sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

A Viagem ao Céu da Mãe Küster (Mutter Küsters' Fahrt zum Himmel) 1975

Frau Kusters está a preparar o jantar numa tarde normal, numa cozinha aparentemente normal, em Frankfurt. A senhora Kusters quer adicionar salsichas enlatadas no ensopado, mas a sua irritante nora pensa o contrário. Depressa descobrimos o que se está a passar. O senhor Kusters matou o director de pessoal na fábrica onde trabalha, o que coloca a Frau Kusters no centro de uma rede de acontecimentos.
"Mother Küsters Goes To Heaven" praticamente começa onde "Why Does Herr R. Run Amok?", um filme anterior de Fassbinder, nos deixou. O primeiro termina com o personagem principal do filme, lentamente desgastado pelo trabalho e pela vida doméstica, a matar a esposa e a mãe antes de se matar a ele próprio. Este filme começa a partir de um ponto semelhante, quando o trabalhador Hermann mata o chefe e a seguir mata-se a ele próprio, antes do filme começar. A onda de violência acontece fora da tela, e a família ouve isso pela rádio, sem qualquer nome ligado, antes de um homem bater à sua porta para informar do que aconteceu. O que se segue, é uma crónica bastante sombria de Emma Küsters (Brigitte Mira), cercada por todos lados por crueldade, manipulação e abandono, na sequência da morte do marido.
Mais uma vez Fassbinder debruça-se sobre a manipulação e o aproveitamento das desgraças dos outros, e este é, provavelmente, o seu retrato mais negro e inflexível destes tipos de comportamento. O filme é exagerado ao ponto da caricatura, principalmente nas sequências iniciais, quando os repórteres cercam a casa de Kusters, insistindo em perguntas que estarão apenas destinadas a reforçar as histórias sensacionalistas.
O filme é um retrato mordaz e emocionalmente complexo da alienação urbana e do jornalismo sensacionalista. Fassbinder ilustra a atmosfera claustrofóbica com um reflexo da natureza intrusiva de apetite insaciável do público para o entretenimento da tragédia humana. Ao longo do filme existe uma persistência da senhora Kusters em entender a razão por trás do acto inexplicável do seu marido, e um esforço em apresentar um lado positivo para a vida incompreendida de Hermann, Fassbinder cria uma acusação cáustica da manipulação dos mídia e oportunismo político. Inevitavelmente, este fascínio público torna-se uma obsessão auto destrutiva.
Legendas em Inglês.

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Imdb

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