo Pasolini, e de forma mais enfática Ermanno Olmi.
A sacralidade da vida, a dignidade do trabalho e a busca do homem pelos valores espirituais mais elevados são temas que coloram profundamente a sua obra. É impossível olhar para os seus filmes sem levar em conta o seu cristianismo.
Nos próximos dias vamos fazer uma passagem, algo rápida, pois incluirá 12 filmes, da carreira deste grande realizador. Serão poucos filmes, mas os suficientes para terem um contacto mais aprofundado com a obra do realizador. Espero que gostem.
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