quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Lua de Mel Sangrenta (Il Rosso Segno Della Follia) 1970


John Harrington é um estilista de 30 anos especializado em vestidos de noivas. Ele também é um homem louco, como revelado na sequência de abertura e na voice over que explica a sua loucura e paranoia. Ele tem a necessidade de matar mulher jovens antes destas se casarem, e a maioria delas são modelos que ele contratou para a sua empresa. A sua esposa, Mildred, não tem conhecimento dos crimes, e odeia-o porque ele ficou impotente na noite de núpcias, e, por desrespeito, recusa-se a conceder-lhe o divórcio. Um detective já anda atrás do criminoso, mas não há provas suficientes para o incriminar. Cada assassinato trá-lo cada vez mais perto de uma lembrança que ele está a reprimir…
Embora Mário Bava seja geralmente creditado ao giallo desde o seu "A Rapariga que Sabia Demais", considerado o primeiro giallo marcante do cinema italiano, ele nunca mais regressou ao género de uma forma convencional. No início da década de setenta fez um trio de filmes que embora fossem distintamente gialloesques eram igualmente subversivos do género. Enquanto que "Cinco Bonecas para a Lua de Agosto" seguia os padrões convencionais colocando nos assassinatos o destaque explorável do filme, quase inteiramente fora do ecrã, e "Baía Sangrenta"(1971) via uma aproximação mais ao estilo de um slasher film, já que os seus crimes eram em massa, por sua vez, este "Lua de Mel Sangrenta" fazia questão de revelar a identidade do assassino logo na cena de abertura, em vez do mistério sobre a identidade do criminoso que era habitual em todos os giallos. Além disso, tínhamos o tema do sobrenatural, que geralmente os giallos evitavam.
Uma produção largamente espanhola, com argumento de Santiago Moncada, "Lua de Mel Sangrenta" tem uma história inteligente e bem pensada, que combina de maneira eficaz os temas do "serial killer" e da assombração. Na sua história do serial killer o filme substitui o mistério de quem é o criminoso pelo mistério sobre as suas motivações, onde temos um assassino que se está a descobrir ao mesmo tempo que nós também estamos a fazê-lo. O diálogo também é digno de nota pela sua qualidade, algo que falhava muitas vezes no cinema europeu de género, principalmente por causa das dobragens. 
Nesta pseudo trilogia de giallos do início dos anos setenta, Bava afastou-se da elaborada atmosfera vermelha e verde de filmes como "Planet of the Vampires"(1965) e "Kill, Baby Kill" (1966) e deu luz natural aos filmes para dar um realce mais pronunciado com cenários mais realistas. No entanto ele não deixa de lado alguns ângulos de câmera criativos que ajudam a enfatizar a atmosfera invulgar do filme. Os interiores foram em grande parte filmados em casas pertencentes ao governante espanhol General Franco, com a sua opulência a ser bem adequada ao cenário. 

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