O final da década de oitenta, confirmou aquilo que já vinha a ser prometido há alguns anos: acção sem parar, aventuras em terrenos misteriosos e experiências cinematográficas novas, insólitas, mas de êxito além da exploração, mesmo em filmes sem qualidade, de padrões de êxito seguro.
"Os Salteadores da Arca Perdida" tinha sido o filme de acção por excelência, mas sete anos mais tarde a palavra acção seria levada a um novo extremo, com o filme de John McTiernan, "Assalto ao Arranha-Céus".
A prateleira dos filmes de acção era sempre das mais abrangentes, pois podia incluir policiais, filmes de ficção científica, guerra, dependendo um pouco do ponto de vista do organizador do clube de vídeo. E o VHS criou os seus próprios heróis de acção, mas a eles iremos falar num futuro capítulo deste ciclo, para já vamos conhecer alguns filmes de acção e aventura que nos deliciavam.
O Dragão do Lago de Fogo (Dragonslayer) 1981
Um rei fez um pacto com um dragão, através do qual este deixa o seu reino em paz em troca do sacrifício de virgens. Um velho feiticeiro e o seu jovem aprendiz voluntariam-se para matar o dragão e salvar a próxima virgem da morte, a própria filha do rei.
Nomeado para os Óscares pelos seus impressionantes efeitos especiais da Industrial Light and Magic, "Dragonslayer" foi um filme que teve dificuldade em encontrar um público, quando do seu lançamento nas salas de cinema, em parte por ter sido comercializado como uma fantasia infantil, com uma co-produção entre a Walt Disney e a Paramont. No entanto, a nudez, a violência, alguns momentos assustadores, e uma cena particularmente gore, assustaram os mais novos, principalmente os que gostavam de aventuras do estilo "Dungeons & Dragons". Mas, "O Dragão do Lago de Fogo", acabaria por ganhar uma nova vida depois de lançado em vídeo, tornando-se num dos maiores sucessos dentro do género acção e aventura.
A realização estava a cargo de Mathew Robbins, e a dupla caçadora de dragões era formada por Peter MacNicol (estreia no cinema) e Ralph Richardson.
Firefox (FireFox) 1982
Os céus nunca viram nada parecido. Voa a uma velocidade 6 vezes maior que a do som, não é detectado por radares e o seu sistema integrado de armas - adaptável a armamento nuclear - é operado pelas ondas do pensamento do piloto. É a máquina de guerra mais devastadora já construída, de nome do código Firefox. Mas o Firefox pertence aos russos e para manter o equilíbrio do poder mundial, o Ocidente precisa de roubá-la. Clint Eastwood é o piloto americano escolhido para o trabalho.
Antes da reviravolta na sua carreira, com "Bird"(1988), e "Unforgiven" (1992), Clint Eastwood era um herói dos filmes de acção, por várias vezes, como aqui, dos dois lados da câmara. "Firefox" é um desses filmes, com efeitos especiais da autoria de Chuck Gaspar, o mesmo de "Ghostbusters", "Beetlejuice", "Lethal Weapon" ou "Armageddon".
É um filme político de uma ponta à outra, sendo impossível discuti-lo de outra forma. É um exemplo de uma série de filmes em que a glória do equipamento hi-tech era exaltada, um sub-género militar-industrial, que curiosamente chegaria aos cinemas com Regan no poder. Outras obras deste sub-género eram "Blue Thunder", "Wrong is Right" e "Deal of the Century".
Robin dos Bosques (Robin Hood) 1991
Na Inglaterra dividida do século XII, os normandos governam duramente, enquanto os saxões se expõem a enormes perigos para contestar a sua autoridade. Um nobre saxão, após um acto de bravura, torna-se vítima da justiça normanda e perde as suas terras além do título de nobreza. Rotulado como fora da lei sob a identidade de Robin Hood, engana os seus rivais, conquista o amor de Lady Marian e transforma-se no grande herói do povo saxão.
O verão de 1991 foi quente, com a disputa entre dois filmes, sobre o fora-da-lei Robin dos Bosques. Dois filmes sobre o mesmo assunto num curto espaço de tempo não era bom sinal, um deles iria fracassar na bilheteira. De um lado esta uma produção de Kevin Reynolds, com um Kevin Costner acabadinho de saír dos Óscares de "Dança com Lobos", e um budget de 48 milhões, um número considerável para aquele época. Do outro lado estava esta produção de John McTiernan, que esteve para realizar, mas acabaria por passar apenas para produtor, quando se apercebeu que não tinha hipóteses de competir com Kevin Costner. John Irvin ficaria na cadeira de realizador, e sem orçamento para uma estrela de primeira linha, o papel principal será de Patrick Bergin, com o papel de Lady Marian a ir parar a Uma Thurman.
É um filme muito fiel à história original, e também ao ambiente da época, mas seria completamente ignorado, e derrotado pelo filme de Kevin Costner, que até é bem inferior.
A Força dos Punhos (Three O'Clock High) 1987
Jerry Mitchell está a ter um dia daqueles: atrasou-se para a escola, o seu carro tem um pneu furado e o professor mandou-o para a sala do diretor da escola. Só que o pior ainda está por vir. Quando ele precisa de passar na casa de banho, tem o azar de tropeçar em Buddy Revell, o valentão recém-chegado à escola. Ao se desculpar, Jerry dá um tapadinha ao de leve nas costas do rapaz... Terrível erro! Buddy não suporta ser tocado e desafia-o para uma briga às três da tarde, no estacionamento da escola. Em pânico, Jerry pede ajuda à sua irmã mais nova e, juntos, eles precisam de pensar numa maneira de evitar o confronto, já que ele é um covarde de primeira. O tempo passa e as opções de Jerry vão ficando cada vez menores.
"Three O’Clock High" procurava uma resposta que vinha a atormentar os cinéfilos durante gerações: o que aconteceria se John Hughes fizesse um filme sobre "The Trial", de Franz Kafka? A resposta é alternadamente surreal, engraçada e surpreendente. Poderia ter corrido mal, mas o realizador Phil Joanou, na sua primeira obra, e o jovem Casey Siemaszko, conseguem manter um ar de honestidade emocional por todo o filme. Não importa o quão estranhas as circunstâncias se tornem, é fácil nos relacionarmos com a crescente ansiedade do personagem de Siemaszko.
Não deu nas vistas nas salas de cinema, mas tornou-se num êxito dos clubes de vídeo.
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