sábado, 1 de outubro de 2016

Matar ou Não Matar (In a Lonely Place) 1950

Dixon Steele (Humphrey Bogart) vê-se envolvido num crime do qual é o principal suspeito, mas a sua amável vizinha Laurel Gray (Gloria Grahame) proporciona-lhe um álibi. A amizade deles rapidamente se transforma em amor. Mas será que a desconfiança, as dúvidas e os demónios internos de Steele vão atrapalhar esta relação?
Normalmente considerado um dos melhores filmes de Nicholas Ray, "In a Lonely Place" (1950) apresenta aquela que é provavelmente a melhor interpretação de Gloria Grahame (casada com Ray na altura), e mostra-nos um lado de Bogart que raramente foi explorado na tela - um homem no ponto de ruptura, incapaz de conter por muito mais tempo a raiva reprimida de toda uma vida. De acordo com Goeff Andrew, autor do livro "The Films of Nicholas Ray", "In a Lonely Place" é tanto um produto dos anos em que foi feito (a paranóia, desconfiança e traição que retratavam a Hollywood no tempo da "caça ás bruxas"), e um característico estudo de Ray sobre a destruição de um romance idealista entre estranhos solitários, pelas duras realidades do mundo à volta deles. Infelizmente Ray e Grahame estavam no meio do processo de separação, mas mativeram os seus problemas fora do local de trabalho com medo que o estúdio pudesse substituir Ray. Como resultado, é bem possível que a relação dos dois personagens principais fosse o espelho da relação entre Ray e Grahame.
Produzido pela Santana, a própria companhia de Bogart, era baseado no livro de Dorothy B. Hughes, que contava a história de um serial killer do ponto de vista do assassino. Mas, em 1949, os censores americanos nunca consentiriam uma versão cinematográfica do livro de Hughes sem uma grande revisão. Então, o argumentista Andrew Solt preparou a história para Hollywood, deu a Dixon o trabalho de argumentista, e evitou a representação de quaisquer assassinatos na tela, com uma excepção. Ainda assim, Ray fez mais alterações ao argumento, renovando o final.
Ray disse que o filme era muito pessoal para si. O local das filmagens fora o sitio onde começara a viver em Hollywood. Era também o seu segundo filme com Bogart. As criticas foram muito boas, apesar de não ter sido um sucesso de bilheteira. Era uma desmitificação radical do clássico herói de Bogart, um dos exemplos mais brilhantes de uma reavaliação critica de um actor, e da sua personagem na tela, sendo também um dos principais papéis de Bogart.  

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