terça-feira, 18 de setembro de 2018

A Palavra (Ordet) 1955

Agosto de 1925, numa quinta Dinamarquesa. O patriarca viúvo Borgen, que é bastante proeminente na comunidade, tem três filhos: Mikkel, um agnóstico de bom coração, cuja esposa está grávida; Johannes, que acredita que é Jesus; e Anders, jovem, e apaixonado pela filha do alfaiate Peter Peterson, que pertence a um movimento religioso rival. Apesar das diferenças entre os dois, Borgen tenta chegar a um acordo com Peterson, que permanece inflexível. Só deixa a filha casar com o rapaz se o pai deste aderir à sua religião.
O realizador dinamarquês Carl Theodor Dreyer está creditado como tendo realizado dois dos maiores filmes da história do cinema, e ambos estão ligados ao mesmo tema, a religião, mais propriamente, o poder da fé. O primeiro era "La Passion de Jeanne D'Arc" (1928), uma espantosa representação do julgamernto e execução de Joana D'Arc, considerado por muitos como o maior de todos os filmes mudos.O segundo era este "Ordet", já realizado na parte final da sua carreira, baseado numa peça do pastor dinamarquês Kaj Munk (que foi executado pelos Nazis por recusar honrar Hitler acima de Cristo). Indiscutivelmente uma obra prima, "Ordet" não é apenas um pedaço de cinema soberbamente composto, como também um trabalho que consome o seu espectador, de uma forma que só as grandes peças de arte conseguem fazer, oferecendo uma experiência que não nos pode deixar imunes. Seja qual for a nossa religião ou crenças religiosas, é um filme que alcança o nosso íntimo e nos faz pensar profundamente sobre a natureza e os valores da existência humana.
O cinema de Dreyer é conhecido pela sua rigorosa simplicidade, cenários austeros, número limitado de shots, e fotografia minimalista. Este filme também beneficia do facto de ter uma grande história. É sobre fé, religião, vida e morte, ciência versus fé, e quaisqueres outras discussões e perspectivas diferentes das coisas que este filme traz. A esse respeito, parece ser mais um filme de Ingmar Bergman do que de Carl T. Dreyer. Ambos os realizadores, no entanto, sempre mostraram algumas semelhanças entre os seus filmes, e os seus temas, estilo e personagens. É obviamente baseado numa peça de teatro, que pode observar-se pela forma como o filme está contado e a história é contada.
Filme escolhido pela Sandra Bettencourt. 

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