quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Os Domingos de Cybele (Les Dimanches de Ville d'Avray) 1962

Depois de matar uma criança quando o seu avião caiu numa aldeia Vietnamita, Pierre sofre de stress e amnésia parcial. Regressa a França e vive como um vegetal até conhecer uma jovem que foi abandonada pelo pai colégio interno. Passando pelo seu pai, Pierre tenta encontrar-se com a jovem todos os Domingos para brincar com ela e talvez recuperar a sua memória. A amizade inocente, é mal interpretada por quase todos, até mesmo por pessoas que conhecem bem Pierre.
O tema de um adulto e uma criança a encontrarem uma ligação entre si não é um tema controverso, mas "Os Domingos de Cybéle" atravessou uma linha muito provocativa. Não faz nenhum comentário sobre a proximidade de uma rapariga de 12 anos e o seu problemático companheiro trintão, e os dois nunca cruzam a linha em nada sexual, mas há uma afeição física entre eles. São como dois jovens a brincar às casinhas, com a amizade deles a ser interpretada conforme é observada. O acto de assistir é o que nos convida Serge Bourguignon nos convida, e é ele que fabrica a linguagem visual para enfatizar o acto. 
Embora inicialmente tenha sido criticado por alguns críticos da Cahiers que posteriormente se tornaram cineastas, não deixa de ser uma obra prima humanista que ancora a sua narrativa no desespero do pós-guerra a uma estética predominantemente pós-neo-realista com reflexos do realismo mágico. A rejeição do filme pelos Cahiers provavelmente resultou de uma questão dupla: acharam o filme formalmente menos ousado, inovador e rigoroso do que outros filmes do que outros filmes que estavam a ser feitos ao mesmo tempo, por realizadores como Godard ou Chabrol, e ficaram indignados por o filme entrar no top do ano à frente de "Jules et Jim" de Truffaut, e "Vivre sa Vie" de Godard, tendo sido escolhido como representante Francês na corrida pelos Óscares, que posteriormente ganhou. 
Filme escolhido pelo João Chaves.

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