Murukami (Toshirô Mifune), um jovem detetive de homicídios, é roubado nos transportes públicos e perde a sua pistola. Atordoado e envergonhado tenta recuperar a arma, mas não obtem sucesso até ter a ajuda de um detetive mais velho e mais sábio, Sato (Takashi Shimura). Juntos, irão rastreiam o culpado.
"Com mesclas do noir americano e uma bela referência a um filme de King Vidor, Cão Danado (1949) aparece como a provável primeira grande obra de Akira Kurosawa, um penúltimo passo (se excluirmos Escândalo, seu filme seguinte) antes de sua obra-prima primeva, Rashomon.
A construção relativa acima certamente se aplica a muitos leitores e fãs do “Luminoso”, mas no meu caso, ela é menos nebulosa, pois contemplo Cão Danado como um verdadeiro filme-trampolim para o Kurosawa Master dos anos 1950, e entendo-o realmente como a primeira grande obra do cineasta japonês.
Em Cão Danado, já é possível perceber um amadurecimento patente das nuances mais recorrentes de Kurosawa, como o trabalho com a matéria natural (em especial, a chuva), a disposição em múltiplos ângulos no mesmo cenário, e o lado sentimental e humano que se faz presente em qualquer situação. Neste caso, a postura passional de um jovem investigador de polícia é quase toda a matéria do filme, e o drama policial gira em torno de um tormento particular e da criminalidade na periferia de Tóquio.
Duas das primeiras coisas que se destacam no filme são a fotografia e a direção de arte, que logram transmitir uma forte sensação de calor ao espectador (o filme se passa durante dias terrivelmente quentes), bem como de uma “poluição visual” do cenário, sempre com takes em ambientes abarrotados de coisas, e em sua maior parte, muito pequenos, intensificando ainda mais a sensação de calor e dando espaço para uma interpretação claustrofóbica da história que está sendo contada. Ambos os setores técnicos foram premiados no Mainichi Film Concours de 1949, que também deu a Fumio Hayasaka o prêmio de melhor trilha sonora e a Takashi Shimura o de melhor atuação (também por seu papel em Duelo Silencioso)."
Texto de Luiz Santiago, podem ler mais aqui.
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