Dziga Vertov foi o primeiro a considerar o filme, não como uma performance teatral ou um documento histórico, uma como um artefacto independente. Segundo as suas palavras: "Eu sou o olho do Cinema. Sou um olho mecânico. Sou uma máquina a mostrar-vos o mundo de uma forma que só eu posso ver", declarou ele num dos seus primeiros manifestos.
Para Vertov, a eficácia da impressão do filme no espectador não está relacionada com os actores que interpretam uma história divertida em frente à câmara, ou a câmara a ser colocada num lugar específico, por exemplo, numa reunião em que Lenine devia falar. O efeito primário é causado pela interacção de shots completos, shots médios e close-ups, pelo ritmo em que os shots alternam, e como a velocidade e o slow motion são usados. Mesmo ao filmar eventos oficiais Vertov fê-lo a partir de pontos inesperados e ângulos com uma câmara escondida: de um carro em movimento, de um tubo numa fábrica, das rodas de um comboio.
Este ciclo que iremos seguir aqui nas próximas três semanas, foi preparado e apresentado em Março de 2008, faz agora 10 anos, no Harvard Film Institute, por Yuri Tsivian, um dos mais famosos estudiosos do cinema soviético. Colocando o trabalho de Vertov ao lado dos seus contemporâneos, tem por objectivo mostrar os diferentes estilos e abordagens que contribuíram para um dos períodos mais ricos e significativos da história do cinema. Serão exibidos aqui os 15 filmes da mostra de Yuri Tsivian.
Para vos ajudar na introdução do ciclo, aqui fica um dos livros da autoria de Yuri Tsivian, chamado "Early Russian Cinema and Its Cultural Reception". Aqui. E fiquem com imagens de um tributo a Dziga Vertov.
Boa semana e bons filmes.
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