Júlio de dezanove anos, vem para Lisboa, tentar a sorte como sapateiro. No dia da chegada, um incidente leva-o a conhecer Ilda, jovem da mesma idade, empregada doméstica em casa próxima da oficina...
Júlio sente-se num ambiente estranho e hostil, desenrolando-se uma série de peripécias que lhe despertam a desconfiança em relação a Ilda, que decide romper o namoro...
A dicotomia entre o rural e o urbano é representada logo nos primeiros planos do filme, numa panorâmica de uma paisagem rural com Lisboa em fundo. É um espaço limite, ainda não urbano mas também já não rural. Quando terminam os títulos iniciais a câmara completa um movimento vertical mostrando primeiro um terreno arado, com alfaias agrícolas, acabando por revelar a presença próxima de modernos edifícios de habitação. Esta introdução é representativa do conflito mostrado no filme: a incapacidade dum homem do campo em se adaptar à sua nova vida na cidade, uma inadequação que marcou muitos outros portugueses que migraram para as grandes cidades em busca de melhores condições de vida. A cidade que Paulo Rocha mostra, ao contrário de todos os filmes portugueses que o antecederam, é uma Lisboa contemporânea, dos túneis do Metro à Cidade Universitária, dos edifícios de habitação colectiva modernistas aos cafés e lojas daquele tempo, como a famosa loja da rampa helicoidal projectada por Conceição Silva no Chiado.
Com argumento e realização de Paulo Rocha, produção de António da Cunha Telles, diálogos de Nuno Bragança e música de Carlos Paredes, a longa-metragem Os Verdes Anos estreou em 1963 e foi premiado no Festival de Cinema de Locarno. Considerada um marco do cinema português, nela se destacam as interpretações de Isabel Ruth, Rui Gomes, Ruy Furtado, Cândida Lacerda, Paulo Renato e Carlos José Teixeira. O filme é um retrato da Lisboa dos anos 60, do seu provincianismo e da sufocação de uma geração jovem.
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1 comentário:
Achei lindo esse filme.
Assisti na Cinemateca brasileira em uma mostra sobre cinema novo portugues.
Pena que so consegui ver esse.
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