O quotidiano de um hospital, mas não de um hospital qualquer. É o Britannia Hospital no dia em que comemora 500 anos e será inaugurada uma nova ala, com a presença do representante da família real. Mas as coisas não correm tão bem: há terroristas do lado de fora, grevistas e sindicalistas do lado de dentro. Um médico tenta obter sucesso numa operação de transplante do cérebro, mas ele perde (literalmente) a cabeça e precisa com urgência de outra. E à espreita, um repórter curioso, disfarçado de limpador de janelas.
"Britannia Hospital" era uma alegoria do que se estava a passar em Inglaterra na altura, por volta de 1982, e era a última parte de uma trilogia realizada por Lindsay Anderson, que seguia as aventuras de Mick Travis enquanto este viajava por uma estranha e por vezes surreal Grã-Bretanha. A aventura tinha começado em "If..." (1968), um filme que havia ganho a Palma de Ouro desse ano, depois continuou com "O Lucky Man" (1972), nomeado para a Palma de Ouro, e acabaria com este filme, onde Malcolm McDowell interpreta um repórter de investigação que segue as actividades bizarras do Professor Miller interpretado pelo sempre interessante Graham Crowden, que já tinha tido um papel no filme anterior da trilogia. Nos seus três filmes Anderson tinha coberto todos os aspectos, políticos e institucionais, da sociedade britânica desde 1968 a 1982, com todo o seu complexo sistema de diferenças e privilégios de classes e de casta, incluindo as suas escolas públicas, políticas internacionais, sistema de direito, e sistema de saúde, descobrindo que havia algo de podre neste reino.
Como é habitual nos filmes de Anderson, temos um elenco de primeira qualidade, com a maioria dos actores a ter estado presente nos filmes anteriores, e uma fotografia profissionalmente filmada por Mike Fash embora o seu trabalho não tenha a mesma sensação que Miroslav Ondricek deu aos dois trabalhos anteriores. Desde a primeira cena, em que um doente idoso é deixado para morrer numa maca até à sequência final de Miller, revelando a sua maior conquista científica, o filme é cheio de surpresas. Uma personagem é interpretada por um anão, e outra por um homem num arrasto. No entanto, uma das maiores surpresas do elenco vem de Robin Askwith a interpretar Ben Keating, o valentão da escola em "If..."
Concorreu para a seleção Oficial do festival, e no ano seguinte ganhou o prémio da audiência no Fantasporto.
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