quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O Bordel do Lago (Seom) 2000

Depois de perder a inocência, uma mulher deixa de falar. Como um pássaro numa gaiola, vive isolada numa ilha bordel onde dá bebidas aos pescadores e os consola, juntamente com outras mulheres, nas horas de aborrecimento. Esta ilha é especial. Pequenas casas flutuam no lago que a circunda e permitem aos homens transformar em realidade as suas mais estranhas fantasias sexuais. A chegada à ilha de um pescador com vontade de se suicidar vai quebrar-lhe a rotina. Apesar de o ter salvado da morte e de ser a sua amante, a mulher não consegue prendê-lo ao seu amor.
Depois do controverso " Bad Guy", "O Bordel do Lago", de Ki-duk Kim, é um filme mais leve sobre os temas do isolamento e do amor obsessivo, embora ainda contenha, pelo menos, duas cenas bastante violentas. A urgência da relação central é sublinhada pelo facto de que Hyun-Shik tem um passado do qual não quer falar, e Hee-Jin é, aparentemente, muda (embora ouvimos uma conversa sua ao telefone, o que sugere que a sua falta de comunicação no ambiente do lago é intencional). Incapazes de discutir o mundo para lá do lago, ou como chegaram até lá, estes dois personagens vivem inteiramente no presente. A comunicação é apenas física. Através da auto-destruição mútua eles criam uma breve ilha de amor, dentro de um mundo brutal, embora, numa última análise, cada um deles é ele próprio uma ilha solitária. O lago também pode ser visto como uma ilha, fora da realidade, aberta a extremos. Ameaças vindas de fora são geridas de forma peremptória.  
Apesar do diálogo ser limitado, o filme nunca se arrasta, nem a tensão reduz ao longo dos 90 minutos. É um filme bastante bonito visualmente, e o sim coincide com a qualidade das imagens, evocativas e envolventes. Muito premiado pelo mundo fora, ganhou um menção especial em Veneza, e dois prémios no Fantasporto de 2001.

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