sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Blissfully Yours (Sud Sanaeha) 2002

Para a sua segunda longa-metragem, "Blissfully Yours", Apichatpong Weerasethakul criou uma representação delicada e impressionista de uma tarde perguiçosa de Verão dividida entre Min (Min Oo), um birmanês que cruzou ilegalmente a fronteira para a Tailândia à procura de trabalho, a sua namorada Roong (Kanokporn Tongaram), uma mulher mais velha que Roong contratou para ajudar Min. O filme é descomprimido a um grau extremo: praticamente nada acontece na sua duração de duas horas, já que as tarefas rotineiras e os longos momentos de êxtase são capturados e explorados pelas suas nuances emocionais e sensuais.
"Blissfully Yours", uma descrição onírica da realidade de várias pessoas comuns, é um pouco menos bizarro em termos de cenário, do que estrutura e edição. Numa altura em que o cinema tailandês girava mais em torno de melodramas passados nas linhas das fábricas, era animador ver realizadores como  Weerasethakul ou Pen-ek Ratanaruang (do hipnotizante "Last Life In The Universe") tentarem trabalhar fora da caixa. Weerasethakul criou a produtora Kick The Machine para ajudar os jovens realizadores tailandeses a realizarem os seus projectos. O realizador disse que pretendia fazer um "filme sobre um desastre emocional", e conseguimos perceber porquê. O desconfortável triângulo amoroso torna-se mais óbvio quando as duas nulheres entram em conflito por pequenas coisas. 
Enquanto que o seu primeiro filme, "Mysterious Object at Noon" era um modelo para o cinema "no budget", e a preto e branco, "Blissfully Yours" explode com cores e luxúria, levando o realizador a inúmeros festivais no ocidente, incluindo o Festival de Cannes, onde ganhou o prémio Un Certain Regard, um dos mais importantes do certame.
Filme escolhido pelo Paulo Alexandre Mota.

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