Durante a 2ª Guerra Mundial vive um idoso (Albert Finney), mas famoso actor shakespeariano, que agora está frustrado, senil e à beira de uma crise nervosa. É conhecido pelo elenco e equipa apenas como "Sir" e continua com a sua temporada pelos teatros britânicos com um grupo de velhos actores, que ficaram isentos do serviço militar. Sir exerce uma tirânica liderança na companhia, que começa a desmoronar em virtude da sua idade e do seu estado de saúde. Ele conta com Norman (Tom Courtenay), o seu camareiro, um homossexual infinitamente fiel que tem uma dedicação tão extrema que até é irritadiça. Neste momento estão a encenar "Rei Lear" e Norman inclina-se às exigências por vezes absurdas do seu patrão, cuida da sua saúde e procura lembrá-lo do papel que está a encenar...
Peter Yates realiza esta competente, descontraída e teatral adaptação de uma premiada peça da Broadway de Ronald Harwood. O seu ponto mais forte é sem dúvida a interpretação, com ambos os protagonistas, Albert Finney e Tom Courtenay a serem nomeados para o Óscar, com a actriz Eileen Atkins a tentar, e quase conseguir, roubar o filme.
Yates captura o ambiente levemente decadente da Grâ-Bertanha dos tempos da guerra, e evoca a sensação de dedicação dos pequenos actores, mesmo quando eles se queixam e reclamam. Sir, o personagem de Finney, baseado no actor Donald Wolfitt, de quem o argumentista Ronald Harwood supostamente foi camareiro, possui um domínio tirânico sobre toda a sua companhia, apesar de estar cheio de inseguranças que o transformam repetidamente de um egoísta de voz alta, num homem fraco a gaguejar, e agarra a nossa simpatia aos poucos, e é aqui que o poderoso desempenho de Finney brilha, transformando uma personagem estereotipado num ser humano real atormentado por todos os medos. Courteney acompanha o seu desempenho, que pela forma como ele habita o seu personagem, parece ter sido feito à sua medida.
Filme escolhido pelo Pedro Fiuza.
Imdb
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