Hoje em dia Yasujiro Ozu já não é um nome desconhecido para os países ocidentais, mas durante muito tempo, este que hoje é considerado o "mais japonês dos realizadores japoneses", foi ofuscado internacionalmente pelos épicos de Akira Kurosawa, cujo cinema era mais orientado para a acção.
Por contraste, Ozu era quase desconhecido fora do país até à década de cinquenta, altura em que lançou filmes sublimes como "Viagem a Tóquio", que eram impossíveis de passar despercebidos. O estilo de Ozu era calmo, contemplativo, e filmado com shots sem movimento, que acabaria por influenciar muitos realizadores na posterioridade.
Nos anos 30 Ozu não era assim. Antes do som chegar ao Japão (por volta de 1936), Ozu fazia filmes com ritmos furiosos. Durante este período ele fez três filmes de gangsters, que foram o mais próximo que se podia chegar dos filmes negros: "Walk Cheerfully", "That Night’s Wife" (ambos de 1930) e "Dragnet Girl" (1933). Estes três filmes foram lançados em 2013 pelo British Film Institute, e deixaram o mundo boquiaberto, por serem exactamente o oposto ao que se conhecia do realizador. Em "Dragnet Girl", por exemplo, os actores vestem roupas ocidentais, falam na gíria habitual do submundo americano, as poses de durões são reminiscentes dos durões de Hollywood, como James Cagney e Edward G. Robinson, e parecem quase típicos filmes de gangsters americanos.
Todos estes filmes eram mudos, claro, embora haja partituras musicais compostas para cada um dos filmes por Ed Hughes, todas elas bastante eficazes na sua intenção e execução. Nos próximos dias faremos aqui uma pequena viagem por estes filmes, um pequeno ciclo dentro do ciclo do Film Noir Japonês, em que serão introduzidas estas três obras. Fiquem atentos, portanto.
- "Walk Cheerfully" (1930)
- "That Night’s Wife" (1930)
- "Dragnet Girl" (1933)
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