domingo, 3 de setembro de 2017

Terra dos Mortos (Land of the Dead) 2005

O Mundo em que vivemos já não existe. É apenas uma lembrança na memória dos poucos seres humanos sobreviventes que são obrigados a lutar contra os zombies. Os humanos estão isolados numa pequena cidade, enquanto os mortos vivos povoam o resto do mundo. Os ricos tentam manter a ilusão de que ainda moram num mundo normal vivendo em torres. Os restantes mortais são obrigados a viver nas ruas, entregando-se a vícios como jogos, prostituição e drogas. No entanto, para manter estes padrões de vida, tanto ricos como pobres são obrigados a confiar em mercenários que de vez em quando saem da cidade em busca de produtos para comercializar e satisfazer os humanos. Liderados por Kaufman (Dennis Hoper), Ridley (Simon Baker) e Cholo (John Leguizamo) são dois desses mercenários que arriscam as suas vidas em troca de pagamento, eles sonham em juntar dinheiro e fugir para um mundo melhor... Se é que ele existe. Enquanto isso, o exército de mortos-vivos vai-se fortalecendo,vão ficando cada vez mais inteligentes.
"Land of the Dead" é o quarto filme da série de Zombies de George A. Romero, que tinha começado em 1968 com "Night of the Living Dead", que tão bem encapsulava o medo da era do Vietname, e de um país que estava a comer as pessoas vivas. Cada filme era um espelho da era em que foi feito, e "Land of the Dead" não fugia à regra, sendo uma visão de pesadelo da obsessão da era Regan com o armamento militar. "Land of the Dead" continua com as mesmas preocupações ideológicas dessa era, mas é, inequivocamente, um produto pós 9/11 e os consequentes males do terrorismo. Não é por acaso que o personagem no poder declara algo parecido com Bush: "Não negociamos com terroristas", enquanto outro ameaça desencadear a sua própria versão de uma "jihad". Os zombies lentamente a tomar conta do mundo podem personificar os estrangeiros sem rosto que vão chegando aos Estados Unidos, e o verdadeiro vilão é homem de negócios que tenta tirar proveito da situação para si próprio. 
Os zombies neste filme estão a tornar-se numa ameaça maior porque estão a ficar mais inteligentes. Começaram a desenvolver uma comunicação rudimentar, e a descobrir como usar objectos contundentes, depois ferramentas, e por fim, armas de ataque. Assustadoramente, num certo sentido, estão a tornar-se mais como nós. Tal como "Dawn of the Dead" e "Day of the Dead", "Land of the Dead" encoraja fortemente a reconstruir aquilo que foi perdido, o que é fundamental nas preocupações ideológicas de Romero. Afinal, a mensagem global de toda a série é de como os mesmos poderes dinâmicos são sempre replicados numa sociedade que toma conta da outra. 
Foi um regresso de Romero em força aos zombies, 20 anos depois do filme anterior. 

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