quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

A Rapariga que Sabia Demais (La Ragazza che Sapeva Troppo) 1963

Letícia Román é Nora, uma jovem apaixonada por livros de mistério, que visita Roma para ver uma familiar idosa, e acaba por testemunhar um assassinato - pelo menos assim parece. Com a ajuda de um médico ela decide investigar, e o mais preocupante é que se isto for trabalho de um serial killer esta foi a terceira vítima, e todas foram mortas por ordem alfabética. O segundo nome de Nora começa por um "D", D de Death (morte), como uma estranha voz lhe diz.
O que se segue é um típico enredo de um "giallo": voltas e reviravoltas, alguns flashbacks, narrativas recapitulando eventos passados, e eventualmente, a revelação um tanto chocante do assassino.
A história do filme vem muito nos moldes das histórias italianas de mistério que inspiraram este e muitos outros filmes posteriores. Funcionando principalmente como um "whodunit", muito mais do que como um filme de terror, "A Rapariga que Sabia Demais" é impulsionado pelo desvendar do mistério, que se desenvolve a um ritmo acelerado. Tendo em conta os filmes posteriores do género, o espectador vai sentir aqui a falta do componente "gore", embora o filme tenha sido considerado bastante violento para o seu tempo.
Embora esta seja uma tentativa consciente de introduzir o giallo como um ciclo cinematográfico, "A Rapariga que Sabia Demais" tem um estilo formal que seria rapidamente descartado. Do ponto de vista visual, o segundo filme de Mário Bava "Blood and Black Lace" (1964) tornar-se ía muito mais influente. Aqui, Bava escolhe filmar a preto e branco, e enquanto faz vários contrastes evocativos entre a luz e a escuridão, usa a sombra de uma forma visual excitante mas o tom leve do filme não garante o resultado pretendido relativamente às novelas pulp dos jornais. Este tom e a atitude irreverente estão em desacordo com o estilo visual, e essa é uma tensão que nunca é resolvida, mesmo nos momentos de perigo para a heroína. Do ponto de vista narrativo, quase todos os elementos da trama do giallo estão presentes, e muito bem colocados.
A história e o argumento são uma colaboração entre cinco pessoas, Mario Bava, Sérgio Corbucci, Ennio De Concini, Eliana De Sabata e Franco Prosperi, e apesar da multidão de mentes que nela trabalharam acaba por se sustentar bem. Este seria também o último filme de Bava a preto e branco. 

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