sábado, 22 de outubro de 2016

A Rapariga Daquela Noite (Party Girl) 1958

Em "Party Girl" (1958), uma mistura invulgar de film noir com musical, Robert Taylor interpreta um advogado vagamente baseado na vida de Dixie Davis, o advogado do mafioso Dutch Schultz, que mais tarde se tornou informante da polícia. No filme, Taylor torna-se rico ao libertar o gangster interpretado por Lee J. Cobb, de uma acusação de assassinato e violação. Ele gosta de se aproveitar da sua perna aleijada para conquistar a simpatia do júri. Também tem um casamento infeliz com uma mulher que ele próprio repela. Conhece uma showgirl interpretada por Cyd Charisse, e apaixona-se.
Para a MGM produzir "Party Girl" era, principalmente uma forma de justificar os altos salários de Taylor e Charisse, as duas últimas estrelas de contracto no estúdio. Depois deste filme, as duas estrelas ficaram libertas do estúdio (embora Taylor voltasse a filmar mais dois filmes isolados. O argumento da história de gangsters era muito comum na altura, mas a inclusão de dois números musicais e a memorável imaginação visual de Nicholas Ray, levaram o filme para outro nível.
Taylor tinha agora 47 anos, e já fazia 24 que estava na MGM (apenas Lewis Stone ficou lá por mais tempo, 29). Tinha começado a carreira como protagonista em papéis românticos, mas na década de 50 amadureceu bastante como actor. Já Cyd Charisse, a quem Fred Astaire uma vez chamou de "beautiful dynamite," era uma vitima do timing. Uma dançarina impressionante e talentosa em muitos musicais da MGM, tinha o problema destes agora começarem a ficar fora de moda.
Nicholas Ray tinha grande facilidade em combinar sequências de acção violentas com outras de profunda ternura, facto que se tornou numa das suas imagens de marca, e isso está bastante em evidência em "Party Girl", que no entanto não foi uma boa experiência para o realizador. Ray teve problemas com os produtores independentes dos seus dois últimos filmes, "Bitter Victory" e "Wind Across the Everglades", e estava a marcar território para conseguir regressar a outro grande filme de estúdio. Tinha a vantagem de ter vivido em Chicago durante os anos da proibição, estando por isso mais apto a capturar o sentimento e a música da época. Mas quando entrou no projecto reparou que o argumento já estava terminado, e não lhe seria possível fazer grandes alterações. Para além disso a MGM disse não a se usar música da época porque isso poderia limitar as audiências do filme. Mesmo assim o filme ainda tem muitos toques de Nicholas Ray, e apesar de não ser dos seus melhores filmes, ainda é uma obra muito interessante deste realizador. 

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