quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A Boceta de Pandora (Die Büchse der Pandora) 1929


A beleza e o charme da jovem Lulu (Louise Brooks) costumam deixar os homens atordoados. Num dos seus jogos de sedução conquista o amor de Peter Schön (Fritz Kortner), diretor de um importante jornal. Embalados pelo romance, os dois depressa se casam, mas existe uma entrave para a harmonia da relação: o marido tem ciúmes do seu próprio filho, Alwa (Francis Lederer).
Quando a jovem actriz americana de 21 anos Louise Brooks desceu do comboio em Berlim, em 1928, ela não falava uma palavra de alemão, nem fazia ideia de quem era Georg Wilhelm Pabst, para além do facto de ele a ter contratado em Hollywood, e que estava disposto a pagar-lhe $1000 por semana para ela fazer um filme. Brooks tinha recusado uma proposta da Paramont, para quem trabalhava com regularidade desde 1926, porque o grande estúdio estava a tentar cortar custos para compensar a passagem dos filmes para o sonoro.
Pabst era já um realizador lendário na Alemanha, onde tinha sido figura central  na natureza evolutiva do cinema expressionista. Junto com F. W. Murnau e Fritz Lang foi considerado um dos maiores e mais influentes realizadores alemães da época, por várias razões, sendo uma delas a sua incrível capacidade de reconhecer grandes talentos femininos (o seu melodrama de 1925, "The Joyless Street", foi um dos primeiros filmes de Greta Garbo, por exemplo). Louise Brooks, no entanto, acabou por ser a sua maior descoberta, principalmente por causa da enorme quantidade de críticas que recebeu por lançar uma actriz americana relativamente desconhecida para interpretar uma conhecida personagem alemã.
A decisão de Brooks acabou por ser uma decisão fortuita, já que o filme resultante acabou por fazer dela não apenas uma estrela, mas também um ícone. Passou imediatamente de uma estrela de Hollywood reconhecível para um ícone internacional, símbolo da liberdade feminina. A sua personagem, Lulu, criada por Frank Wedekind para uma série de peças da viragem do século, tornou-se tão identificada com ela que mais tarde chamou à sua própria autobiografia de "Lulu in Hollywood". A promiscuidade e a intratabilidade de Lulu reflectiam a personalidade e o estilo de vida de Brooks, e o cinema raramente veria uma personagem e uma actriz combinarem tão bem.
Como um produto do cinema alemão da era Weimer, "Pandora´s Box" é um filme fascinante, porque incorpora não apenas duas das mais importantes tendências dominantes da época, realismo psicológico e expressionismo, mas gradualmente vai-se transformando de um para outro. A primeira metade é muito directa, usando cenários e iluminação realistas, que se concentram principalmente nas interpretações dos actores. No entanto, quando Lulu sai de Berlim e começa a sua odisseia o filme lentamente torna-se cada vez mais expressionista, acabando por ir parar ao terreno de "Nosferatu" (1922), de Murnau.  

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1 comentário:

Anónimo disse...

Aqui no Brasil, a palavra "boceta" ou "buceta" passou a ser usada como uma palavra de baixo calão usada pra designar a genitália feminina...