sexta-feira, 4 de março de 2016

Nós por cá Todos Bem (Nós por cá Todos Bem) 1978

Uma equipa de filmagem dirige-se à Várzea dos Amarelos, de visita à mãe do realizador, onde fixa alguns momentos da vivência local e escuta a velha senhora. Com o documentário cruzam-se evocações (ou fantasias) ficcionais biográficas.
"Depois de "Uma Abelha na Chuva" havia que esperar mais, é certo. Só que Fernando Lopes, apostando na fusão do directo (ver "Belarmino")  e da ficção (ver "Abelha...") não foi capaz de um sólido ponto de vista e sobretudo não caminhou por terrenos que pudesse escavar com a percutência do seu trabalho anterior.
Escolhendo, para protagonista do filme, a sua própria mãe, enveredando por um certo tom confessional, Lopes indecide-se entre o pudor afectivo e a distância documental, tal como não resolve a ambivalência entre uma suposta verdade do directo e e um relativo visionarismo da ficção.
Os limites do filme são o somatório dessas não ultrapassadas contradições. Mas as potencialidades (a verdade que ele traduz) estão exactamente nesse campo. Entre um país e uma memória, um passado e um presente, Portugal/1976 era o território da dúvida, incertezas. "Nós por cá Tudo Bem" reflecte-o.
A reter: a cenografia de Jasmim (sobretudo a cozinha e o bordel): as canções de Sérgio Godinho; nos actores: Zita Duarte e a breve (fulgurante) aparição de Lia Gama." JLR

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