quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

To the Stars by Hard Ways (Per Aspera Ad Astra) 1981

Uma missão espacial encontra uma nave extraterrestre não identificada. A bordo da nave, a tripulação encontra uma mulher, pelos vistos a única sobrevivente de alguma tragédia. De volta à Terra, os cientistas tentam descobrir se Neeya é humana ou um ser criado artificialmente, já que ela não se lembra de quem é. O cientista Serjioja Lebedev oferece-se para abrigá-la na sua casa de campo, onde ela vem a descobrir muitos aspectos sobre o mundo humano. Um lenta ligação começa a crescer entre ela e o filho de Lebedev...
Com a excepção de "Solaris" de Tarkovsky, a ficção científica soviética tem um historial de ser mal tratado no ocidente, e "To the Stars by Hard Ways" não é excepção. O filme teve o azar de caír nas mãos ruinosas de Sandy Frank, que mandou fazer uma dobragem totalmente desordenada, para depois ser exibido na televisão americana com o nome de "Humanoid Woman".
Na união soviética, não surpreendentemente, as coisas seriam diferentes. Escrito pelo popular autor de ficção científica Kir Bulychyov, foi um sucesso crítico e de público nos dias do seu lançamento, e depois da queda do comunismo, tornou-se num filme de culto entre os jovens cinéfilos. Esta renovada popularidade provocou o sucesso de uma versão restaurada do filme (projecto de Nikolai Viktorov, filho do realizador original Richard Viktorov) em 2001.
"To the Stars By Hard Ways" era baseado numa curta história de Bulychyov chamada " Difficult Child". Nesta história um jovem humanoide é encontrado no espaço como fazendo parte de um grupo de humanoides semelhantes que foi enviado à Terra na esperança que eles possam sobreviver à morte do seu planeta natal, e possam assegurar a continuação da sua espécie, ainda que em menor escala. No entanto, a sua integração nas famílias terrestres parece ser mais difícil do que ele pensava. "To the Stars By Hard Ways" vai buscar a semente da história de Bulychyov, e expande-a substancialmente. Tanto no livro como no filme é possível ler trechos autobiográficos do autor. Enquanto jovem, Bulychyov viveu os horrores de Stalin, e as dificuldades da Segunda Guerra Mundial. A sua mãe era uma engenheira química que foi designada para uma fábrica de munições, e, mais tarde, foi enviada para um laboratório de medicina experimental, onde conheceu e casou com o seu segundo marido, ele próprio um químico. Os seus pais serviam como modelo para a família soviética perfeita na história. 
A mãe de Bulychyov cultivou-lhe o interesse na ficção científica, assim como na ciência, oferecendo-lhe comics que depois o incentivaram a entrar no mundo da tradução e da escrita. Enquanto trabalhava num projecto na Birmânia Bulychyov encontrou uma série de livros de ficção científica deixados por soldados ingleses, e a partir daqui iniciou uma carreira no ramo da escrita de ficção científica, sempre a desafiar a censura, ou pior, ou a pisar a linha. Nunca se juntou ao sindicato dos escritores, nem ao Partido Comunista, mesmo sabendo que quem não o fazia estava sujeito a morrer. Esta colaboração com Richard Viktorov é um ponto alto na carreira de ambos. 

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