A história, tirada de uma novela de Taijiro Tamura, centra-se à volta de um grupo de prostitutas, que se uniram por entre as ruínas da cidade de Tóquio, para sobreviverem. Trabalham sem chulos aderindo a um rigoroso conjunto de regras, a mais importante das quais é que nunca podem dormir com um homem de graça. No mundo delas o amor e o sexo são rigorosamente separados, e na verdade, é mais do que isso: o amor não é uma possibilidade, e se alguma delas quebrar essa regra será brutalmente espancada, humilhada, e expulsa do grupo para sempre.
O dia a dia destas mulheres é interrompido com a chegada de duas personagens. Primeiro chega Maya, uma jovem de 18 anos (interpretada pela estreante Yumiko Nogawa), uma jovem desesperada e obrigada a roubar para sobreviver. Ela não é como as outras, tem um ar muito inocente, mesmo quanto sentimos que ela esconde algo muito mais obscuro. A segunda chegada é a de Shintaro Ibuki (interpretado pelo habitual de Suzuki, Jo Shishido), um ex-soldado japonês, possivelmente psicopata, que se esconde no meio das prostitutas, porque é procurado por esfaquear um soldado americano. Também é procurado pela ligação a um assalto, do qual pode ou não estar a esconder o produto do roubo...
Tal como o título sugere, há abundância de elementos chocantes e de exploitation em "Gate of Flesh". Na verdade, para um filme japonês feito em meados da década de sessenta, é surpreendentemente explícito na sua mistura entre sexo e violência, embora Seijun Suzuki tenha uma grande habilidade em sugerir muita nudez, sem, na verdade, mostrar muito. No entanto, apesar de parecer ser um filme simplista, transmite um olhar bastante agudo sobre as dificuldades enfrentadas pelo Japão na esteira da Segunda Guerra Mundial, e sobre a essência melodramática do amor proibido.
"Gate of Flesh" também beneficiava do estilo visual único de Seijun Suzuki, como era habitual nas obras deste autor. Não é dos seus filmes mais conhecidos, mas é dos melhores deste período.
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