Desde o inicio da década de 70, até meados dessa mesma década, aconteceu um movimento muito típico do cinema americano, chamado Blaxploitation, e que consistia num movimento formado por actores e realizadores negros, empenhados em atraír audiências da mesma raça. Junius Griffin o presidente de Beverly Hills para a NAACP (National Association for the Advancement of Colored People) é por vezes creditado como o inventor deste, de certa forma ambíguo, termo "blaxploitation", para descrever este "género" fugaz. "Sweet Sweetback’s Baadasssss Song" (1971) de Melvin Van Peebles é normalmente o primeiros de muitos filmes de temática negra que viriam a trazer uma nova imagem para a cinematografia afro-americana.
Durante a primeira metade da década mais de 200 filmes deste tipo quebraram os estereótipos do cinema existente, mostrando homens negros possuídos (por vezes mulheres, como a fantástica Pam Grier) no controle dos seus próprios destinos. Mas desde o inicio que os críticos aos afro-americanos descobriram que estes estereótipos tornados possíveis pelos comportamentos dos heróis e heroínas dos filmes - que muitas vezes incluía tráfico de droga, violência e sexo fácil - eram o efeito mais prejudicial dos filmes. Também foi prejudicial a ausência de uma estética cultural negra. Os estúdios receberam muitas críticas pela ansiedade em ganhar dinheiro com esta tendência blaxploitation, mas as acusações mais pungentes ficaram para os actores e actrizes que contribuíram para os estereótipos mais ofensivos, interpretando personagens como chulos, prostitutas, traficantes de droga, e outros tipos de personagens.
Três actores proeminentes deste período eram Fred Williamson, Jim Brown (que se tornaram actores depois de deixarem o futebol profissional) e Ron O’Neal. Porque eles aceitaram estas regras, muitos afro-americanos famosos como Alvin Pouissant ou Jesse Jackson desafiaram-nos a considerar o tipo de modelo que estavam a mostrar à sociedade negra, principalmente aos mais influenciáveis.
O’Neal, por exemplo, no papel de um patrão da droga em Super Fly (1972), um famoso filme de Gordon Parks, Jr., interpretou uma personagem "cool", sofisticada, cheio do estilo e com grande taxa de êxito com as mulheres, guiava um carro de último modelo e usava a sua colher para a cocaína como acessório da moda. Muitas pessoas consideraram este filme um escândalo, mas isso não o impediu de se tornar um sucesso.
Como respostas às críticas os estúdios e os realizadores defenderam os filmes da blaxploitation, dizendo que apenas estavam a cumprir as demandas do público. Uma boa parte desses filmes também representavam os esforços dos estúdios em atingir o que para eles era um novo mercado: os afro-americanos. Antes de chegar este género raramente os actores negros tinham papéis de protagonistas, em filmes com distribuição alargada, mas a partir daqui podiam começar a escolher os seus próprios papéis, e frequentemente os filmes eram construídos à volta dos seus próprios papéis.
Nas próximas duas semanas vamos dar uma rápida passagem pela Blaxploitation, e descobrir alguns dos seus filmes mais importantes. Não sei se já viram "Jackie Brown", de Quentin Tatantino, mas é uma espécie de homenagem a este género.
Vamos começar com este documentário, que explica tudo.
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