Uma jovem e inexperiente actriz é convidada para um papel num filme, baseado numa peça de Dostoiévski, "Os Possessos". O realizador é um checo imigrante em Paris, que toma conta da sua vida, e em pouco tempo ela é incapaz de separar a ficção da realidade. Ela acaba por desempenhar esse papel na vida real, posando como a esposa falecida de outro imigrante checo, que é manipulado pelo realizador a cometer um assassinato político.
Mais de 30 anos depois da sua controversa estreia no Festival de Cannes esta história continua a reter o poder de chocar, até o mais experiente dos cinéfilos, graças ao seu ambiente violentamente elegante, e tom apocalíptico. O destino de uma mulher dividida entre anjo e demónio. Quase duas horas de uma felicidade dolorosa, "La Femme Publique" mexe-nos com a alma, e seduz-nos como o turbilhão que cada um de esconde dentro do seu subconsciente. Andrejz Zulawski não é um homem de palavras, ele joga e faz malabarismos com a imagem, a cor, o ritmo, o som, a música, e essa falta de vergonha que ele rouba aos actores de forma inexplicável. Entre humor e paroxismo, "La Femme Publique" é uma experiência metafísica fascinante, com um grau de intensidade que precisa de ser visto para ser acreditado.
Na altura da estreia dividiu um pouco as opiniões, com alguns críticos a considerarem o argumento confuso. De acordo com Zulawski, a história original era mais íntima, e então ele pediu ao co-argumentista e autor original, Dominique Garnier, para adicionar uma subtrama política. No papel central tínhamos Valérie Kaprisky, um sex symbol dos anos 80, que no ano anterior se tinha destacado em "Breathless", remake do filme de Godard, "A Bout de Soufflé".
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