"Elippatthayam" conta-nos a história de uma família, num particular período da história da Índia, passado dentro dos limites de um pequeno "taravad", ou uma pequena e tradicional propriedade feudal de Kerala. O protagonista é Unni (Karmana), um proprietário que se escravizou a si próprio e ao seu status, recusando-se a reconhecer que o mundo lá fora mudou, e que o seu modo de vida tornou-se completamente irrelevante. Unni vive com uma irmã mais velha, já passada da idade de casar e uma mais nova, acabada de terminar a escola e com uma veia rebelde. Quando o filme começa os três descobrem que têm um rato na sua propriedade. Conseguem capturá-lo, e a irmã mais nova afoga-o no rio. A partir daí seguimos uma série de episódios, a maioria deles ilustrando a natureza preguiçosa de Unni, e o efeito que ele tem nas irmãs.
Adoor Gopalakrishnan tem sido muitas vezes comparado a Satyajit Ray, mas Ray nunca fez um filme tão enigmático e livre de estrutura como este. O seu estilo talvez seja mais próximo de outro realizador indiano, Ritwik Ghatak, com algumas semelhanças com Weerasethakul (nos momentos de silêncio e misteriosos), Haneke (na lenta desintegração de uma unidade social fechada) e Buñuel (sátira política).
Era o terceiro filme do realizador, depois de "Swayamvaram" e "Koodiyattam", e o seu primeiro filme a cores. Um realizador muito cuidadoso como ele tem muita precisão no uso da cor, e do guarda-roupa. A fotografia é muito boa, e é preenchida com composições muito complexas. A casa é uma personagem no filme, e é filmada de diversas formas e feitios.
Um dos temas abordados é o tratamento das mulheres nos campos feudais. O homem não faz absolutamente nada, excepto mimar-se a si próprio. As irmãs são codificadas por cores. A mais nova de vermelho, a côr da revolta. A mais velha veste-se de azul, a côr da doçura e da submissão.
Uma terceira irmã, que irá aparecer mais tarde, veste-se de verde, para mostrar que é uma pessoa prática.
O filme foi selecionado para a competição "Un Certain Regarde".
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