Margot, que vive num confortável apartamento de classe média, teme estar a dicar louca depois de ter o segundo filho. O marido Kurt, que está ocupado a estudar para um exame, não entende a situação. A nora e a sogra são muito hostis para ela, que recorre a Valium e ao alcool para parecer simpática, mas sem sucesso.
Originalmente produzido para a televisão alemã, é mais um Fassbinder no topo de forma, mais uma homenagem muito auto-consciente aos filmes de Hollywood dos anos quarenta e cinquenta, particularmente Douglas Sirk e Alfred Hitchcock. Estes filmes tinham sido ridicularizados no passado - eram o que se podia chamar de "filme de mulheres" - mas eram tão cheios de angústia e tensão, que acabaram por inspirar Fassbinder.
Fassbinder deixa claro que não existe qualquer tipo de ajuda profissional para as dores de Margot. Ela é uma mulher que além de todos os seus tumultos interiores, não é capaz de lidar com os problemas e comunicar com os outros. Os profissionais não tinham soluções para o problema de Margot, excepto oferecer o apoio moral de que tudo ficaria bem se seguissem os habituais tratamentos caros. Margot não se sentia confortável a desabafar dos seus problemas com o marido, que se foi afastando. A sogra e Lore eram vistos como monstros, que a espiavam pelos cantos e protestavam, acusando-a de não ser normal como elas.
Uma grande interpretação de Margit Carstensen, habitual nos filmes de Fassbinder, e magistral no papel de mulher alienada, alguém que perdeu toda a noção da realidade e não consegue encontrar o seu lugar no mundo. Ela desesperadamente procura um amor que não consegue encontrar no seu ambiente social, nem nas drogas, nem no álcool, nem na terapia nem no sexo, ou mesmo através de uma canção de Leonard Cohen sobre a tentativa de viver sozinho, que é o que ela faz quando está em casa.
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