terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
Wake in Fright (Wake in Fright) 1971
John Grant (Gary Bond) é um professor ligado a uma pequena escolaem Tiboonda, um local desolado no interior da Austrália. Ele mal consegue esperar para voltar para Sydney, para as férias do Natal de seis semanas. Mas, ao passar uma noite em Bundanyabba, uma pequena cidade mineira, fica a conhecer a cena do jogo local, e vê isso como uma forma de voltar para a civilização. O pior é que não existe tal coisa como dinheiro fácil, e em breve ele vai pagar as consequências...
Suar. Pó. Cerveja. Violência. Estes são os quatro factos da vida em "Wake in Fright", de Ted Kotcheff. Um filme australiano pensado perdido ao longo de mais de duas décadas, e que se ergue ao lado de obras como "Mad Max" ou "Picnic at Hanging Rock" como dos filmes mais influentes deste país. Poucos filmes conseguem ser tão impressionantes e brutalmente belos como esta obra de Ted Kotcheff. A história de um professor que desce ao seu próprio inferno, depois de ficar preso numa pequena cidade australiana.
Adaptado de um livro do mesmo nome, do australiano Kenneth Cook, o título é derivado de uma linha do livro onde se pode ler "may you dream of the devil and wake in fright", e o argumento foi adaptado por um inglês que nunca visitou a Austrália, Evan Jones, realizado por um canadiano residente em Londres (na altura), e um elenco formado por actores ingleses. Viria a ser nomeado para a Palma de Ouro em 1971, mas desapareceu de circulação pouco depois de estrear nas salas (re-nomeado para "Outback"). Anthony Buckley, o técnico de montagem do filme, seguiu a suposta única cópia do filme até Philadelphia, onde terá sido incinerada. Depois de re-encontrado e restaurado o filme voltaria a ser apresentado em Cannes em 2009, por Martin Scorcese, partilhando com ""L’Avventura" de Antonioni o título de únicos filmes a serem apresentados duas vezes em Cannes.
O filme é um brilhante conto existencial sobre a vida de um inocente numa viagem de auto-descoberta para encontrar a sua verdadeira natureza, que deve descobrir o seu próprio caminho através de mitos estabelecidos que encontra sobre a beleza das amizades, e a cultura machista que se vivia no interior australiano. Há um poder que transcende qualquer senso de realidade, ou de violência, ou noção pré-concebida de romantizar o interior fazendo do protagonista um anti-herói como uma personagem a viver uma mentira quando sai fora do seu elemento natural.
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