Uma pérola do cinema do inicio do século XXI, a obra prima de Thom Andersen, "Los Angeles Plays Itself" é um épico do cinema de ensaio e um filme propositadamente sinuoso, que destila uma uma história polémica pelo seu extenso levantamento crítico do uso e abuso da mítica Cidade dos Anjos por uma impressionante gama de filmes blockbusters de Hollywood, filmes de género de baixo orçamento, filmes independentes, experimentais, e até mesmo pornográficos.
A rigorosa montagem de Anderson, cena após cena, para a real e imaginária Los Angeles é ajudada por regressos frequentas às "cena do crime" de exteriores, graças ás filmagens contemporâneas de Deborah Stratman. O ritmo do filme vem dos comentários hábeis e mordazes de Andersen (falados pelo cineasta Encke King), que permanece~m sempre imperiosos na sua cuidadosa revelação das maiores forças históricas, culturais e ideológicas que tornam a cidade cinematográfica tão vivida.
No entanto, mais do que uma correcção ao senso do lugar e da história do cinema, "Los Angeles Plays Itself" poderosamente usa contra-exemplos raros como "The Exiles" (1961), de Kent MacKenzie ou "Bless Their Little Hearts" (1984), de Billy Woodbury, argumentando que as indignidades e falsos mitos tão frequentemente impostos a Los Angeles pelo cinema, são expressões directas da verdadeira injustiça sofrida por tantos dos seus deslocados, desprotegidos, ou habitantes silenciosos. Com "Los Angeles Plays Itself" Anderson definiu uma concepcção distinta da análise cinematográfica, e alcançou um status de culto duradouro, confirmado pela grande emoção e aclamação que teve depois do seu re-lançamento, em 2014, mais de 10 anos depois da sua estreia em Toronto.
Filme sem legendas.
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