Em 1961, Otar Iosseliani teve de enfrentar grandes problemas de censura com o Soviet Board of Film Censorship, com o seu primeiro filme, "Aprili". "Pastorale", filmado nas montanhas da Geórgia em 1975 foi condenado pelas autoridades por não ser suficientemente edificante, e proibido de ser exibido no exterior. Poético e ao mesmo tempo realista o realizador traça um retrato pouco convencional da vida na aldeia, com um olhar crítico na fé que as pessoas depositam.
Inicialmente, a censura também não gostava deste ponto de vista. Mas mesmo assim, o realizador que antes tinha estudado música e matemática, relembrou a filosofia dos seus compatriotas: "Nós, os Georgianos, somos teimosos, e suportamos tudo até caír sem perder o nosso humor". O realizador de Tbilisi foi longe nesta abordagem, e alguns anos depois "Pastorale" seria premiado no festival de Berlim.
Mais tarde, em 2002, o realizador nascido em 2004, venceria o Leão de Prata para melhor realizador em Berlim com o filme "Lundi Matin". Neste filme, realizado em França, um homem deixa de ir trabalhar uma manhã para viajar para Veneza na busca da sua auto-realização.
Fuga à vida quotidiana é um dos temas preferidos de Otar Iosseliani, que fugiu da União Soviética em 1982, e desde então vive em França. Já tinha produzido oito filmes em 1984, quando recebeu o prémio especial do júri, pelo primeiro filme realizado no Oeste: "Les Favoris de la Lune". Ainda regressou ao país de origem em 1996, realizando "Brigands - Chapitre VII", onde contou a história do país de uma forma cómica-lacónica.
"Todos os meus filmes são georgianos", diz o realizador. Embora muitos dos seus filmes tenham o seu ponto de partida na província francesa, há sempre uma vila georgiana atrás da fachada, e esta vila pode ser qualquer vila em qualquer parte do mundo.
Os filmes que veremos esta semana serão os seguintes:
Segunda: "Giorgobistve" (1966)
Terça: "Les Favoris de la Lune" (1984)
Quarta: "Adieu, plancher des vaches!" (1999)
Quinta: "Lundi Matin" (2002)
Sexta: "Chantrapas" (2010).
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