Anatomia do Golpe (The Grifters) 1990
Lilly (Anjelica Huston) trabalha para um gangster e aposta o dinheiro dele em corridas de cavalos. Afastada há muitos anos de Roy (John Cusack), o seu filho, decide reencontrá-lo, provocando reações de amor e ódio. Torna-se rival da sua namorada, Myra (Anette Benning), o que faz disputar o amor do próprio filho.
Um film noir moderno, absorvente e muito bem interpretado, retirado de um obscuro livro de Jim Thompson, e adaptado para o cinema por Donald Westlake. Os personagens são complexos, as situações do filme são bastante autênticas, enquanto que o objectivo do filme parece enigmático, ainda que pareça fascinante.
Realizado pelo britânico Stephen Frears, era a segunda vez que dirigia em território britânico, e com sucesso, depois de "Dangerous Liaisons", de dois anos antes. "The Grifters foi lançado quase ao mesmo tempo no cinema que outras duas obras de Thompson, "Kill Off", de Mary Greenwald, e "After Dark, My Sweet", de James Foley. Contudo, o marketing da Miramax, e a presença muito publicitada de Martin Scorsese como produtor executivo, levaram o filme a ser um sucesso crítico e a conseguir quatro nomeações para os Óscares em categorias importantes: Anjelica Huston, Anette Benning, realizador e argumento. Mesmo assim alcançou resultados de bilheteira modestos.
Diva e os Gangsters (Diva) 1981
Jules, um jovem carteiro apaixonado por ópera que está particularmente fascinado pela voz de uma diva, que raramente se apresenta e não permite que os seus cânticos sejam gravados. Levado pela sua obsessão, ele faz uma gravação pirata durante um de seus espetáculos, tornando-se alvo de perigosos gangsters.
Ao vermos "Diva", de Jean-Jacques Beineix, é difícil não pensarmos em outros filmes, como "Janela Indiscreta", de Alfred Hitchcock ou "Blowup" de Michelangelo Antonioni, este "thriller" francês é um filme sobre ver filmes.O que é impressionante em "Diva" é a integridade dada aos personagens, e a relutância em repetir outras personagens em filmes do mesmo género.
Seria a primeira obra de Jean-Jacques Beineix, e conseguia logo algum reconhecimento internacional, ao ser nomeado para Melhor Filme em Lingua Estrangeira, nos British Awards, num ano em que concorria com diversos tubarões, como Francesco Rossi, Wolfgang Petersen ou Werner Herzog. Cinema francês em VHS era uma coisa rara, mas este filme de Beineix era imperdível.
A História de um Soldado (A Soldier´s Story) 1984
No final da Segunda Guerra Mundial o Capitão Davenport (Howard E. Rollins, Jr.), um orgulhoso negro, advogado do exército, é mandado ao Fort Neal, Louisiana, para investigar o brutal fuzilamento do Sargento Waters (Adolph Caesar). Em entrevistas com os soldados, Davenport percebe que o Sargento era um bêbado servil dos brancos, renegando as suas próprias raízes. Seria o assassino um intolerante oficial branco? Ou poderia ter sido um soldado negro, amargurado pelas constantes ofensas raciais de Waters?
Dirigido por Norman Jewison, baseado numa obra de Charles Fuller vencedora de um prémio Pulitzer, é uma história sobre racismo e segregação num regimento de negros no exército dos Estados Unidos, num tempo e lugar onde um oficial negro não tem precedentes, e os negros eram amargamente ressentidos por quase todos.
Foi um filme dificil de se produzir, mesmo tendo em conta que o realizador Norman Jewison era um peso pesado em Hollywood, já com várias nomeações aos Óscares. Várias produtoras recusaram o filme, até que alguém da Columbia leu o argumento e resolveu produzir. Dado que o tema era tão arriscado só foi dado um orçamento a Jewison de 5 milhões de dólares, ao que ele acabou por aceitar, fazer o filme sem ter salário, para reduzir os custos. Acabou por ter um enorme lucro, rendendo quase 23 milhões nos cinemas, conseguindo ainda três nomeações aos Óscares, incluindo Melhor Filme e Actor Secundário, Adolph Caesar.
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