Deixamos para o fim este capítulo, talvez por ser o mais esperado, o mais desejado. Isto porque os anos 80 foram a década da ficção científica, dos efeitos especiais, dos blckbusters de efeitos especiais. Houve muita coisa nesta década: saga Star Wars, "Terminator", "Blade Runner", "Robocop", James Cameron, saga "Regresso ao Futuro", "Predador", "saga "Mad Max"... Já sabem que se era isto que esperavam para este capítulo, estão bem enganados. A minha selecção foi dos seguintes 12 filmes...
Mark 13, o Exterminador (Hardware) 1990
Moses "Hard Mo" Baxter (Dylan McDermott) é um ex-soldado que passa grande parte do tempo a vaguear pelo deserto pós-apocalíptico cheio de detritos radioativos de guerras anteriores. Ele recolhe partes de um android para que a sua namorada Jill (Stacy Travis), que é escultora, possa utilizar como matéria prima na sua arte. O que eles não sabem é que o robot desmontado é um controverso protótipo de um droid de batalha chamado M.A.R.K. 13 cuja função é remontar-se a si próprio com materiais disponíveis caso fosse danificado em combate. Em pouco tempo, ele conserta-se usando as peças das esculturas de Jill e volta a cumprir a sua missão inicial: matar todos os seres humanos.
Não há forma de negar que "Hardware", de Richard Stanley, vai buscar inspiração ao franchise de "Terminator", e a toda uma vaga de "thrillers" pós-apocalipticos onde o mundo tinha sido enviado para o inferno, e os que sobreviveram viviam sob um cobertor de poeira e lixo, mas o económico filme de Stanley, sobre um robot assassino revivido numa fúria destruidora no interior de um apartamento, tem decididamente uma atmosfera Orwelliana.
Um certo sabor britânico emerge no filme, apesar de ter dois protagonistas americanos para satisfazer os produtores americanos Bob e Harvey Weinstein, que mandaram que o cenário fosse num lugar sombrio no submundo americano. E embora não se encontre efeitos digitais nesta realização de Stanley, é um "thriller" muito bem feito, com alguns efeitos especiais bem chocantes e um certo nível de nudez que fizeram que o filme fosse feito para um público X-Rated.
O Flagelo do Século (Threads) 1984
A União Soviética avança sobre o Irão para transformá-lo num país soviético. Os EUA, o Reino Unido e outros membros da Nato condenam o acto de agressão e várias acções militares começam a acontecer. A União Soviética então faz um ataque nuclear contra a Inglaterra sem aviso destruindo parte do país. O pior vem depois: o caos, a falta de água, comida, eletricidade são os maiores desafios dos sobreviventes.
De todos os filmes sobre o holocausto nuclear este emerge não só como dos melhores, como também o mais brutal, incansavelmente e impiedosamente realista. Na verdade, é mais um documentário do que um filme de ficção, e essa talvez seja uma das suas falhas, mas o terror e os horrores tão indiscritivelmente intensos e perturbadores. É uma descrição britânica sistemática sobre o que acontecerá se uma guerra nuclear explodir, focalizando-se nos moradores de Sheffield desde os dias antes do ataque, até uma década depois, quando a humanidade está reduzida a sobreviventes animalistas, com quase nenhuma esperança. O ataque em si é fascinante, no seu intenso terror, apoiado pela ciência e uma narrativa educacional, concentrando-se masoquistamente apenas nos piores cenários, saltando de uma cena pesadelo para outra, sem nos dar muito a conhecer as personagens e sem desenvolver muito a história.
Realizado para televisão por Mick Jackson, teve lançamento em Portugal no formato VHS.
A Setenta Minutos do Fim (Miracle Mile) 1988
Anthony Edwards atende um telefonema numa cabine telefónica, no qual um homem lhe diz que a Guerra Nuclear acabou de começar e que uma bomba atómica chegará à sua cidade dentro de 70 minutos. Uma onda de pânico invade a cidade, devido ao rumor sobre este perigo nuclear, e Anthony tem pouco tempo para procurar salvar a sua namorada e fugir da cidade.
Estreitamente falando este não é um filme surreal. Por outro lado até é, porque haverá algo mais surreal do que o fim do mundo? Este é daqueles filmes, tal como "Cloverfield", que é melhor ver sem saber muito acerca dele em avanço. Mas também é um filme de culto, no sentido que polariza o público, obringando-o a odiá-lo ou a amá-lo.
Seria o segundo filme de Steve de Jarnatt no território da ficção ciêntifica, depois de se estrear com "Cherry 2000" no ano anterior, um dos filmes que revelou Melanie Griffith. Angustiante esta pequena produção, que foi exibida em diversos festivais, como Sitges, Sundance ou os Independent Spirit Awards.
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