"Martin Arnold sujeita um clássico do cinema de terror americano de 1941 a uma cirurgia cinematográfica radical. Os actores desaparecem graças à tecnologia digital, fazendo com que o espaço cinemático se transforme no verdadeiro actor principal e fornecendo uma nova interpretação precisa e absurdamente cómica.
Arnold pega no filme original “The Invisible Ghost”, no qual uma esposa “hipnotiza” o marido como parte de um plano assassino, e transforma-o em “Deanimated” – um estudo sobre a crescente desintegração dos filmes de actor. No final, o olho da câmara vagueia sobre os sets desprovidos de vida humana onde as luzes parecem ter sido apagadas, literalmente. Em “Deanimated”, a morte transforma-se na fúria do desaparecimento o que testemunha uma “insustentável transição para além da existência” (Georges Bataille). A loucura está inscrita nos rostos. O êxtase da supressão, a aniquilação do ser, a
reificação do inorgânico, o olhar que busca, que já não encontra qualquer tipo de reconhecimento – estas são as fases que preparam a transição para uma rigidez catatónica (Thomas Miessgang). “Deanimated” embarca no despovoamento radical do ecrã e do auditório. Enquanto os filmes mais antigos de Arnold lidavam com o momento de sobre-ênfase através da repetição do sempre-semelhante, o tema central do filme “Deanimated” é a ideia de desaparecimento. Este velho tema, que nos é familiar dos filmes de crime e de terror, é aqui intensificado e reforçado: protagonistas essenciais do enredo são apagados do filme através de “composição digital”, as bocas dos casais que conversam são apresentadas fechadas, a banda sonora orquestrada amplifica-se para dar mais ênfase dramática aos não-acontecimentos. O que permanece são apenas vestígios de acontecimentos, provas circunstanciais escassas de situações cujas origens não são explicadas: pó que rodopia, o som de disparos, o horror reflectido no rosto de uma mulher que se afasta do vazio." Curtas de Vila do Conde.
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