Muito antes de ganhar o Prémio Pulitzer por obras tão universalmente aclamadas como "Armies of the Night" (1969) e "The Executioner's Song" (1980), Norman Mailer passou dois anos a servir nas Filipinas, como atirador para os Marines, durante a Segunda Guerra Mundia
l. Esta dura experiência foi mais tarde transformada no seu primeiro livro, "The Naked and the Dead" (1948), geralmente considerado como um dos melhores romances americanos sobre a Segunda Guerra Mundial. A RKO Pictures pegou na enorme tarefa de trazer o livro para a tela em 1958, e com um artesão de prestígio no leme, Raoul Walsh, parecia ser promissor. O grande desafio, contudo, era como manter-se fiel à visão artística de Mailer, desta obra-prima literária.
O maior obstáculo era adaptar o tamanho do livro - 721 páginas! - para um filme comercial, com uma duração aceitável. O enredo essencial do livro de Mailer permaneceu intacto: Marines estacionados no Pacífico Sul lutam pela sobrevivência contra o inimigo, bem como contra o seu próprio líder do pelotão, um sargento sádico chamado Croft (o subestimado Aldo Ray desempenha o ameaçador sargento com gosto). A natureza abusiva de Croft perante os seus homens entrava em conflito com o comando altamente moralista do tenente Hearn (Cliff Robertson). No entanto estes dois homens vão ser colocados em confronto pelo General Cummings (Raymond Massey), que acha que os soldados servirão melhor se odiarem os seus superiores. Apesar da premissa forte, o encurtamento do livro para caber num filme de duas horas comprometeu a interpretação da ideologia da Mailer sobre a guerra e o abuso de poder. Outro problema foi que a linguagem áspera mas realista do livro teve de ser diluída consideravelmente para passar nos padrões de Hollywood para um filme mainstream, e isso roubou alguma crueza que fez do livro uma obra tão famosa.
Ainda assim o filme teve os seus méritos. Deve ser visto como um drama de guerra, e não como uma adaptação de uma grande obra literária, e assim funciona esplendidamente, pois é uma obra de acção pura. As principais sequências são todas muito bem encenadas por Walsh, com o director de fotografia Joseph LaShelle a capturar perfeitamente a atmosfera sedutora da selva, com vistas deslumbrantes, orquídeas e orelhas de elefantes, todas presentes em cores vívidas.
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