sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Werckmeister Harmóniák (Werckmeister Harmóniák) 2000

Numa cidade provinciana da Hungria faz muito frio, mas não neve. Neste frio desnorteado centenas de pessoas estão para das em redor da tenda do Circo, que fica na rua principal, para ver, como resultado desta espera, a carcaça empalhada de uma baleia verdadeira. As pessoas chegam de todos os lados, das cidades vizinhas, e mesmo dos lugares mais distantes do país, atrás desta criatura, como uma multidão sem rosto. Este corrente estado de coisas perturba a ordem da cidade, e algumas personagens tentam aproveitar-se da situação. A tensão cresce o suficiente para libertar emoções destrutivas...
O realizador húngaro  Béla Tarr realiza aqui uma fábula estranha mas espantosamente maravilhosa, que parece ser uma alegoria, mesmo que o realizador diga que não é. Pode ser vista como uma história sombria de terror cósmico, inquietante e não facilmente interpretado, pois fala da ordem harmónica das coisas perturbadoras, e do caos que se torna a ordem do dia. 
"Werckmeister Harmonies" é baseado num livro de 1989 (o ano em que o socialismo de estado terminou na Hungria), chamado ''The Melancholy of Resistance'' de László Krasznahorkai. Tarr, em conjunto com a sua esposa e montadora Agnes Hranitzky são fieis ao espírito do filme, embora o filme seja muito diferente em termos de estrutura,  incluindo um chocante take de oito minutos de duração, sem diálogos, que não estava no livro. 
A velocidade relativamente lenta e o preto e branco criam um clima visual chocante, que amplia a inquietação apocalíptica que é desencadeada quando o circo chega à cidade. Além disso, todos parecem comunicar através da telepatia e não da fala, o que aumenta mais a sensação única de hipnotizar e arrepiar que o filme tem. 
Filmes escolhido pelo Luis Baía.

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