sábado, 10 de dezembro de 2016

Capítulo 11 - Western

O Pistoleiro do Diabo (High Plains Drifter) 1973
Um homem chega à pequena cidade de Lago, no Arizona. Provocado, mata três pistoleiros e fica a saber que um dos homens que matou tinha sido contratado pelos moradores para defender a cidade dos bandidos violentos que vão chegar em breve. O estranho aceita assumir a tarefa, mas impõe as suas condições. Entre elas, que a cidade seja toda pintada de vermelho e que o seu nome seja mudado para Hell (inferno).
A última grande vaga de westerns, conhecida evocativamente como os "anti-westerns", e exemplificada pelos filmes de Sam Peckinpah ou Monte Hellman, chegou durante a época do Vietname, quando os mitos americanos sobre o bem e o mal foram universalmente chamados à razão. Os velhos estereótipos do western, good guy bad guy, duelos, cidades trabalhadoras da fronteira, foram interrogados até à sua hipocrisia amoral, um processo que nenhum outro filme sofreu tão explicitamente, como "High Plains Drifter", de Clint Eastwood.
Eastwood interpreta um personagem que voltaria várias vezes ao longo da sua carreira, o "homem sem nome", que aqui é um robusto pistoleiro saído da névoa do deserto, e tropeça na pequena cidade de Lago, onde pode ou não pode ter negócios inacabados, trazidos de outra vida.
Seria a segunda realização de Clint Eastwood, a primeira tinha sido "Play Misty for Me" (1971).

Soldado Azul (Soldier Blue) 1970
Quando atravessavam o território Cheyenne transportando um cofre e levando Cresta Marybelle Le (Candice Bergen) uma mulher branca que viveu com os Cheyennes, vinte e dois soldados da cavalaria são atacados por índios. Apenas Cresta e o ingénuo, idealista e desajeitado recruta Honus Gent (Peter Strauss) sobrevivem. Juntos, caminham até ao Forte Reunion, onde Cresta deverá encontrar-se com o noivo e durante esta viagem, Honus protege Cresta contra os índios Kiowa, destrói o carregamento de um traficante de armas e apaixona-se por Cresta, mas não acredita nas suas palavras quando ela o tenta convencer que os Cheyennes são pacíficos.
Com um tom antibelicista, em defesa dos índios mas, na verdade, dirigido à guerra do Vietname, que por esta altura estava no seu auge, tenta chocar o público com imagens do massacre dos índios, fazendo ligação com o incidente do massacre da aldeia vietnamita de My Lai, na qual também foram mortas mulheres e crianças pelas tropas americanas.
Realizado por Ralph Nelson, "Soldier Blue" foi um filme cercado por uma enorme controvérsia devido à brutalidade e ao sadismo documentado pelas suas imagens. A influência era de "The Wild Bunch" (1969), de Sam Peckinpah, um filme que marcou uma vaga invisível de violência, abrindo o caminho a uma série de realizadores ansiosos por empurrar os limites do gosto e da decência dentro dos limites comerciais. Tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido foi fortemente cortado, só sendo possível ser visto a sua versão integral quando o filme foi lançado em DVD.

 Monty Walsh - Um Homem Difícil de Morrer (Monte Walsh) 1970
O triste olhar de dois velhos cowboys sobre o fim do Velho Oeste. Bebedeiras, rodeios, brigas e tiroteios começam a sair da rotina e Monte e Chet (Lee Marvin e Jack Palance) pensam em como dar um sentido às suas vidas, antes que se tornem peças de museu.
"The Wild Bunch" (1969), de Sam Peckinpah é muitas vezes considerado o último suspiro no território do western, mas o certo é que o território do velho oeste continuou a ser explorado com relativa afluência durante alguns anos. O caso de "Monte Walsh", obra de estreia de William A. Fraker, um pequeno western relativamente pouco conhecido, situa-se algures entre a fúria de "The Wild Bunch" e a calmaria de "McCabe & Mrs. Miller" (1971) de Robert Altman, mas ainda assim é um filme impressionante que beneficia muito da experiência de Fraker como fotógrafo, principalmente por ter fotografado filmes como "Rosemary´s Baby", "Bullit" ou "Paint Your Wagon".
Fraker pinta um retrato do velho Oeste que é ao mesmo tempo romantizado e surpreendentemente decrépito. Como era costume nos westerns da época, a fronteira parece sempre bonita, mas os personagens não parecem entender a sua beleza, apenas tentam sobreviver num ambiente implacável.
Contracenando com as duas estrelas principais, Lee Marvin e Jack Palance, vamos encontrar Jeanne Moreau,numa das suas primeiras incursões pelo cinema americano.

Nevada Smith (Nevada Smith) 1966
Velho Oeste, final do século XIX. Sam Sand (Gene Evans) e a sua mulher, uma índia, são torturados e mortos por três pistoleiros, que acreditam que Sam escondia uma boa quantidade de ouro. O filho do casal, Max Sand (Steve McQueen), ficou tão chocado ao ver os corpos dos pais que decidiu que não queria que ninguém mais os visse assim, queimando a casa com os corpos lá dentro. Max decide vingar-se custe o que custar, mas não sabe disparar e nem sequer escrever ou ler. Além disso não sabe o nome dos assassinos, que viu apenas uma vez por breves instantes.
Embora as prequelas sejam consideradas uma idéia moderna, apenas o nome é uma invenção recente. "Nevada Smith", estreado em 1966, conta a história de um dos personagens do filme "The Carpetbaggers", lançado em 1964, com realização de Edward Dmytryk. Ambos os filmes são baseados nos eventos do livro de Harold Robbins, mas se no primeiro a personagem de Nevada Smith é interpretada por Alan Ladd, no segundo é Steve McQueen quem salta para o papel. Apesar da ligação, não é necessário nenhum conhecimento prévio para ver qualquer um dos filmes.
McQueen era um actor carismático e talentoso, aqui em fase claramente ascendente. "Nevada Smith" funciona mais como um filme veículo do talento do actor, com uma realização segura de Henry Hathaway. O elenco de apoio também era de muito valor: Karl Malden, Brian Keith, Arthur Kennedy, Janet Margolin, Martin Landau, entre outros.

Os Comancheros (The Comancheros) 1961
Em 1843 um capitão dos Texas Rangers, Jake Cutter (John Wayne), captura o jogador Paul Regret (Stuart Whitman), que teve o azar de matar em duelo o filho de um juiz. Jake encaminha Paul para a sua cidade e durante a viagem os dois unem-se para acabar com os comancheros, brancos que vendem armas e bebidas para os índios.
"The Comancheros" foi o último filme do realizador Michael Curtiz, que faleceu no ano seguinte. Supostamente Curtiz estava constantemente doente durante a produção do filme, e Wayne teve de substitui-lo em algumas cenas, embora não apareça creditado como tal. O filme é basicamente um veículo para John Wayne, com um argumento pouco inspirado. Mas tem um ponto forte muito interessante: a introdução do cowboy bêbado de Lee Marvin, que teve continuação em filmes como "The Man Who Shoot Liberty Valance", "Cat Ballou" ou "Paint Your Wagon". Quando chegada a altura de "Cat Ballou" Marvin já era muito bom neste papel, ao ponto de ter ganho um Óscar por interpretar esta personagem.
como entretenimento funciona bastante bem.
Imdb

1 comentário:

Emanuel Neto disse...

"O Pistoleiro do Diabo" é sem dúvida um dos melhores westerns de Clint Eastwood. Há quem diga que Clint se inspirou num outro western italiano, "Django il Bastardo", já que em ambos os filmes o protagonista é de facto um fantasma.
Sinceramente, não sei se será verdade.