Uma absurda viagem pelo tempo em que um homem inocente se torna prisioneiro dos fantasmas do passado stalinista. Ele não consegue mais sair da cidade onde foi realizar uma inspeção rotineira de engenharia. Lá, é acusado de crimes não cometidos e, em contraponto, confundido com o filho de um antigo inimigo do povo que dançou o primeiro rock da aldeia, nos anos cinquenta.
Cruzamento de "Alice no País das Maravilhas" com Franz Kafka, nesta comédia sombria de Karen Shakhnazarov, chamada "Cidade Zero", uma sátira mordaz sobre um sistema soviético resolutamente acorrentado à inércia e burocracia contra os ventos da mudança que vão soprando. Shakhnazarov diverte-se a criticar facções opostas dentro do sistema soviético - aqueles que querem a mudança, e os que não querem - usando o pesadelo Kafkiano de Aleksei e o absurdo dos acontecimentos. O filme é tanto um símbolo da nova abertura do final dos anos 80 na antiga URSS, como um sinal das coisas que estavam por vir, onde o nacionalismo regional se sente inquieto ao lado de uma identidade colectiva onde a burocracia frustrada com ineficiência é o elefante ignorado na sala, e onde a propaganda sistemática torna impossível separar os factos da ficção.
Com imagens de um passado pesado e um futuro indeterminado, baseado tanto nos contos folclóricos e nas formas mais modernas de absurdismo, o filme de Shakhnazarov é um verdadeiro marco no campo da ficção da antiga união soviética, e do cinema feito no final dos anos 80.
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