Adaptado de um livro de Vladimir Nabokov por Tom Stoppard, o único filme de Fassbinder em inglês exibe uma bizarra e surreal mistura de influências e estilos. Um drama de período em torno de um exilado russo chamado Hermann Karlovich (Dirk Bogarde), que se apresenta como um fabricante de chocolate na Alemanha de Weimar. O fabricante de chocolate para por uma crise de meia idade. A sua mulher, que ele considera uma idiota, arranja um amante. A sua empresa está à beira da falência, e o nacional-socialismo ganha terreno. Hermann elabora um plano desesperado, pretende assumir a identidade de outro homem, trocando de roupa com um vagabundo, e esperando assim não ser descoberto...
Um filme difícil de se lidar, facilmente incompreendido, não tanto pela perversão da narrativa, mas mais porque subverte a intenção do seu autor - enquanto permanece totalmente fiel à letra do texto. Ergue-se entre as adaptações mais extraordinárias de um romance para cinema.
No seu livro Nabokov intencionava fazer uma paródia a Dostoyevsky e a todos os seus seguidores. Uma história absurda da traição de um louco. A narrativa é intencionalmente cruel, onde o "herói" é ridicularizado por todos, pela vida, por Nabokov, pelos outros personagens, e pelo leitor. Nabokov tem apenas pretensões artísticas para Hermann, enquanto Fassbinder leva a sério o seu sofrimento. Fassbinder dedica o filme a Van Gogh, Artaud e Unica Zürn, cada um deles um arquetipo romântico do artista como uma má pessoa. É importante perceber o quanto diferente o livro é do filme.
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