O mundo, a vida e o trabalho de Jaime Fernandes, camponês nascido na freguesia do Barco (Covilhã - Beira Baixa), atingido por doença fatal (esquizofrenia paranóica), aos 38 anos. Internado no Hospital Miguel Bombarda (Lisboa), ali morreu em 1967, com 69 anos. Aos 65 anos, começara a pintar e, durante esse curto período de tempo, até à sua morte, realizou uma obra pictórica genial, influência do meio social e hospitalar.
Jaime, doente psiquiátrico, busca, no seu labirinto interior e no exterior que o rodeia, a harmonia que lhe escapou: o sentido das origens, as imagens do seu passado distante, as presenças de um universo ausente, o das terras de Barco, da Beira Baixa, que cedo a cidade lhe roubou. Busca isso nos desenhos que desenha, nas pinturas que pinta. E assim descobre, na força dos traços e no enigma das cores, aquilo a que teve de renunciar: ele próprio, num lugar que deixou de existir. Existir e não existir, real e imaginário são formas de ser que só pela imagem ele consegue fazer viver. Homem sombra no meio das sombras, flamejando: perfis, cores, gritos. A clausura total dentro do espelho.
No ano da Revolução portuguesa de 1974, uma revolução no cinema português, Jaime, uma obra-prima da curta metragem no formato documentário pelo poeta, auto-didata e artista António Reis. Jaime, poema de sofrimento e solidão, uma obra única não só no cinema novo, como também no cinema português em geral.
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